Testamos o Lenovo G400s Touch (ou: o Windows 8.1 funciona bem num notebook com touchscreen?)

Thássius Veloso
Por
• Atualizado há 11 meses

A Microsoft fez do Windows 8.1 o sistema operacional para computadores mais amigável aos dedos de todos os tempos – na concepção deles. Afinal, a Apple nem sequer se preocupa com isso no Mavericks. Por sua vez, o Linux permanece em estado vegetativo no mercado de PCs para pessoas comuns em participação de mercado. Quando a Lenovo mandou o notebook G400s Touch para análise, estava claro para mim que a pergunta era: vale a pena ter um notebook com display touch simplesmente para usar o Windows? Não, não vale.

Eis o Lenovo G400s Touch com tela sensível ao toque
Eis o Lenovo G400s Touch com tela sensível ao toque

Mas antes de abordar este assunto, permita-me falar do notebook em si. A máquina da Lenovo é sóbria no design, sem extravagâncias, mas também sem parecer um notebook supermoderno. Tem o desenho industrial clássico, construído em plástico com texturas de traços na vertical em toda a área no entorno do teclado.

A exceção fica na tampa e na parte de baixo, onde a fabricante adicionou uma agradável textura com pequenos quadradinhos em alto relevo. Ali também fica a marca da Lenovo. Pelo menos na unidade de teste que recebi, dava pra ver que o “Lenovo” metálico estava descolando. Não sei dizer se essa é uma reclamação recorrente para as pessoas que compraram o produto, mas é bom ter em mente que em algum momento aquela peça pode cair. Isso não é legal.

Vamos falar das portas e entradas do produto? Na lateral esquerda a gente encontra: o conector de eletricidade, uma saída VGA, uma porta Ethernet, uma porta HDMI e duas portas USB 3.0. Na parte da direta tem: saída de áudio no padrão de 3,5 mm, um slot multiuso para cartões de memória, uma porta USB normal, o drive de DVD (nada de Blu-ray) e, por fim, o slot para encaixar a trava no padrão Kensington.

Lateral esquerda do notebook
Lateral esquerda do notebook
Lateral direito tem leitor de DVD (ainda)
Lateral direita tem leitor de DVD (ainda)

Chamou minha atenção a presença de três portas USB. Algumas fabricantes reduziram a quantidade para duas, o que acaba criando a necessidade de carregar consigo um hub USB para simultaneamente usar vários gadgets conectados ao laptop. Esse problema não parece ser tão grave no G400s Touch. Daria para ligar um mouse, um teclado e um HD externo sem dificuldade. Ponto para os engenheiros da Lenovo. O VGA continua lá, embora moribundo. Deve ser também um ponto positivo, considerando-se a quantidade de projetores em salas de reunião e auditórios de faculdade que continuam usando essa interface. Felizmente, quase do lado tem o HDMI. Modernidade e período jurássico lado a lado. Poético, diz aí.

Trackpad

Passando ao trackpad, a interação com a máquina é tranquila. Ele funciona conforme o esperado, sem o suporte a dezenas de gestos com vários dedos ao mesmo tempo (por exemplo, abrir o indicador e o polegar para dar zoom). O notebook tem o display touch… portanto, a impressão que fica é de que não perderam tanto tempo adicionando um trackpad mais moderno.

Ele tem uma área pequenina se comparada com outros notebooks à venda no mercado. Fora isso, não tem aquela construção que faz do componente inteiro um grande botão. As pessoas não podem pressioná-lo para baixo – é tudo na base do toque mesmo. E vale adicionar que os dois botões físicos equivalentes ao botão da direita e da esquerda do mouse marcam presença. Estão muito bem delimitados.

Teclado

Lenovo G400s Touch - Teclado

E quanto ao teclado? Primeiro de tudo: não tem iluminação. A Lenovo que me desculpe, mas hoje em dia é um recurso fundamental o acender dos LEDs atrás do teclado conforme o ambiente vai escurecendo – eu toquei nesse mesmo assunto quando escrevi a análise do Samsung Ativ Book 6. Eu chamaria essa tecnologia de Lumus Keyboard se a tivesse inventado, inclusive. Tudo bem que o G400s Touch procura se encaixar em uma determinada faixa de preço e de mercado consumidor, mas poderia ter a iluminação traseira.

As teclas têm o tamanho certo e também a altura correta: o usuário percebe quando acaba uma e começa a outra só pelo tato. Reparei que o ruído ao pressionar as teclas é um tanto mais elevado do que em outros notebooks. Se o tec-tec-tec te irrita, sugiro brincar um pouco com a máquina na loja antes de encomendar. Sei que algumas pessoas são sensíveis com relação ao barulho das teclas, mas não chega a ser absurdo.

Display de 14 polegadas

Dá pra dizer com relativa segurança que o 1366×768 pixels é o novo 1024×768 pixels. A gente ainda engatinha no rumo de mais notebooks com display de alta densidade. Portanto, neste aspecto a Lenovo não tem muito o que fazer. É um monitor de 14 polegadas com essa resolução que entrega bem o que promete.

Quase não dava para ver as coisas na tela. A Lenovo disse que corrigiu o problema depois que a máquina foi devolvida.
Quase não dava para ver as coisas na tela. A Lenovo disse que corrigiu o problema depois que a máquina foi devolvida.

Minha ressalva fica por conta do ângulo de visão necessário para ver as imagens com o máximo de qualidade. Se você deixar o display num ângulo de 90 graus com a superfície, vai notar que o preto em filmes e jogo já perde um pouco dessa qualidade. Ele varia para algo mais próximo do cinza ou do azul. Não chega a distorcer completamente a imagem, mas também não é o ideal.

Ainda tem a distância entre o touchscreen e o painel LCD em si. A Lenovo informa no site oficial que o G400s Touch tem a tecnologia One-Glass Solution que faz com que esse vão seja menor. Imagine se não aplicassem a tal tecnologia! Novamente, são detalhes que podem passam despercebidos pela maioria dos usuários.

Um problema – aí sim, problema mesmo – é o controle de brilho do notebook. Não sei o motivo disso, mas o G400s Touch que a Lenovo me emprestou para teste não permite aumentar/reduzir a iluminação por meio do teclado. A combinação de Fn + F11 ou F12 simplesmente não produz o efeito desejado. Em vez disso, o dono da máquina deve ir à área de notificações, clicar no ícone de bateria e depois selecionar Ajustar o brilho da tela.

A Lenovo informou que esse problema é pontual na unidade que recebi para teste, vinda da Ásia. Uma atualização de driver corrigiu a falha, segundo a empresa.

Sobre o Windows num computador com display touch – um breve ensaio

windows-8-1-preview-tela-inicial

A Microsoft reimaginou o sistema operacional carro-chefe da companhia ao criar o Windows 8. Visual Moderno, com botões gigantescos e muito respiro do branco que adorna os elementos visuais. Parece que ele foi pensado especialmente para os dispositivos touch. Quer saber? O Windows 8.1 realmente é agradável de usar com o toque dos dedos. Entretanto, estamos longe de ter isso como uma killer feature.

É legal alternar os aplicativos em execução ao arrastar o dedo da borda da esquerda para o centro? É sim, mas o Alt + Tab faz isso há milênios. A barra vertical de Charms funciona bem ao arrastar o dedo da borda da direita para o centro? Com certeza, porém o mesmo resultado aparece se você fizer o gesto no trackpad.

Passemos aos aplicativos. A Microsoft diz aos quatro ventos que a loja possui mais de 100.000 itens. Não duvido do número divulgado pela empresa. Só falta dizerem quantos são os bons aplicativos. É tanta porcaria! Valeria a pena investir num notebook com display touch se a oferta de bons softwares com visual Moderno (antigo Metro) fosse maior. Não é bem por aí.

Pode ser que no futuro o Windows se torne uma plataforma rica em software que combine com a versão mais recente do sistema operacional: fluído, simples e fácil de usar. Não adianta muita coisa ter uma tela sensível ao toque se os softwares não são otimizados para esse uso. No fim das contas, é como ter o Windows normal rodando em um tablet: em algum momento você vai precisar do conjunto de teclado e mouse para operá-lo.

Ainda assim, gostei do display. Ele é bem preciso, sem grande tempo de resposta entre o toque e a efetiva execução daquela ação. A Lenovo diz que ele reconhece até 10 dedos simultaneamente. Confesso que não encontrei nenhum software do próprio Windows que utilize tantos pontos de input ao mesmo tempo.

Numa nota relacionada: foi bem legal controlar o app do Bing Viagens, com manipulação de mapas e fotos panorâmicas em 360° sem usar o mouse. Eis aí um motivo justo para ter um display sensível ao toque. Agências de viagem já podem pensar em comprar uma máquina com tela sensível ao toque na próxima atualização dos equipamentos.

Em resumo, estamos falando de uma tecnologia muito legal que tende a se popularizar no futuro. No momento, ela não faz tanta diferença na vida dos usuários. Eu não acredito que você deveria comprar um laptop tendo este atributo como determinante, a menos que algum software especialmente feito para o ambiente touch seja imprescindível na sua vida.

Som com qualidade Dolby

Lenovo G400s Touch - Dolby

A parceria da Lenovo com a Dolby garante a inscrição “Dolby Advanced Audio v2” na lombada que fica acima do teclado. Todo mundo conhece a Dolby, então eu vou me limitar a dizer que gostei bastante da qualidade do áudio. Pareceu bastante fiel ao que eu esperaria ver em uma televisão com os falantes estrategicamente posicionados. A página que explica essa tecnologia tem um monte de termos mercadológicos. Na prática, o notebook G400s Touch possui um sistema de áudio envolvente. Não por acaso, eu demorei algum tempo para perceber onde ficam os alto-falantes do produto, pois o som parece emanar de todos os cantos do notebook.

Spoiler: os falantes ficam na parte inferior do laptop, bem abaixo daquela área destinada a posicionar os pulsos. Quando comecei a usar a máquina, poderia jurar que eles ficavam próximos da dobra onde a tampa/display do laptop se conecta à base.

Bateria

Por enquanto, pelo que você já leu, dá pra perceber que este notebook apresenta recursos bastante decentes – fora o diferencial da tela touch que já discutimos. E a bateria?

Logo que eu o retirei da tomada, o indicador do Windows prometia quase 6 horas de autonomia. Comecei em seguida a série de testes: filme de 2 horas e 10 minutos em formato Full HD, rodando no aplicativo nativo de execução de vídeo; edição de documento de texto com sincronização na nuvem; navegação normal na web com o streaming de músicas ligado. A autonomia da bateria durou exatamente 4 horas e 15 minutos.

Eu costumo dizer que tudo na tecnologia evolui, menos a qualidade das bateria. Infelizmente, o Lenovo G400s Touch oferece somente metade das horas que a gente costuma levar para concluir um dia de trabalho. Certamente está numa posição melhor do que outros notebooks do mercado, mas também não é incrível. Com esse dado em mãos – 4 horas –, fica a seu critério definir se vale a pena investir na máquina.

Bateria removível! Bom sinal, considerando-se que muitas máquinas já não permitem mais trocar essa parte.
Bateria removível! Bom sinal, considerando-se que muitas máquinas já não permitem mais trocar essa parte.

Gostei

  • Áudio com tecnologia da Dolby.
  • Desempenho bom para uma máquina com especificações medianas.

Não gostei

  • Bateria insuficiente para o meu uso. Pode ser que para o seu, quatro horas bastem.
  • Pesadinho: o modelo com tela touch tem 2,5 kg.

Veredito

Lenovo G400s Touch

Falar de um notebook sem considerar o uso próprio é bastante complicado. Depois de brincar com esse laptop da Lenovo, eu fico com a impressão de que a máquina entrega bastante do que um consumidor convencional procura em um PC atualmente: desempenho suficiente, bateria que permite assistir a um filme inteiro em Full HD, tela sensível ao toque para utilizar os – poucos, é verdade – bons aplicativos touch do Windows 8.1.

No início do ano, em uma viagem aos Estados Unidos, eu peguei uma edição da PC World na qual o editor comentava como é difícil hoje encontrar computadores com desempenho verdadeiramente ruim. Tudo no Lenovo G400s Touch parece funcionar conforme o esperado. Ou seja, ele entrega o que promete. Não tem uma bateria fabulosa, nem uma GPU maravilhosa, muito menos uma tela com alta concentração de pixels. Ainda assim, é um dispositivo que serve para navegar na internet, passear pelas novidades no Facebook, editar documentos da escola e do trabalho. Faz bem as tarefas do dia a dia.

Especificações técnicas

Os dados abaixo foram fornecidos pela fabricante.

  • Processador: Intel Core i5-3230M (2,60 GHz; 3 MB Cache).
  • Sistema operacional: Windows 8.
  • Gráficos: Intel HD Graphics.
  • Memória: 4 GB (1×4 GB) DDR3 1.600 MHz.
  • Tela: 14 polegadas HD LED (1366×768) Multitouch.
  • Dispositivo Apontador: Touchpad.
  • Disco rígido: 1 TB (5.400 RPM)
  • Unidade ótica: gravador de DVDs e CDs.
  • Bateria: 4 células – 41 WH.
  • Conectividade: 10/100 Ethernet; Wireless 802.11b/g/n; não possui Bluetooth.
  • Portas: 1x HDMI; 2x USB 3.0; 1x USB 2.0; 1x VGA; HDMI.
  • Outros: câmera HD (720p); leitor de cartões 2 em 1 (SD/MMC); alto-falantes com certificação Dolby Advanced Audio.
  • Garantia: 2 anos Lenovo em casa (bateria: 1 ano).
  • Dimensões: 349 x 244 x 26,9 mm.
  • Peso: 2,5 kg.
  • Preço sugerido: 1.959 reais.

Receba mais sobre Windows 8.1 na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

Relacionados