WhatsApp é acusado de mentir sobre criptografia, mas rebate: “mal-entendido”
Enquanto organização investigativa afirma que WhatsApp viola sua própria política de privacidade, empresa esclarece que tudo não passa de um mal-entendido
O WhatApp teve a integridade de sua política de privacidade e sistema de criptografia de mensagens ponta a ponta questionada e então reafirmada no mesmo dia. Nesta terça-feira (07), uma reportagem da organização de jornalismo investigativo sem fins lucrativos ProPublica afirmou que o Facebook não cumpria com a privacidade prometida em seu serviço. Porém, um pouco mais tarde, a empresa disse ao 9to5Mac que, aparentemente, tudo não passou de um mal-entendido.
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WhatsApp viola a própria política de privacidade?
“Como o Facebook prejudica a proteção da privacidade de seus 2 bilhões de usuários do WhatsApp” – Esse foi o título dado à reportagem da ProPublica, que afirmou que o aplicativo de mensagens instantâneas, em determinados momentos, compartilha os dados de usuários com analistas enquanto mantém uma “extensa operação de monitoramento”.
Conforme apontou a organização investigativa, o Facebook sempre usou o WhatsApp como exemplo de privacidade, garantindo que todas as mensagens passam por uma criptografia ponta a ponta, permitindo somente aos usuários que estão efetivamente se comunicando ler as mensagens. Assim, durante sua transmissão, os arquivos seriam completamente ilegíveis para qualquer um que os interceptasse e inclusive para a própria empresa.
A investigação da ProPublica disse que os moderadores do Facebook são capazes de constantemente “examinar as mensagens, imagens e vídeos dos usuários” do WhatsApp. No entanto, o 9to5Mac ressalta que isso só é possível em uma circunstância: quando uma mensagem é denunciada.
Não é bem assim…
Quando um usuário usa o recurso de denúncia de mensagens do WhatsApp, o arquivo reportado é encaminhada automaticamente para o Facebook. Nesse sentido, seria como encaminhar manualmente uma mensagem já descriptografada para outra pessoa, que no caso é um moderador.
Conforme confirmou o 9to5Mac com o próprio WhatsApp, esse processo de denúncia cria uma nova mensagem criptografada ponta a ponta cujo destinatário final é o Facebook, que possui então a chave para descriptografar o arquivo. De uma forma mais simples, é como se você enviasse uma nova mensagem direta para a companhia.
Segundo a argumentação da ProPublica, esse sistema estaria violando a própria política de privacidade que o Facebook tanto preza e usa como modelo:
“O WhatsApp tem mais de 1.000 funcionários contratados enchendo andares de prédios de escritórios em Austin, Texas, Dublin e Cingapura, onde examinam milhões de partes do conteúdo dos usuários… esses trabalhadores usam um software especial do Facebook para vasculhar fluxos de mensagens privadas, imagens e vídeos denunciadas por usuários do WhatsApp como impróprios e depois analisados pelos sistemas de inteligência artificial da empresa.”
Ainda segundo a organização, uma reclamação enviada à Comissão de valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) no ano passado denunciava o uso extensivo de empresas e serviços terceirizados, sistemas de inteligência artificial e informações privadas das contas de WhasApp para examinar qualquer conteúdo denunciado. Segundo o documento, a prática violaria as políticas de privacidade estabelecidas pelo Facebook. Porém, a SEC não tomou nenhuma medida sobre a denúncia e se recusou a comentar sobre o assunto.
Polêmica revela entrelinhas do processo de denúncia
Toda essa situação gerou uma grande discussão sobre a verdadeira privacidade dos usuários do WhatsApp. Enquanto o 9to5Mac contatou a empresa e esclareceu que, do ponto de vista técnico, a criptografia ponta a ponta não é quebrada e que sua política se mantém íntegra, novas informações que podem não ser óbvias vieram a tona.
No ato de se denunciar uma mensagem, o WhatsApp afirma que “interações recentes” serão incluídas no relatório. Porém, o que ambas as apurações descobriram é que outras mensagens anteriores são encaminhadas junto com a reportada para moderadores do Facebook. Conforme confirmado pelo 9to5Mac, mais especificamente os quatro arquivos mais recentes acompanham o alvo da denúncia para criar um contexto para auxiliar a análise do conteúdo.
Com informações: 9to5mac, ProPublica
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