As operadoras indianas estão fazendo traffic shaping de torrent… só que ao contrário
Clientes de provedores de internet na Índia baixam mais rápido por torrent que por HTTP
Normalmente as operadoras não gostam quando seus clientes fazem downloads por torrent, já que isso gera uma quantidade muito grande de tráfego — e algumas, embora não admitam publicamente, até fazem traffic shaping para prejudicar a velocidade dos downloads. Na Índia, os provedores também decidiram aplicar traffic shaping nos torrents. Só que ao contrário.
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A ideia é tão simples que fica difícil entender como alguém não pensou nisso antes. Para as operadoras, é mais barato lidar com tráfego local, dentro da própria operadora, do que tráfego externo, tanto que várias possuem acordos com a Netflix, por exemplo, para fazer cache dos filmes em servidores no Brasil. Então os provedores indianos fecharam parceria com serviços como o Torbox, que priorizam o download de torrent por meio de clientes que utilizem a mesma operadora.
É como se um cliente da Vivo baixasse um arquivo apenas de peers da Vivo, evitando usuários da NET ou TIM. Segundo o TorrentFreak, provedores como Alliance Broadband, Excitel, Syscon Infoway e True Broadband já estão adotando a prática, que tem um efeito colateral interessante: isso aumenta a velocidade dos torrents. Um usuário indiano com conexão de 4 Mb/s relata ao site que chega a 10 Mb/s por meio de peers locais.
A Alliance Broadband deixa bem claro as velocidades na listagem de planos: se você assinar uma conexão por 850 rúpias indianas, o equivalente a 41 reais, vai baixar arquivos a 2 Mb/s (ou até 6 Mb/s de madrugada), mas para os downloads com acordo de peering a velocidade chega a 32 Mb/s (uia!). E não, não tem franquia de dados.
Uma das fornecedoras da tecnologia para as operadoras indianas é a Extreme Peering. No exemplo, um provedor com 1 Gb/s de banda de upload e 70% de tráfego gerado por clientes residenciais, seria possível economizar 175 Mb/s de dados externos com o acordo de peering e gerar 605 Mb/s dentro da operadora — o que resultaria no equivalente a 23 mil reais por mês em economias ao provedor. Todos ganham.