O que é uma câmera termográfica?

Saiba o que é e como funciona uma câmera termográfica, e descubra se a tecnologia é eficiente para detectar casos de COVID-19

Ronaldo Gogoni
• Atualizado há 2 meses

Uma câmera termográfica é capaz de exibir diferentes temperaturas em um ambiente, uma região ou mesmo de indivíduos. Recentemente, vem sendo usada para detectar pessoas em estado febril, em busca de sintomas comuns em casos de COVID-19, com base em diferenças na temperatura corporal. Confira a seguir o que é termografia, como uma câmera termográfica funciona e se elas são úteis contra o novo coronavírus.

câmera termográfica

O que é termografia?

A termografia (do grego therme, “calor” e grafia, “escrita”) é uma técnica de mapeamento que consiste em mapear uma região, um humano ou um animal para identificar temperaturas de diferentes áreas do seu corpo. É basicamente uma forma artificial de visualizar a luz no espectro infravermelho, invisível ao olho nu, e identificar calor.

Existem diversos usos para a termografia, mas ela é mais frequentemente empregada na indústria, como uma ferramenta de manutenção preditiva que detecta níveis de estresse (mais precisamente, aquecimento anormal) e fadiga de materiais em peças e equipamentos.

Ela também é usada na agricultura, para o mapeamento de lavouras e identificar o nível de estresse hídrico, para saber os pontos em que é necessário irrigar mais.

Drones já são equipados com câmeras termográficas e capazes de fazer isso.

Fotografia termográfica / câmera termográfica
Exemplo de escaneamento termográfico

Em um registro termográfico, as cores indicam quais áreas são mais quentes e quais são as mais frias, seguindo a hierarquia: tons frios (verde/azul) indicam temperaturas baixas, enquanto as quentes (laranja/vermelho), regiões com índices mais elevados.

Como uma câmera termográfica funciona?

Uma câmera termográfica pode usar dois tipos de sensores: os refrigerados, que ficam dentro de uma caixa selada e são resfriados geralmente com nitrogênio, e os não-refrigerados, que funcionam em temperatura ambiente.

O primeiro tipo, por trabalhar a temperaturas muito baixas, tende a entregar imagens térmicas de melhor resolução, e é capaz de capturar imagens de boa qualidade a grandes distâncias. O segundo tipo fica sujeito à variação de resistência ou de tensão quando é aquecido pela radiação infravermelha e, embora não tenha uma qualidade tão boa, câmeras com sensores não-refrigerados tendem a ser bem mais baratas.

Em comum, ambos sensores podem captar variações na radiação eletromagnética, que qualquer corpo com temperatura acima do Zero Absoluto (-273,15º C ou 0º K) emite, seja ele inanimado ou vivo. Sim, nós emitimos radiação o tempo todo, como tudo o que existe.

Como a câmera termográfica é usada contra a COVID-19

Fernando Llano / câmera termográfica / AP
Monitor de câmera termográfica mostra temperatura corporal de passageiros no Aeroporto Internacional da Cidade do México (Fernando Llano / AP)

Como câmeras termográficas podem exibir alterações de temperatura, diversos órgãos de governo e locais públicos com concentração constante de pessoas, como aeroportos (inclusive no Brasil), estão usando esse tipo de termômetro para identificar indivíduos com febre, que apareceriam “mais quentes” na tela. O sintoma (febre alta) é um dos vários da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

O grande problema de adotar esse método, no entanto, é que uma câmera termográfica só é capaz de identificar a temperatura externa e não a interna — que pode ser mais elevada do que aquela registrada pelo sensor. Além disso, pessoas em aglomerações e lugares fechados, com ventilação inadequada, tendem a apresentar temperaturas mais altas, que não necessariamente significa que estejam com febre.

Por fim, a febre pode se apresentar dias após uma pessoa ser infectada pelo novo coronavírus, isso se ela desenvolver algum sintoma (muitos casos são assintomáticos). E, mesmo estando aparentemente sadio, o indivíduo é um vetor da doença o tempo todo que estiver com o vírus em seu organismo. A recomendação dos profissionais é a de que a forma mais segura de detectar novos casos é através dos testes clínicos.

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Ronaldo Gogoni

Ronaldo Gogoni

Ex-autor

Ronaldo Gogoni é formado em Análise de Desenvolvimento de Sistemas e Tecnologia da Informação pela Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo). No Tecnoblog, fez parte do TB Responde, explicando conceitos de hardware, facilitando o uso de aplicativos e ensinando truques em jogos eletrônicos. Atento ao mundo científico, escreve artigos focados em ciência e tecnologia para o Meio Bit desde 2013.