Anatel determina: Brasil inteiro terá nono dígito até 2016

Medida evitaria transtornos, segundo a agência

Lucas Braga
• Atualizado há 8 meses

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) definiu um novo rumo para o atual sistema de números de celular no Brasil. De acordo com a Folha de São Paulo, a agência determinou que todos os números de aparelhos móveis no Brasil adotarão o nono dígito, fato que já ocorreu no DDD 11 em julho desse ano. A agência diz que a regra do nono dígito deverá ser completamente implementada no país até dezembro de 2016.

Essa mudança é importante pelo aumento da demanda de linhas celulares. Em setembro, a telefonia móvel do Brasil fechou com 258,86 milhões de linhas. Nas áreas de maior teledensidade (número de linhas por habitante), a tendência é de que as numerações acabem, de forma que um dígito extra seja necessário para que o serviço de telefonia continue crescendo.

Confira abaixo o cronograma quando os estados receberão o nono dígito:

  • Até dezembro de 2013: São Paulo (interior);
  • Até dezembro de 2014: Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro e Roraima;
  • Até dezembro de 2015: Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.
  • Até dezembro de 2016: Acre, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Tocantins

Um fator que forçou essa decisão da Anatel é a grande quantidade de pessoas que têm mais de uma linha de celular, para aproveitar as promoções de todas as operadoras já que ter duas linhas pré-pagas pode ser mais vantajoso do que manter apenas uma. Outro fator que impulsionou foi a facilidade de venda de chips: atualmente, é possível comprar um SIM Card em bancas de jornais, padarias, farmácias e outros estabelecimentos.

Discadores do Android, iOS e Windows Phone com nove dígitos

Vejo isso como um tiro pela culatra: as operadoras vendem muitos chips e muitos deles ficam inutilizados, mas elas preferem postergar a limpeza de base inativa para manter uma melhor posição no market share. E mais: as tarifas de interconexão (chamadas para outras operadoras) são bem altas, o que diminui o tráfego de chamadas extra-rede para aumentar o intra-rede. Apesar disso ser muito barato para a tele, pode-se tornar um prejuízo com o que ela poderia ganhar em chamadas para outros celulares.

Se as operadoras fizessem uma limpeza de base, não atribuísse números celulares para terminais de dados como modens e máquinas de cartões de crédito (atualmente são 12 milhões dessas linhas) e, por fim, batalhassem pela diminuição da tarifa de interconexão, não haveria tanta necessidade de adicionar mais um dígito em todos os telefones celulares.

Esse tipo de mudança gera transtornos não só para a população, mas também para as operadoras, que precisam adaptar todos os seus sistemas e outras empresas e serviços que dependem do serviço celular – como o WhatsApp, que precisou modificar sua estrutura para a mudança no DDD 11. Imagina o quão trabalhoso seria alterar todos os DDDs do Brasil?

É por essas e outras que acredito que todos os DDDs deveriam ser alterados de uma vez só. Daria mais trabalho, mas é mais fácil acostumar um país inteiro de uma vez do que deixar soluções localizadas para cada lugar.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.