Beidou, o sistema de posicionamento global Made in China

Décimo satélite da iniciativa chinesa entra em operação.

Thássius Veloso
Por
• Atualizado há 2 semanas

Foi o décimo satélite enviado para a órbita terrestre. No mês de dezembro, depois de mandar mais material satelital para o espaço sideral, o governo chinês dá início às operações do que eles chamam de Beidou. Trocando a primeira letra vira um nome feio em português, eu sei. Mas esse aí é o principal concorrente do Sistema de Posicionamento Global (GPS) do qual dispomos até o presente momento.

Ora, qual é o problema com o GPS que a gente conhece e tanto gosta? Aquele que está nos nossos celulares e nas coleiras de nossos cães (pet tecnológico é assim)? Toda a infraestrutura está sob controle do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América. Trata-se de um serviço disponível para qualquer um, é bem verdade, mas se der qualquer zica os americanos fazem o que bem quiserem. E claro que os chineses não gostam da ideia.

Por sua vez o Beidou, aparece como alternativa ao GPS americano, com direito a tecnologia Made in China bem como todo o envio de material satelital feito pelos próprios. Nada de ajuda de nações amigas. É chinês e pronto.

Estrutura do Beidou

O GPS deles começou a ser construído em 2000. Com a chegada do décimo satélite já dá para utilizar os recursos de localização (por triangulação), horário e navegação. Num primeiro momento, esses recursos estão disponíveis apenas para os chineses porque a cobertura dos satélites se restringe ao território (de proporções continentais) deles.

Futuros satélites devem entrar em órbita com a função de estender a cobertura do Beidou. Inicialmente adicionando regiões cobertas na Ásia, e se espalhando conforme a necessidade. Para o ano que vem o governo chinês confirmou o lançamento de mais seis satélites, totalizando 16. Quando a estrutura do Beidou estiver completamente pronta haverá 35 brinquedinhos Made in China sobrevoando sobre nossas cabeças para fornecer o serviço de posicionamento global. Isso deve ocorrer lá para 2020.

Com o Beidou, a China fica menos depende de tecnologia estrangeira principalmente para realizar suas decisões militares. Construindo um sistema próprio, eles sabem o que funciona e o que não funciona. Também sabem que não tem nenhum governo manipulando as informações – pelo menos não é para ter.

A China não é a única nação do mundo a construir um sistema de posicionamento próprio. Os europeus tentam a todo custo montar o Galileo (mesma coisa do Beidou). Alguns satélites estão em órbita, mas os europeus permanecem longe de terminar o projeto. Os russos, por sua vez, detém o GLONASS. Esse sim tem cobertura global.

Do jeito que o poder público brasileiro inventou de fazer um padrão próprio de televisão digital (ainda que derivado do japonês), não duvido que em breve aprovem um projeto bilionário para roubar o nosso dinheiro colocar no ar o sistema de posicionamento global brasileiro. Sugestões de nomes?

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

Relacionados