Octodad Dadliest Catch, ou “eu não aprendi a ser um polvo”

Renata Persicheto
• Atualizado há 1 ano e 7 meses

Às vezes, tudo o que queremos na vida é o sucesso de uma família feliz e estruturada. Desde o casamento com alguém que amamos, aos passeios ao aquário com as crianças, o esforço para que tudo funcione bem se faz necessário diariamente. E fique sabendo que esse esforço pode ser ainda maior, caso você seja um molusco.

Lançado em janeiro para PlayStation 4 e PC, no Steam, Octodad: Dadliest Catch é um indie bem inconvencional. Criado casualmente por alunos da Universidade de DePaul, em Chicago, o jogo gira em torno de Octodad, um polvo que decide viver em uma sociedade humana tendo que passar despercebido por todos (caso contrário sua missão falhará e será necessário recomeçá-la).

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Por se tratar de um jogo indie, não espere gráficos que saltem aos olhos e muito menos ache que vai ver um polvo de verdade agindo em ambientes comuns: pelo contrário, seu visual é bastante cartunesco e vívido, combinando muito com sua trilha sonora, por Ian McKinney (dê play no vídeo abaixo enquanto lê ;)).

O principal diferencial de Octodad é que, além do fato do personagem principal ser um cefalópode, parece que o próprio jogo não se leva a sério.

De início, você precisa controlar o protagonista (com as alavancas do joystick, para o console, e com os botões do mouse, para o computador) e fazer com que ele se apronte para o casamento. Para tanto, basta simplesmente buscar um terno, emprestar a gravata de um vitral do Cthulhu (SIM!), procurar as alianças e selar o compromisso com sua gentil futura esposa.

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Não há como descrever em palavras a dificuldade infinita de casa um desses passos

Principalmente se você for, como eu, membro do seleto time de pessoas mais descoordenadas do universo. Quatro dos tentáculos de Octodad estão presos, por pares, em pernas de calças humanas – os quatro restantes são seus braços e algo semelhante a bigodes. Cada parte desses membros é controlada por um dos botões do mouse, sendo o scroll responsável pela troca de segmentos: braços e pernas. Eu até diria que é mais fácil na prática do que em teoria, mas mesmo tendo o controle em mãos, o negócio complica até que você pegue o jeito.

Apesar de curto, o game consegue desenvolver claramente sua linearidade no que se trata de controles: de início, o foco é em aprender a fazer as tarefas mais simples, como andar e cortar grama, passando então para as mais complicadas, como acertar tabuleiros de jogos e roubar mercadorias das compras alheias.

Nunca foi tão divertido ser descoordenado

Octodad também possui um modo cooperativo para até quatro jogadores, em que cada um comanda um “eixo” do polvo. Isso torna o jogo ainda mais confuso, porém divertido.

Aliás, achar graça na dificuldade é uma das grandes lições do título. Na tentativa de viver em sociedade como um ser humano comum, o polvo necessita de movimentos precisos, sem dar na cara a sua condição. Considere realizar atividades do nosso cotidiano, como fazer café e grelhar hambúrgueres, porém com os movimentos desengonçados de tentáculos escorregadios e elásticos, e o resultado pode ser risivelmente desastroso.

Navegando os sete mares da importância

O polvo-pai precisa ser carinhoso com seus filhos e cuidar bem de sua gentil esposa, fazendo suas vontades mesmo que isso signifique arriscar a própria integridade. Com exceção dde alguns humanos sem coração, que compreendemos serem os chefões, costuma Octo se dar bem com todos – mas quando se dá mal, é mal mesmo. Há chef de cozinha que deseja ter seus tentáculos cozinhando em suas panelas, pesquisadores querem estudá-lo e deportá-lo para o mar… A vida do coitado é tudo, menos fácil.

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E aí mora (caso você seja daqueles que “entram” no universo do jogo, por mais raso que ele seja) a grande premissa de Octodad: durante todo o tempo, vemos um molusco que se desdobra para deixar tudo ao seu redor no mais perfeito estado. Ainda que falhe miseravelmente até para colocar o pó de café na cafeteira, o polvo cuida dos seus, perceptivelmente abdicando da simplicidade de ser um animal em seu habitat natural, por pura empatia e amor. Uma graça.

Ficha técnica

  • Plataforma: PlayStation 4, Steam

  • Lançamento mundial: 30 de janeiro de 2014 (PC, Linux e Mac); março de 2014 (PS4)

  • Preço sugerido: R$ 24,99 (Steam)

  • Desenvolvedor: Young Horses

  • Distribuidor: Young Horses

  • Requisitos mínimos: Windows Vista SP2, 7 SP1 ou Windows 8, processador Intel Core2 Quad Q8400 de 2,6 GHz ou AMD Athlon II X4 620 de 2,6 GHz , 2 GB de RAM, placa de vídeo Nvidia Geforce GTX 260 ou AMD Radeon HD 4870, 30 GB de espaço livre

  • Requisitos recomendados: (PC) Windows 7/8, Intel Core i5 2.8Ghz, 4Gb RAM, NVIDIA GeForce 450/AMD Radeon HD 5670, DirectX 9.0.

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Renata Persicheto

Renata Persicheto

Ex-redatora

Renata Persicheto é formada em marketing pela Anhembi Morumbi e trabalhou no Tecnoblog como redatora entre 2013 e 2015. Durante sua passagem, escreveu sobre jogos, inovação e tecnologia. Já fez parte da redação do portal Arena IG e também tem experiência como analista de inteligência de dados.