Uma olhada de perto no 5G da TIM em Florianópolis

TIM usa celular dobrável Huawei Mate X e antena da Huawei para demonstração do 5G; velocidade bate 1 Gb/s

Paulo Higa
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• Atualizado há 3 semanas
TIM 5G / Huawei Mate X (Foto: Paulo Higa)

Direto de Florianópolis — A TIM demonstrou nesta quarta-feira (26) sua rede móvel de quinta geração na frequência de 3,5 GHz na capital catarinense. O 5G da operadora usa equipamentos da Huawei para oferecer conexão de alta velocidade e baixa latência para aplicações de internet das coisas, realidade virtual e operações críticas. Nos testes, foi possível atingir velocidades de até 1 Gb/s em um celular dobrável Huawei Mate X.

O projeto-piloto de 5G da TIM em Florianópolis está sendo realizado em parceria com a Fundação CERTI e a Huawei. Em breve, a operadora fará outros dois testes com instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento: em Campina Grande (PB) com a UFCG e a Nokia; e em Santa Rita do Sapucaí (MG) com a Inatel e a Ericsson, focando em soluções automotivas e cidades inteligentes.

Segundo a TIM, este é o “primeiro projeto-piloto do 5G sobre uma rede real”. Isso porque a operadora utilizou dispositivos comerciais para as demonstrações — a Oi, por exemplo, fez uma demonstração de 5G em Búzios (RJ), mas precisou adotar dois roteadores que se conectavam à rede móvel e então compartilhavam a conexão por Wi-Fi. No caso da TIM, os celulares estavam diretamente ligados ao 5G de 3,5 GHz.

TIM 5G / Huawei Mate X (Foto: Paulo Higa)

O Huawei Mate X (que era o único do Brasil e não podia ser tocado por ninguém de fora da Huawei) estava conectado a uma antena 5G, também da Huawei, instalada no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). De acordo com a TIM, não se tratava de uma rede dedicada para a demonstração: a infraestrutura do 5G foi instalada na mesma torre que já fornece 3G e 4G no local.

Embora o desenvolvimento do 5G em Florianópolis seja voltado para comunicação máquina a máquina (M2M), ou seja, com foco em baixa latência, as velocidades de download também foram interessantes, entre 800 e 1.000 Mb/s. O upload ficou em cerca de 90 Mb/s, enquanto a latência para um servidor em São Paulo bateu 19 ms.

TIM 5G / Huawei Mate X (Foto: Paulo Higa)

Não é algo tão impressionante se considerarmos que o 5G promete taxas de transferência em nível gigabit: nos rascunhos da especificação, já se falava em latências abaixo dos 4 milissegundos e downloads de 20 Gb/s. Mas são resultados bem melhores que os do 4G, mesmo sem a utilização das ondas milimétricas (mmWave), que funcionarão em frequências altíssimas (26 GHz) e terão maior capacidade de banda.

O leilão de frequências do 5G está marcado apenas para março de 2020 no Brasil, mas a TIM já se diz preparada para a rede móvel de quinta geração. Assim como o LTE, o 5G transmite chamadas telefônicas pela internet, portanto, o VoLTE se torna essencial para a adoção da nova rede — a operadora informa que oferece a tecnologia em mais de 3.200 cidades. Além disso, a TIM passou a virtualizar sua infraestrutura em 2018 e tem 37 data centers espalhados pelo país.

A expectativa é que o 5G seja adotado em aplicações como realidade virtual, porto conectado, agricultura conectada, monitoramento ambiental, diagnóstico médico remoto e indústria 4.0, na digitalização de processos e cadeias de fornecimento. Gravamos um Tecnocast para explicar que o 5G não é só para deixar a internet do celular mais rápida.

As dificuldades do 5G e quando chega

TIM 5G (Foto: Paulo Higa)

Um dos problemas do 5G é que a quantidade de espectro oferecida no leilão da Anatel será baixa: serão apenas 200 MHz na faixa de 3,5 GHz, que deverão ser fatiados entre as quatro grandes operadoras do Brasil. As demonstrações em Florianópolis foram realizadas com 100 MHz de espectro — o que é mais do que a TIM provavelmente terá disponível em operação comercial.

Outra questão é que a frequência de 3,5 GHz interfere nas antenas parabólicas que capturam sinal de TV por satélite na banda C. Mas o diretor de engenharia da TIM, Marco Di Constanzo, disse que o convívio entre os dois sistemas “é absolutamente possível, com um conflito que terá baixo custo”. Para ele, a limpeza de frequência “não será um impeditivo”.

Mas teremos tempo até que o 5G vire realidade. “O que precisamos para lançar o 5G é o espectro. Esse espectro será outorgado por um processo de leilão da Anatel, o que deve acontecer no primeiro trimestre de 2020. (…) Será necessária uma limpeza, o que deve demorar cerca de um ano. Esperamos ter pilotos comerciais dentro de um ano, e operar comercialmente depois do processo de limpeza, a partir de 2021”, diz Constanzo.

Paulo Higa viajou para Florianópolis a convite da TIM.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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