Falha no controle parental de iPhones e iPads será corrigida após três anos
Crianças e adolescentes poderiam acessar sites proibidos usando uma sequência de caracteres no Safari. Problema foi reportado em 2021.
Crianças e adolescentes poderiam acessar sites proibidos usando uma sequência de caracteres no Safari. Problema foi reportado em 2021.
A Apple anunciou que planeja corrigir uma falha que permitia driblar o bloqueio de sites do Tempo de Uso, recurso utilizado por pais para impedir que seus filhos acessem conteúdo pornográfico ou violento. O problema foi reportado pela primeira vez em 2021 e continua presente no Safari para iPhone, iPad e Mac — ele será solucionado em uma futura atualização nos sistemas operacionais, segundo a empresa.
O bug foi descoberto em 2020 pelos pesquisadores de cibersegurança Andreas Jägersberger e Ro Achterberg. Com uma sequência de caracteres na barra de endereços do Safari, era possível acessar sites proibidos pelo controle parental do Tempo de Uso.
Jägersberger e Achterberg levaram a questão à Apple em março de 2021, por meio do programa de recompensas da empresa, que visa incentivar a descoberta de falhas de segurança. A companhia, porém, considerou que o problema não envolvia segurança e recomendou usar a ferramenta de feedback do sistema. Os pesquisadores fizeram isso, mas não obtiveram resposta.
Após várias tentativas sem sucesso e temendo que outras pessoas descobrissem a brecha na ferramenta, a dupla procurou o Wall Street Journal. A repórter Joanna Stern testou e comprovou que, usando a sequência de caracteres descoberta pelos pesquisadores, era possível driblar o bloqueio em iPhones, iPads e Macs. Ela conseguiu acessar sites pornográficos, ver conteúdos violentos no YouTube e fazer a busca “como comprar cocaína” no Google.
Procurada pelo WSJ, a Apple disse estar ciente do problema e que uma correção está planejada para a próxima atualização de software. A empresa também reforçou que considera o problema um bug de software, não uma falha de segurança. Para ser classificado como falha de segurança, a brecha precisaria dar acesso indevido aos dados ou ao controle do aparelho, por exemplo. Por isso, os pesquisadores não receberão nenhuma recompensa pela descoberta.
O WSJ também reuniu uma série de reclamações sobre o Tempo de Uso. A ferramenta vem instalada nos produtos da Apple. Ela visa limitar o tempo de tela e bloquear o acesso a determinados sites e aplicativos — este último recurso é mais voltado a pais e responsáveis que querem impedir que crianças e adolescentes acessem conteúdos indevidos.
Usuários dizem que o limite de tempo simplesmente não funciona, a ferramenta não registra corretamente quanto tempo o aparelho foi usado durante o dia e solicitações para usar apps nem sempre são notificadas no dispositivo do responsável.
Outro problema está na App Store, que tem uma opção para que a criança ou adolescente peça a um adulto para comprar aplicativos ou jogos. Ao deletar um app, ele pode ser baixado novamente, sem precisar de autorização.
Com informações: The Wall Street Journal, 9to5Mac