Tecnologia baseada em “nanobrotos” de carbono promete telas táteis melhores e flexíveis

Emerson Alecrim
• Atualizado há 9 meses

Nanobuds ou, na falta de tradução melhor, “nanobrotos” ou “nanogomos” de carbono. O nome é esquisito, mas representa a peça-chave de uma tecnologia que poderá levar à fabricação de painéis táteis muito mais precisos e, se for o caso, bastante flexíveis. E o melhor de tudo: é para um futuro relativamente próximo.

Os tais nanobuds são muito parecidos com os já conhecidos nanotubos de carbono. A diferença é que pequenas formações esféricas – também constituídas de átomos de carbono – “saem” dos tubos como se estivessem brotando ali, daí o nome.

nanobuds

As telas sensíveis a toques atuais são feitas, essencialmente, de camadas de óxido de índio e estanho. Esta combinação é eficiente para o fim proposto, entretanto, resulta em painéis mais frágeis e que não podem ser flexionados (não facilmente). Os nanotubos de carbono são bastante resistentes, razão pela qual têm sido cogitados para reforçar estas telas.

Mas há um problema: os nanotubos provêm resistência de um lado, mas, por outro, oferecem desempenho limitado no reconhecimento de toques por conta das ligações elétricas insuficientes entre os tubos. Em resumo, produzir painéis que são ao mesmo tempo táteis e flexíveis continua sendo um grande desafio.

É aí que os nanobuds de carbonos entram em ação. As esferas que “brotam” dos tubos dispõem elétrons de uma maneira que facilita as conexões elétricas, sem abrir mão da resistência. Além disso, este formato torna a produção de painéis mais simples e barata.

Camadas de nanotubos de carbonos precisam passar por uma fase de purificação tão rigorosa e complexa que, muitas vezes, prejudica a formação dos próprios tubos. É um processo bastante dispendioso, consequentemente.

Filmes de nanobuds, por sua vez, podem ser produzidos a partir de um procedimento iniciado com gases contendo carbono cujo processamento leva à conversão direta em “nanobrotos”, sem necessidade de purificação.

O material resultante pode ser aplicado em diversos fins: telas de smartphones mais precisas no reconhecimento de toques, touchpads sofisticados e, em relação à flexibilidade, centrais de comandos que se adaptam ao formato curvado do painel de um carro, por exemplo.

Só não dá para utilizar a técnica em painéis muito grandes (como a de uma TV). Nestes casos, a condutividade elétrica não se mostrou adequada. Ainda.

Tela flexível

Tudo muito interessante, mas será que esta proposta fará parte daquelas tecnologias milagrosas de um futuro que nunca chega (olá, grafeno)? As chances são grandes, não dá para negar, mas ao menos há um sinal de esperança: a Canatu, startup finlandesa que domina a tecnologia, já começou a testar a fabricação de painéis do tipo e se prepara para iniciar a produção em massa já em 2015.

Com informações: MIT Technology Review

Relacionados

Escrito por

Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Foi reconhecido nas edições 2023 e 2024 do Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.