World ID: ANPD apura venda de íris desde novembro

Autoridade Nacional de Proteção de Dados se pronunciou sobre coleta de íris da Tools for Humanity. ANPD informou que empresa passa por fiscalização mais rigorosa

Felipe Freitas
• Atualizado hoje às 18:00
Resumo
  • A ANPD informou que está investigando, desde novembro de 2024, a coleta de íris realizada pela Tools for Humanity (TfH) na cidade de São Paulo.
  • A empresa oferece cerca de R$ 700 por íris coletada, realizando o pagamento em criptomoeda convertida para reais.
  • De acordo com a ANPD, os dados processados pela TfH obedecem a normas mais rigorosas de proteção e privacidade de dados.

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) informou à imprensa que apura a venda de íris — parte da chamada World ID — desde novembro de 2024. A empresa Tools for Humanity (TfH), que opera o projeto, voltou a virar assunto no Brasil por causa do crescimento da coleta de íris em postos localizados na cidade de São Paulo.

A ANPD disse em comunicado divulgado ontem (15/01) que os dados processados pela TfH devem seguir regras mais rigorosas no que diz respeito à proteção e privacidade.

O que é a Tools for Humanity e o World ID?

A Tools for Humanity criou o World ID como um serviço de verificação de humanidade. Seguindo a popularização e evolução das IAs, a empresa, que tem entre seus fundadores Sam Altman, CEO e fundador da OpenAI, visa criar um cadastro para diferenciar robôs e pessoas.

A ideia é que a íris coletada sirva como prova de humanidade em situações nas quais uma IA poderia ludibriar alguém. Por exemplo, durante uma entrevista online de emprego, o candidato teria que submeter a sua íris a uma análise, garantindo que é ele mesmo participando e não um deepfake.

Como a Tools for Humanity está formando o World ID?

A Tools for Humanity paga, no Brasil, em torno de R$ 700 para cada pessoa que forneça a sua íris para a World ID. Afinal, ninguém iria até um dos 38 pontos de coleta espalhados em São Paulo para entregar um dado biométrico de graça. O pagamento é feito com a criptomoeda da empresa, que depois é convertida em reais. O valor é pago em 11 parcelas (1 por mês).

No fim do ano passado, a World ID havia coletado 100 mil dados de brasileiros. Segundo uma apuração recente do UOL, esse número já está em 400 mil — com 1 milhão de downloads do aplicativo no Brasil. O app é usado para fazer o saque (a conversão da criptomoeda em reais é feita pelo World App, assim como o pré-cadastro).

O crescimento dos cadastros reacende o debate sobre proteção, privacidade e uso de dados biométricos por empresas. Isso levou a ANPD a se pronunciar sobre o caso e fez a World ID retornar ao noticiário brasileiro — especialmente diante do fato de que, em apenas dois meses, o número de cadastros quadruplicou.

ANPD se pronuncia sobre o caso

Em nota enviada à imprensa, a ANPD esclareceu que o tipo de serviço fornecido pela Tools for Humanity (processamento de dados pessoais biométricos) integra um regime de proteção mais rigoroso. Assim, há uma limitação das hipóteses legais sobre o tratamento desses dados.

A ANPD também reforçou que a Tools for Humanity segue em processo de fiscalização, aberto em novembro de 2024. O processo está na fase de análise de documentação e pode ser consultado por qualquer pessoa no site do órgão.

A autoridade também destaca que as pessoas devem se informar atentamente antes de cederem dados biométricos para empresas. Entre as recomendações estão a leitura do termo de uso e a política de privacidade, pesquisar a reputação da empresa e avaliar a real necessidade da coleta de dados.

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Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.