LG K10 Novo: velhos problemas

Smartphone da LG custa R$ 1.199 e traz bons upgrades em relação ao antecessor, mas peca em detalhes essenciais

Paulo Higa
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• Atualizado há 11 meses

Com a proposta “inteligente é ter o que precisa”, a LG lançou no mercado brasileiro os smartphones da linha K, que engloba aparelhos básicos e intermediários. O K10 Novo é uma atualização do modelo do ano passado, seguindo a mesma proposta de ser um aparelho “não tão caro”, mas trazendo hardware mais potente, um design renovado e software atualizado.

O K10 Novo chegou ao Brasil pelo preço sugerido de R$ 1.199, entregando processador octa-core da MediaTek, uma tela IPS de 5,3 polegadas, capacidade de armazenamento generosa de 32 GB e o Android 7.0 Nougat. Será que ele cumpre o que promete e realmente traz o que você “precisa”? Eu conto tudo nos próximos parágrafos.

Design e tela

Há quem tenha gostado do visual do K10 Novo, mas o design da LG não me desce. A traseira de plástico, que tenta imitar metal escovado, acaba ficando com dois problemas de uma vez: além de passar a impressão de acabamento barato, ainda vira um ímã de marcas de dedo. E as bordas de plástico cromado me remetem aos tempos sombrios do design da Samsung, quando qualquer smartphone parecia um produto de 400 reais.

Mas há pontos bacanas no K10 Novo. O vidro 2,5D, levemente curvado nas bordas, cria um bom efeito visual e ajuda na hora de deslizar pelos menus e telas do sistema. A traseira encaixa melhor na mão que o modelo anterior e está mais limpa com a remoção dos botões de volume, que voltaram para a lateral, assim como a LG já havia feito no G5.

Há um botão circular liga/desliga na traseira, e é aqui que surge um rastro da “máquina de capagem de produtos nacionais da LG”: ele não traz um leitor de impressões digitais, diferente do modelo internacional. É uma pena, porque o sensor está presente em aparelhos da mesma faixa de preço lançados há algum tempo, como Quantum Fly, Moto G4 Plus e Zenfone 3 Max, e é meio que um caminho sem volta: quem compra um smartphone com leitor biométrico não vai comprar outro sem.

A estrutura do K10 Novo não foge do padrão, com uma tampa traseira que pode ser facilmente removida para ter acesso à bateria de 2.700 mAh, também removível. Por dentro, há uma entrada para dois chips de operadoras no formato Nano-SIM e um leitor de cartões de memória para expandir o armazenamento interno de 32 GB. Diferente do K10 Power, não há TV digital.

A tela é apenas satisfatória, ficando até um pouco abaixo do que espero em um produto da LG, que costuma colocar bons painéis mesmo em seus smartphones mais acessíveis. O display IPS LCD de 5,3 polegadas do K10 Novo tem resolução de 1280×720 pixels e apresenta boa definição, cores equilibradas e um nível de contraste decente, mas peca no brilho, que poderia ser maior.

Software

O K10 Novo já vem com o Android 7.0 Nougat e suas novidades, como a possibilidade de executar dois aplicativos na mesma tela, a central de notificações mais condensada, um recurso de economia de dados móveis e inúmeras otimizações de desempenho.

A interface é basicamente a mesma que acompanhava o G5 SE: ícones padronizados com cantos arredondados e interfaces bem limpas, com telas predominantemente brancas. Assim como no iOS e na MIUI, não há um menu de aplicativos, deixando os ícones e widgets espalhados pelas telas iniciais — mas você pode instalar outro launcher da própria LG que conta com o menu, se for da velha guarda.

Para um smartphone da faixa do K10 Novo, a boa notícia é que praticamente não há aplicativos inúteis pré-instalados. Além do pacote padrão do Google e algumas ferramentas de suporte da LG, o aparelho traz Evernote, Facebook e Instagram já na memória interna.

Entre os truques de software estão o KnockON, que permite ligar a tela dando um toque duplo, útil quando o botão liga/desliga na traseira não estiver facilmente acessível, e o Visualização confortável, que filtra a luz azul para melhorar o conforto visual — estranhamente, eu não encontrei uma forma de programar o recurso para ser ativado automaticamente no pôr do sol ou em determinado horário, como é possível nos concorrentes.

Câmera

A câmera frontal do K10 Novo consegue fazer um trabalho razoável, mas a traseira é uma das piores que já testei — é até estranho que ela esteja dentro de um smartphone lançado por R$ 1.199, uma faixa de preço em que já encontramos aparelhos com câmeras de boa qualidade.

O pequeno sensor de 1/3 polegada e a lente de abertura f/2,2 tiram fotos de 13 megapixels pouco animadoras, mesmo quando a iluminação é boa. O nível de detalhes não é muito bom, e o pós-processamento da LG tenta forçar uma nitidez que o sensor não consegue capturar. Isso resulta em bordas duras em objetos que não são o foco da cena. Além disso, em algumas fotos eu notei perda de detalhes nas bordas, o que normalmente indica uma lente de baixa qualidade.

Mas é em ambientes internos ou noturnos que a situação piora: as fotos ficam quase inutilizáveis. O K10 Novo sofre bastante para focar e, mesmo quando acerta no foco, o nível de detalhes é muito decepcionante. O nível de ruído não é alto, sugerindo que a LG preferiu remover o ruído gerado pelo sensor às custas da definição — e exagerou demais na dose. A perda de saturação também é bastante notável.

São fotos que eu esperaria de um smartphone como um Moto E, na faixa dos 500 reais, mas não de um produto que compete no segmento intermediário.

Hardware e bateria

Não é de hoje que a LG tem uma parceria forte com a MediaTek nos aparelhos mais básicos, e o K10 Novo continua com um processador da taiwanesa. Desta vez, temos o MT6750, um chip com quatro núcleos Cortex-A53 de 1,5 GHz, outros quatro Cortex-A53 de 1,0 GHz e uma GPU Mali-T860MP2. É uma espécie de concorrente do Snapdragon 617.

O desempenho do K10 Novo fica dentro do que espera para um intermediário básico. Ele se comporta bem nas tarefas diárias, não apresentando nenhum engasgo preocupante em aplicativos de mídia e redes sociais, em parte por causa do bom gerenciamento de memória do Android da LG e dos 2 GB de RAM (não, a LG não trouxe um modelo com menos RAM ao mercado brasileiro desta vez).

A GPU faz um bom trabalho e consegue lidar com jogos mais pesados, desde que você diminua um pouco a qualidade dos gráficos. Unkilled (com os gráficos no baixo) e Need for Speed No Limits rodaram bem, sem lentidões ou travadinhas durante a jogatina.

A bateria de 2.700 mAh entregou boa autonomia. Nos meus dias de teste, com 2h de streaming de música e 1h30min de navegação (entre redes sociais, e-mails e páginas da web), sempre com brilho no automático e pelo 4G, era possível chegar até o final da noite com algo entre 35% e 45% de carga.

É uma bateria que, embora seja inferior à de aparelhos como Moto G4 Play ou Galaxy J5 Metal, deve atender a maioria dos usuários com folga.

Conclusão

Analisar o custo-benefício de um smartphone da LG é complicado para mim porque, em regra, eles chegam caros demais para o que oferecem, mas, ao mesmo tempo, são os que mais se desvalorizam. No preço sugerido de R$ 1.199, não há nem o que pensar: o K10 Novo definitivamente não vale a pena. Há opções bem melhores, como o Moto G4 Plus, que entrega os recursos do aparelho da LG, mas com câmera boa e sensor biométrico; e o Galaxy J7 Prime, que oferece mais hardware e bateria.

No entanto, se a LG e o varejo seguirem o roteiro, o K10 Novo ficará bem mais barato nos próximos meses. Basta ver o exemplo do LG X Power, que era uma opção ruim pelo valor de lançamento de R$ 1.299, mas atualmente é um smartphone interessante para quem procura bateria gigante e consegue encontrá-lo em promoções por 600 ou 700 reais. O K10 do ano passado, que também era uma compra injustificável pelo preço cheio, está sendo liquidado pelas operadoras e hoje é uma opção no segmento básico.

Assim, nos próximos meses, se o K10 Novo chegar a um patamar de preço bom, abaixo dos 800 reais, ele pode ser uma alternativa a se considerar — desde que você tenha consciência das limitações e não se importe muito com fotografia. O aparelho da LG entrega desempenho consistente, bastante capacidade de armazenamento, bateria com duração satisfatória e uma tela que atende às necessidades de boa parte dos usuários.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.700 mAh;
  • Câmera: 13 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.1, USB 2.0, rádio FM, NFC;
  • Dimensões: 148,7 x 75,3 x 7,9 mm;
  • GPU: Mali-T860MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 256 GB;
  • Memória interna: 32 GB;
  • Memória RAM: 2 GB;
  • Peso: 142 gramas;
  • Plataforma: Android 7.0 Nougat;
  • Processador: MediaTek MT6750 octa-core de 1,5 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade;
  • Tela: IPS LCD de 5,3 polegadas com resolução de 1280×720 pixels.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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