Cientistas da Universidade de Harvard anunciaram no final de semana que conseguiram pela primeira vez unir tecido biológico com componentes eletrônicos. De uma certa forma eles tornaram realidade conceito fundamental da palavra cyborg, que é a contração de ‘cybernetic organism’. Felizmente, segundo os próprios cientistas, a aplicação principal dessa tecnologia não será o desenvolvimento de humanos-robôs – por enquanto.
O grupo de pesquisadores, que tem como líder o professor Charles Lieber (da foto ao lado), conseguiu criar um sistema capaz de interpretar mudanças elétricas ou químicas em tecidos humanos. Eles fizeram isso implantando tubos na escala dos nanômetros, ou nanofios, capazes de detectar mudanças nas células humanas e crescendo tecidos em volta deles.
Lieber diz que a criação desses tecidos cyborgs é parecida com a criação de microchips. Eles começam com um substrato bidimensional onde é depositado uma malha com os nanofios e polímeros orgânicos, além de eletrodos e nanotransistores responsáveis por captar as atividades celulares. Quando o substrato é dissolvido, essa malha recebe uma cultura de células, que por sua vez é colocada em um ambiente que estimula seu crescimento para então virar um tecido.
Nos primeiros testes com esse tecido cyborg, o grupo desenvolveu vasos sanguíneos capazes de detectar mudanças de pH, tanto fora quanto dentro deles. Em outros testes eles criaram tecidos usando células nervosas e do coração – com isso foi possível detectar a reação das células a certas drogas estimulantes, sem danificar ou afetar a atividade da célula, algo que Lieber considera crítico.
Essa, por sinal, vai ser a primeira aplicação do tecido. Lieber diz que pesquisadores da indústria farmacêutica vão poder testar a reação de certos remédios recém-desenvolvidos de forma mais precisa, sem precisar usar culturas de células bidimensionais.
A pesquisa completa do professor Lieber está disponível nesse arquivo PDF liberado por ele mesmo em seu site.
Com informações: Harvard Gazette.