Intel e Arm unem forças para produzir chips de 1,8 nm para celulares
Parceria com Arm vai permitir que Intel produza chips para outras companhias com base na tecnologia 18A, com processo de 1,8 nanômetro
Sob liderança de Pat Gelsinger, a Intel decidiu fabricar chips para outras companhias. Neste semana, o plano avançou. Intel e Arm anunciaram uma parceria para que processadores direcionados a celulares e outros dispositivos móveis sejam fabricados com um processo de 1,8 nanômetro.
A própria Intel afirma que este é um “acordo multigeracional”. Isso significa que a divisão Intel Foundry Services (IFS) poderá fabricar não uma, mas várias gerações de system-on-chips (SoCs) com arquitetura Arm.
O foco inicial estará em chips para dispositivos móveis (setor em que a arquitetura Arm predomina). Mas fases posteriores poderão incluir SoCs para internet das coisas, carros, datacenters e até aplicações aeroespaciais.
Concorrência para a TSMC
A Intel fabrica os próprios chips (com arquitetura x86), o que faz dela uma exceção. Empresas como AMD, Qualcomm e MediaTek desenvolvem as suas linhas de SoCs, mas terceirizam a produção dessas unidades para companhias como TSMC, Samsung e GlobalFoundries.
Isso significa que o acordo com a Arm fará a Intel ser uma concorrente direta para essas companhias, principalmente para a TSMC, líder do setor.
Para se diferenciar, a Intel aposta em tecnologia de ponta. A parceria prevê a produção de SoCs com arquitetura Arm tendo como base o futuro processo de fabricação Intel 18A. Pat Gelsinger, CEO da Intel, comenta:
Existe uma demanda crescente por poder computacional orientado pela digitalização de tudo, mas até agora clientes fabless [sem fábrica própria] tinha opções limitadas para criar projetos em torno da tecnologia móvel mais avançada.
O que é Soc?
System-on-a-Chip (SoC) é um chip capaz de abrigar não só núcleos de CPU, mas também componentes como GPU, memória e controladores.
E o que é Intel 18A?
Intel 18A é o nome de uma tecnologia de fabricação que usará transistores do tipo RibbonFET (mais modernos que os atuais transistores FinFET) e a técnica PowerVia para otimizar o consumo de energia do chip. A tecnologia também será baseada em uma litografia de 18 angstroms, que equivalem a 1,8 nanômetro.
Com essa combinação de características, a Intel planeja prolongar a chamada Lei de Moore, que está cada vez mais perto do fim em razão de limitações físicas — o assunto é tema do Tecnocast 284, vale o play!
Chips Arm fabricados com tecnologia Intel 18A não deixarão o desempenho em segundo plano. Contudo, o principal avanço esperado está na otimização do consumo de energia, aspecto importantíssimo para dispositivos móveis.
Para quando?
A previsão é a de que chips com tecnologia Intel 18A comecem a ser produzidos no segundo semestre de 2024.
Vale destacar que a parceria com a Arm faz parte da estratégia IDM 2.0, anunciada pela Intel em 2021 para, entre outros objetivos, permitir que a companhia produza chips para terceiros.
A parte mais notável é que, se a parceria der certo, a Intel voltará ao mercado de chips para dispositivos móveis, ainda que de modo indireto. Clientes ainda não foram anunciados, mas temos uma pista sobre qual pode ser o primeiro: em 2021, a Intel anunciou um acordo para fabricar chips para a Qualcomm.
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