O que é o sensor LiDAR usado em câmeras de smartphones?

O scanner LiDAR foi a aposta da Apple para melhorar a câmera de iPhones e iPads, e Samsung também usa a tecnologia; entenda como o sensor funciona e suas aplicações

Felipe Ventura Ana Marques
• Atualizado há 1 ano e 6 meses

O scanner LiDAR é um tipo de sensor de profundidade que realiza mapeamento 3D com precisão, utilizando pulsos de laser. Ele pode ser encontrado em smartphones, carros autônomos, drones e dispositivos de realidade aumentada.

A sigla “LiDAR” significa “Light Detection and Ranging” (detecção e alcance de luz). A quarta geração do iPad Pro foi a primeira com um sensor LiDAR embutido na câmera traseira; os primeiros celulares com a tecnologia foram o iPhone 12 Pro e Pro Max.

Como funciona o sensor LiDAR

O sensor LiDAR emite pulsos de luz que atingem objetos, e detecta os pulsos que são refletidos de volta. Ele mede o intervalo de tempo que o pulso leva para fazer esse trajeto, e assim calcula a distância em relação ao objeto.

O scanner repete esse processo milhões de vezes por segundo, gerando uma nuvem de pontos com data, hora e localização. Isso é usado para criar um mapa 3D em tempo real do ambiente, com informações espaciais precisas.

Os dispositivos LiDAR possuem estes quatro elementos principais:

  • emissor de laser: emite os pulsos de luz infravermelho que se espalham pelo ambiente;
  • scanner: distribui os feixes de laser, e regula a velocidade e a distância com que eles escaneiam o ambiente;
  • sensor LiDAR: faz a detecção de luz, registrando cada pulso que é refletido de volta para o dispositivo, para medir a profundidade de campo;
  • GPS: acompanha e registra a localização do sistema LIDAR, e usa dados de satélite para validar as distâncias entre objetos.

O LiDAR consegue “ver” em 3D sob todo tipo de luminosidade, porque possui uma fonte própria de luz. O sensor geralmente vem ao lado de câmeras tradicionais, que produzem apenas imagens 2D do ambiente, e que são afetadas por luz solar intensa, escuridão e reflexos.

O funcionamento do sensor LiDAR é semelhante ao de um radar: ambos calculam distâncias ao emitir um sinal e medir quanto tempo ele demora para retornar. A grande diferença é que o LiDAR usa ondas de luz, enquanto o radar emite ondas de rádio.

O LiDAR gera imagens 3D com mais detalhes, mas tem um alcance que varia de 4 m a 45 km de distância. Enquanto isso, o radar produz mapas de profundidade menos precisos, mas pode detectar objetos em um raio de até 500 km.

LiDAR vs ToF

O LiDAR é um tipo de sensor ToF que possui um scanner para distribuir feixes de laser. Todo sensor de profundidade ToF usa a medição do “tempo de voo” (Time-of-Flight) para calcular a distância de um objeto: esta técnica envolve emitir ondas de luz e calcular quanto tempo elas demoram para serem refletidas de volta.

A principal vantagem do LiDAR sobre outros sensores ToF 3D é o alcance maior: de 4 m a 10 m em espaços internos, até 200 m em carros autônomos, e 1 km a 45 km em aplicações espaciais, como explica a universidade suíça EPFL.

O sensor LiDAR tende a custar mais que alternativas ToF 3D: ele exige componentes mais complexos, além de uma tecnologia laser mais precisa.

De celulares ao setor automotivo: as aplicações do scanner LiDAR

  • Celulares e tablets: o LiDAR está integrado à câmera traseira de modelos do iPhone e iPad Pro, permitindo um foco automático mais rápido, especialmente em pouca luz, e oferecendo mais precisão para apps de realidade aumentada via ARKit;
  • Robôs aspiradores: o LiDAR faz um mapeamento mais preciso de ambientes, para o aspirador não “engolir” objetos pequenos no chão – a tecnologia está no Samsung Jet Bot+ e Jet Bot AI+;
  • Carros inteligentes: scanners LiDAR mapeiam o mundo ao redor e ajudam na automação veicular, com carros que dirigem com menos supervisão humana;
  • Segurança pública: o LiDAR pode ser usado da mesma forma que um radar de velocidade, e consegue mapear áreas urbanas para planejar operações da polícia ou de forças militares;
  • Astronomia: a NASA usa LiDAR no helicóptero Ingenuity para manobrá-lo com segurança pela superfície de Marte;
  • Mapeamento: sistemas LiDAR coletam medidas tridimensionais de terrenos (topografia), edifícios (arquitetura), rodovias e ambientes internos;
  • Meio ambiente: a varredura a laser com LiDAR permite mapear riscos de inundação, erosão costeira, e estoques de carbono nas florestas;
  • Física da atmosfera: o sensor ajuda a coletar dados meteorológicos e detectar tipos de partículas no ar.

Limitações do sensor LiDAR

  • Custo: sistemas LiDAR são mais caros que outras técnicas para medir profundidade, como sensores ToF 3D;
  • Imagens sem cor nem textura: pode ser difícil interpretar os dados do LiDAR sem imagens sobrepostas de uma câmera tradicional;
  • Interferência: o dispositivo pode interferir com outros sensores LiDAR ao redor se eles escanearem a mesma área ao mesmo tempo;
  • Ruído atmosférico: detritos no ar, que fiquem entre o transmissor de luz e o objeto, podem afetar as medidas de distância.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.