Na última terça-feira (25) a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a comercialização da tecnologia conhecida com PLC (Power Line Communications), o serviço de internet banda larga distribuída através da rede elétrica.
Agora as companhias elétricas acusam a Aneel de ceder às pressões da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), visando favorecer o DSL e o cabo, em detrimento do PLC. As reclamações acontecem porque, de acordo com as regras da Aneel, as empresas elétricas serão obrigadas a abrir uma oferta pública caso haja algum interessado em utilizar a sua rede elétrica para vender banda larga através da tecnologia PLC. A Aneel determinou ainda que 90% da receita gerada com a cessão da rede para transmissão de dados seja usada para abater o valor das trarifas, somente 10% desse dinheiro.
Para não ter que dividir essa receita, diversas companhias elétricas já tinham aberto subsidiárias de telecomunicações para quando o PLC fosse implantado.
Segundo Wanderley Maia, gerente de rede de energia da subsidiária de telecomunicações da Cemig, o repasse de 90% poderá encarecer o PLC ao consumidor. O coordenador de PLC da Copel Telecom, Orlando Cesar de Oliveira, teme que essa limitações tornem a tecnologia menos competitiva que as demais, oferecidas pelas operadoras de telecom tradicionais. Além disso, Oliveira questiona o risco de compartilhar a rede elétrica: “Nenhum país do mundo adotou esse modelo por uma questão de segurança da rede”, diz. “Além disso, nem a Anatel conseguiu promover o compartilhamento de redes entre as teles, e vamos começar fazendo logo no setor elétrico?”
Apesar das burocracias e disputas de interesse, o PLC é bastante aguardado pelos consumidores, pois traria velocidades de pelo menos 10 Mbps a preços até 50% menores que o DSL ou cabo. Além disso, a tecnologia também permitiria a cobertura quase total dos municípios brasileiros (98% dos domicílios têm rede elétrica), o que não acontece hoje, visto que as telecoms apenas têm interesse comercial em levar sua infra-estrutura a 62% deles. [Folha Online]