Huawei segue em lista negra dos EUA mas recebe 90 dias de licença temporária

Huawei recebe licença temporária para fazer negócios com empresas dos EUA em casos bem específicos

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos
Huawei na Mobile World Congress. (Imagem: Karlis Damnbrans/Flickr)

A Huawei não foi removida da lista negra dos EUA: ela possui apenas uma licença temporária para fazer negócios com empresas americanas em casos bem específicos. Essa licença acabaria nesta segunda-feira (19), mas foi renovada pelo Departamento de Comércio por 90 dias. No entanto, o órgão expandiu as sanções para outras 46 subsidiárias da Huawei — agora são 114 no total.

O Departamento de Comércio concedeu, em maio, uma licença temporária que acabaria hoje. O órgão decidiu renová-la por mais 90 dias, até 19 de novembro. “À medida que continuamos a pedir aos consumidores que deixem de usar produtos da Huawei, reconhecemos que é necessário mais tempo para evitar qualquer interrupção”, diz o Secretário de Comércio Wilbur Ross em comunicado.

Ross explica em entrevista à Fox Business que “algumas empresas na zona rural dependem da Huawei, por isso estamos dando um pouco mais de tempo para elas se adaptarem”. Operadoras menores nos EUA deram preferência a equipamentos da Huawei por serem mais baratos.

A licença temporária da Huawei é bem limitada, e libera apenas as seguintes atividades:

  • manutenção e suporte de redes móveis e equipamentos da Huawei já existentes e totalmente operacionais;
  • suporte a celulares Android, incluindo atualizações de software ou correções de segurança, para aparelhos disponíveis ao público até 16 de maio de 2019;
  • divulgação de vulnerabilidades de segurança em produtos da Huawei, incluindo redes móveis e celulares;
  • envolvimento com a Huawei através de um órgão de padrões — como o ITU, 3GPP e GSMA — para desenvolvimento do 5G.

Para qualquer outra atividade, é necessário realizar um pedido ao Departamento do Comércio. No entanto, o órgão faz a análise com “presunção de negação”, ou seja, com a tendência de rejeitá-lo. Isso dificulta à Huawei comprar chips da Qualcomm e Intel, obter acesso antecipado ao Android Q do Google, e instalar redes 5G com tecnologia desenvolvida na China.

EUA adicionam mais 46 subsidiárias da Huawei à lista negra

TIM 5G / Huawei Mate X (Foto: Paulo Higa)

Além disso, o Departamento de Comércio decidiu pressionar mais a fabricante chinesa, adicionando 46 subsidiárias da Huawei à “Entity List”, lista de entidades proibidas de fazer negócios com empresas dos EUA.

A Huawei é acusada pelo Departamento de Comércio de estar “envolvida em atividades contrárias à segurança nacional ou a interesses de política externa dos EUA”, incluindo violar a IEEPA (Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional) que proíbe o fornecimento de serviços financeiros ao Irã, “entre outras atividades ilícitas”. A empresa nega as acusações.

O presidente Donald Trump disse no final de junho que “empresas dos EUA podem vender seus equipamentos para a Huawei; estamos falando de equipamentos nos quais não há grandes problemas de segurança nacional”. Ainda assim, ela continuou a ser tratada como uma entidade na lista negra do Departamento de Comércio.

Nesse meio tempo, a Huawei teve aumento nas vendas de celular e crescimento de receita. A empresa anunciou o HarmonyOS, sistema operacional para múltiplos dispositivos; e declarou sua intenção de liderar o 5G no Brasil, além de abrir uma fábrica em São Paulo com investimento de US$ 800 milhões.

Com informações: TechCrunch, The Verge.

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Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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