Como era o Android há 10 anos, quando foi anunciado pelo Google pela primeira vez
Primeira apresentação pública do Android nas mãos do Google aconteceu em novembro de 2007
Nem parece, mas já faz 10 anos que o Android foi apresentado pelo Google. Em 5 de novembro de 2007, a Open Handset Alliance, um consórcio de 84 empresas liderado pelo buscador, anunciava a “primeira plataforma para dispositivos móveis verdadeiramente aberta e completa”, entrando no mercado dominado por smartphones com Symbian e BlackBerry.
A primeira versão conhecida do Android
O Android era bem diferente do que conhecemos hoje. Um dos protótipos tinha interface parecida com a do BlackBerry e uma navegação baseada em botões físicos e menus cheios de itens — o oposto do recém-nascido iPhone OS. Este vídeo de novembro de 2007 mostra Steve Horowitz, um dos engenheiros de software responsáveis pelo Android, demonstrando o sistema:
Horowitz começa mostrando o aplicativo de telefone e uma versão primitiva do Google Maps. Como a tela multitouch ainda era restrita ao iPhone, lançado naquele ano, você precisava apertar um botão ou acessar o menu para dar zoom no mapa, em vez de simplesmente fazer um gesto de pinça. Também há um sistema limitado de notificações, sem suporte a ações.
Um ponto alto é quando Horowitz demonstra o navegador web do Android; o Chrome ainda não existia. As páginas eram acessadas “pela rápida rede de dados 3G”, sendo que você podia arrastar o dedo para navegar por sites completos (perceba a lentidão nas animações!). Mesmo assim, era algo incrível para a época, já que a maioria dos celulares só conseguia acessar sites WAP, bem mais simples.
Também são exibidos aplicativos para demonstrar a “grande capacidade gráfica da plataforma Android”, como o Global Time, que mostrava o planeta Terra em 3D com a iluminação baseada nos fusos horários (e com uma taxa de frames muito baixa para os padrões de hoje); além de uma renderização de Quake com OpenGL.
Sem os recursos populares de hoje
É curioso como as primeiras versões do Android não tinham recursos que hoje são tratados como “naturais” nos smartphones.
Os widgets na tela inicial, a função de copiar e colar no navegador e até mesmo a rotação automática de tela (por meio do acelerômetro) só chegaram no Android 1.5 Cupcake, lançado em 2009.
Você também não podia compartilhar sua rede móvel para outro dispositivo por Wi-Fi: isso só chegou em 2010, com o Android 2.2 Froyo. E o sistema só começou a suportar múltiplas câmeras no 2.3 Gingerbread (por “múltiplas”, entenda uma traseira e uma frontal).
Eu ainda me lembro de instalar aplicativos de terceiros para capturar a tela, já que a função de screenshot surgiu apenas no 4.0 Ice Cream Sandwich, de 2011.
Mas o começo era promissor
Apesar das limitações tecnológicas, o Android já nasceu forte. A lista de membros fundadores contava com grandes operadoras (T-Mobile, Telecom Italia, Telefónica e outras), fabricantes de componentes (Broadcom, Intel, Marvell, Nvidia, Qualcomm, Texas Instruments e outras) e empresas de dispositivos móveis (HTC, LG, Motorola e Samsung).
O primeiro aparelho foi o HTC Dream, lançado em setembro de 2008: ele tinha teclado físico deslizante, 192 MB de RAM, processador single-core de 528 MHz da Qualcomm (o suporte a chips multi-core veio somente em 2011, no Android 3.0 Honeycomb), tela TFT LCD capacitiva de 3,2 polegadas (320×480 pixels) e bateria de 1.150 mAh. A T-Mobile vendeu 1 milhão de unidades do Dream (também chamado de G1) em seis meses.
Além disso, o apoio dos desenvolvedores era uma preocupação desde o começo: no final do vídeo, Sergey Brin, cofundador do Google, anunciava uma premiação total de US$ 10 milhões para os que criassem os melhores aplicativos para a plataforma. O Android Developer Challenge recebeu 1.788 inscrições de 70 países entre janeiro e abril de 2008.
E hoje?
Atualmente, o Android domina o mercado global de smartphones, com participação de 85% no primeiro trimestre de 2017, seguido pelo iOS, com 14,7%, de acordo com a IDC. No Brasil, o Google fica com 95,5%, deixando 4,5% para a Apple. A Samsung é líder do mercado de Android (e de smartphones) desde o final de 2011, ano de lançamento do Galaxy S II.
O mercado de dispositivos móveis mudou rapidamente, saindo da dupla Symbian-BlackBerry para Android-iOS, mas não há sinais de que o Android deva perder sua dominância tão cedo. Vários sistemas surgiram nos últimos 10 anos, como Windows Phone, Windows Mobile, Bada, MeeGo, Tizen, Firefox OS, Ubuntu Touch e webOS — mas acabaram fracassando ou sendo repensados para outros dispositivos, como TVs.
Como será o cenário em 2027?
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