5 fatos que marcaram o Google em 2018: multa pesada, aniversário de 20 anos, China e mais
2018 trouxe para o Google confusão no YouTube, multa pesada no meio do ano e, atualmente, um plano frustrado de retorno à China
2018 trouxe para o Google confusão no YouTube, multa pesada no meio do ano e, atualmente, um plano frustrado de retorno à China
O Google começou 2018 envolto em polêmica e vai encerrar o ano do mesmo jeito. Logo nos primeiros dias de janeiro, a companhia foi pressionada a tomar providências contra o youtuber Logan Paul, que mostrou uma pessoa morta na “floresta dos suicídios” do Japão em um de seus vídeos. Atualmente, o Google enfrenta pressão de funcionários furiosos com o plano de retorno à China.
No decorrer do ano, o Google também amargou uma multa pesadíssima da União Europeia e se viu obrigado a desistir de um contrato de US$ 10 bilhões com o Pentágono — aqui também houve pressão dentro de casa, pelo menos em parte.
Mas nem tudo foi só estresse. Em 2018, a companhia comemorou 20 anos de existência, assim como celebrou os aniversários de dez anos de dois dos seus projetos mais bem-sucedidos: Chrome e Android.
Confira os momentos mais marcantes do Google durante o ano nesta que é uma das retrospectivas de 2018 que o Tecnoblog preparou!
Logan Paul iria até fazer parte do elenco do filme The Thinning: New World Order (na verdade, ele fez; já explico), a ser produzido para o YouTube Red (atualmente, YouTube Premium). Mas esse e vários projetos rolaram ladeira abaixo depois que, no finalzinho de 2017, o youtuber mostrou em seu canal um cadáver em Aokigahara, local conhecido como a “floresta dos suicídios” do Japão.
A atitude foi considerada desrespeitosa, não só pela exibição da imagem em si, mas também pelas piadinhas que Paul fez após a cena. Críticas vieram por todos os lados, sobrando inclusive para o YouTube, que foi acusado de fazer pouco caso do problema.
O caso teve repercussão tão negativa que, quase duas semanas após o episódio, o YouTube interrompeu o plano de lançar o filme com Logan Paul e expulsou o youtuber do Google Preferred, plataforma de anúncios destinada a canais muito rentáveis.
Esse problema, somado a vários outros, como o boicote promovido por grandes anunciantes em 2017, forçaram o Google a tornar mais rígido o programa de parcerias do YouTube e até a anunciar uma ampliação da equipe de revisores de conteúdo para o decorrer de 2018.
Parece que deu certo: apesar de um problema ou outro — com destaque para o bizarro e trágico caso da atiradora que invadiu o prédio do YouTube —, a plataforma não esteve mais envolvida em grandes polêmicas desde então.
Ah, depois que a poeira baixou, a ideia do filme foi retomada: The Thinning: New World Order foi lançado em outubro no YouTube Premium.
Foram anos de investigação, até que, em julho, a Comissão Europeia deu a cartada final: a entidade multou o Google em € 4,3 bilhões por entender que a companhia aproveitou a liderança do Android para forçar a distribuição do seu aplicativo de busca e do Chrome nos smartphones de vários fabricantes e, assim, “negar aos rivais a chance de inovar e competir nos méritos”.
Foi uma pancada tão forte que, além de tentar reverter a multa (sem sucesso, pelo menos até agora), o Google mudou as regras do jogo. Agora, a companhia cobra uma taxa de licenciamento para incluir seus aplicativos nos smartphones comercializados na União Europeia. O valor pode chegar a US$ 40 por aparelho.
É uma forma de compensar a eventual ausência do app de busca e do Chrome nos celulares. Não é difícil entender: o Google fornecia aos fabricantes uma licença sem custo para acesso aos seus aplicativos, desde que os mencionados apps fossem incluídos em cada smartphone. Agora essa condição é opcional: a empresa que não quiser seguí-la deve pagar o licenciamento.
Se o Google perdeu dinheiro por um lado com a multa, deixou de ganhar por outro. Mas a causa parece ter sido nobre: em abril, o CEO do Google Sundar Pichai recebeu uma carta assinada por mais de 3 mil funcionários pedindo que a companhia deixasse de colaborar com o Pentágono (o Departamento de Defesa dos Estados Unidos) em um projeto militar e abandonasse o “negócio de guerra”.
O tal do projeto recebeu o codinome Maven e foi idealizado com o propósito de encontrar formas de acelerar o uso da inteligência artificial em aplicações militares. Os funcionários contrários à ideia argumentaram que a colaboração com o projeto contradiz os princípios do Google de trabalhar em prol do bem-estar geral. Alguns deles até se demitiram em protesto.
Pelo jeito, a pressão para se distanciar do “negócio de guerra” surtiu efeito: em outubro, o Google desistiu de concorrer por um contrato de US$ 10 bilhões com o Pentágono alegando que as exigências da entidade conflitavam com os seus princípios éticos sobre inteligência artificial. Então, tá.
O Google é uma empresa jovem, mas já não muito. Em setembro, a empresa celebrou seu aniversário de 20 anos. A comemoração foi em grande estilo: além de um Doodle especial, a companhia liberou um tour no Street View para mostrar a garagem onde Larry Page e Sergey Brin começaram tudo.
As festividades de aniversário não terminaram aí. O Android completou dez anos de vida quase na mesma data. Você sabia que a plataforma foi projetada originalmente para ser um sistema operacional para câmeras digitais? E que Andy Rubin, o “pai do Android”, trabalhou antes em um celular chamado Danger Hiptop que fez relativo sucesso nos anos 2000?
Eu contei essa história neste especial sobre os dez anos do Android. Em outro especial, relato um pouco da trajetória do Chrome. O navegador também completou dez anos de existência: o projeto surgiu oficialmente em 2008, depois de uma extensa fase de apoio do Google ao Firefox, olha só.
Pelo jeito, a palavra que resume o Google em 2018 é polêmica. Outra polêmica que marcou bastante o ano da companhia foi o seu esforço para voltar a ter um buscador na China. E o que há de polêmico nisso? Bom, chamado de Dragonfly, o projeto do buscador foi idealizado para seguir as regras de censura do governo chinês.
O mercado de internet na China é gigantesco, daí o forte interesse do Google em voltar para lá. Porém, o principal motivo para a companhia ter descontinuado o seu buscador chinês, em 2010, foi justamente a pressão do governo chinês para implementar filtros de censura.
Para muitos funcionários do Google, não faz sentido voltar à China respeitando as imposições que fizeram o serviço sair desse mercado. Diante da enorme controvérsia sobre o assunto — fizemos até um Tecnocast a respeito —, o Google vinha tentando manter o projeto sob o máximo possível de sigilo.
Não deu muito certo. Recentemente, funcionários da equipe de privacidade descobriram que engenheiros do Dragonfly estavam usando um site chinês pertencente ao Google para identificar buscas que levam a sites barrados pelo governo da China.
A equipe de privacidade não havia autorizado essa abordagem e protestou. O resultado desse conflito resultou na paralisação do projeto Dragonfly, pelo menos temporariamente.
Tudo indica que essa é mesmo uma novela que ainda não terminou. Quer apostar quanto que vamos ter mais capítulos em 2019?
É claro que a retrospectiva de 2018 do Google não se limita ao que foi relatado nos tópicos anteriores. Vários outros acontecimentos importantes — ou curiosos — ficaram de fora por não serem tão marcantes assim. Mas alguns deles merecem ao menos uma rápida recordação: