iPhone 11: aquele para ser comprado

iPhone 11 perde corpo de aço inox, câmera teleobjetiva e tela OLED, mas ainda é um grande aparelho

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 10 meses
Apple iPhone 11 - Review

Ninguém duvida muito da capacidade dos iPhones 11 Pro — polêmicas à parte, eles foram os primeiros celulares a ganharem nota 10 em um review do Tecnoblog. Mas a Apple também lançou um modelo menos caro em 2019 para quem não quer gastar tanto dinheiro: o iPhone 11 é o sucessor espiritual do iPhone XR e tem o mesmo desempenho dos aparelhos mais avançados, mas custando até 40% menos no Brasil.

Ainda assim, o iPhone 11 não é nada barato: ele tem preço sugerido a partir de R$ 4.999, podendo chegar a R$ 5.799 na versão de 256 GB. Em comparação com o iPhone 11 Pro, o modelo troca a tela OLED por uma LCD, não traz uma terceira câmera com zoom óptico e tem poucos avanços na bateria. Será que vale a pena economizar e deixar os modelos Pro de lado? Eu te conto nos próximos minutos.

Análise do iPhone 11 em vídeo

Design e tela

Apple iPhone 11 - Review

O iPhone 11 é um smartphone que passa uma sensação de robustez, tem proteção contra água e traz opções de cores para agradar todo mundo — meu preferido é o vermelho, mas o verde, que me lembra um antigo iPod nano por causa das bordas coloridas, não fica muito atrás. Ainda assim, ele tem algumas baixas relevantes em relação aos iPhones 11 Pro e 11 Pro Max.

O primeiro baque é a moldura em volta da tela. O LCD não permite bordas tão finas quanto o OLED dos iPhones mais caros. E, em vez de colocar um queixo embaixo do display, como algumas fabricantes, a Apple decidiu tornar as bordas simétricas e espessas em todos os lados — por isso, o tamanho do iPhone 11 acaba ficando muito próximo do iPhone 11 Pro Max, mesmo tendo uma tela menor, de 6,1 polegadas.

Apple iPhone 11 e 11 Pro Max - Review
Apple iPhone 11 e 11 Pro Max - Review

Além disso, a traseira é de vidro com acabamento brilhante (que acumula muito mais marcas de dedo) e as laterais são de alumínio, não aço inoxidável. A Apple apenas seguiu a cartilha do design do iPhone XR que, apesar de não parecer barato em nenhum momento, é certamente menos sofisticado que os modelos mais avançados.

Outro ponto herdado do iPhone menos caro de 2018 é a tela, que continua sendo uma LCD de 1792×828 pixels. Embora não seja um campeão das fichas técnicas, o display tem excelente qualidade: a definição é boa, sendo impossível enxergar pixels individuais a olho nu; as cores são equilibradas, com uma calibração parecida com a das telas OLED da Apple; e o contraste é ótimo, chegando quase ao preto absoluto.

Apple iPhone 11 - Review

A tela do iPhone 11 marca todas as caixinhas para ser considerada excelente, mas é fato que a Apple poderia ter caprichado mais. Na concorrência, a Samsung oferece displays melhores no Galaxy S10, só que cobrando menos. E, agora que a Apple tem seu próprio serviço de streaming, um iPhone “de entrada” com a tela OLED do iPhone 11 Pro seria mais interessante, particularmente ao assistir a conteúdos com HDR.

Câmera

Apple iPhone 11 - Review

Em 2019, a Apple correu atrás da concorrência e melhorou o pós-processamento das câmeras, notavelmente com o modo Noite para tirar fotos melhores no escuro e com o Deep Fusion para aprimorar a definição das imagens com a ajuda de uma rede neural. Por isso, as câmeras do iPhones 11 Pro são excelentes — e o iPhone 11 está no mesmo nível, já que a única diferença é a falta de uma lente com zoom óptico na traseira.

Apple iPhone 11 - Review

Como já disse em outras análises, se for para escolher entre uma ultrawide e uma teleobjetiva, a primeira é bem mais interessante, uma vez que você não consegue simular um campo de visão maior só usando software, enquanto um zoom de 2x pode ser feito com qualidade decente por meio de algoritmos de redimensionamento. No caso do iPhone 11, a escolha é acertada porque os truques dos modelos mais caros continuam disponíveis aqui.

Apple iPhone 11 - Teste de câmera
Apple iPhone 11 - Teste de câmera

As duas câmeras traseiras operam simultaneamente. Por isso, se você cortar o pé de uma pessoa em uma foto, é só reenquadrar a imagem depois. Enquanto estiver filmando, a lente ultrawide é usada para estabilizar toda a cena sem distorcer os cantos. E os efeitos de iluminação no modo retrato estão todos no aplicativo da câmera.

Apple iPhone 11 - Teste de câmera
Apple iPhone 11 - Teste de câmera
Apple iPhone 11 - Teste de câmera

Em boas condições de iluminação, as fotos do iPhone 11 têm excelente definição, alcance dinâmico muito bom e cores equilibradas, só com um pequeno ganho na saturação para não deixar a imagem fria demais. No escuro, as capturas permanecem ótimas, desde que o modo Noite esteja ativado: as luzes não estouram e todo o quadro fica mais equilibrado.

Apple iPhone 11 - Teste de câmera
Apple iPhone 11 - Teste de câmera

As câmeras talvez sejam o avanço mais importante do iPhone XR para o iPhone 11, já que o modelo de 2018 tinha uma única lente e tentava simular efeitos de desfoque de fundo por software, o que tem suas limitações. Já neste ano, quem optar pelo iPhone menos caro não perde quase nada em relação ao iPhone 11 Pro e 11 Pro Max.

Hardware e bateria

Falar de desempenho de iPhone novo é chover no molhado: é o celular mais rápido que você vai encontrar por aí. Nos últimos anos, a Apple tem projetado os melhores processadores móveis de suas épocas e nada mudou no A13 Bionic. Não existe nenhuma perda de performance em relação aos modelos mais caros: na verdade, como a resolução da tela do iPhone 11 é menor e o chip gráfico é o mesmo, um efeito colateral positivo é que os games podem ficar mais rápidos.

Apple iPhone 11 - Review

Já a bateria me deixa no meio do caminho. Tanto o iPhone 11 Pro quanto o 11 Pro Max tiveram avanços significativos na autonomia em relação ao iPhone XS e XS Max — é quase impossível esgotar a carga em um dia. Mas o iPhone 11 tem quase a mesma capacidade de bateria do iPhone XR; em termos nominais, o aumento foi de pouco mais de 5%. A autonomia é boa, mas seria melhor se o modelo mais acessível ganhasse as mesmas novidades.

No meu dia de teste, tirei o iPhone 11 da tomada às 9 horas, assisti a vídeos no YouTube e naveguei pela web pelo 4G por cerca de duas horas, escutei músicas por streaming no Apple Music por uma hora e capturei algumas fotos ao longo do dia, sempre com brilho no automático. Às 22 horas, o aparelho ainda tinha 47% de carga, o que é excelente e se mostrou até melhor que o Galaxy S10+, que possui uma bateria bem maior.

Apple iPhone 11 - Review

Só não dá para perdoar uma coisa: a Apple continua enviando um mísero carregador de 5 watts na caixa do iPhone 11. Outras fabricantes já mandam adaptadores de 15 ou 18 watts há muito tempo até em celulares intermediários — é inadmissível que um aparelho que parta de R$ 4.999 venha com um acessório tão básico. É mais rápido carregar o iPhone 11 em uma bateria portátil do que direto na tomada.

É claro que você pode ir a uma loja da Apple e comprar um cabo USB-C para Lightning de 1 metro e um carregador de 18 watts pela bagatela de R$ 368. Mas não é como se o iPhone 11 já não fosse caro o suficiente.

Vale a pena?

Apple iPhone 11 - Review

Quem pensa em comprar um iPhone 11 provavelmente já tem um iPhone. Nesse sentido, o modelo “básico” de 2019 é uma boa pedida: ele sacrifica pouca coisa em troca de uma redução significativa de preço em relação aos modelos Pro. Como o processador é o mesmo, a longevidade também deverá ser a mesma — eu não me surpreenderia vendo um iPhone 11 funcionando bem daqui três ou quatro anos, com um “iOS 17”.

A tela não tem o preto real do iPhone 11 Pro, mas ainda é de excelente qualidade, além de mostrar um branco e um nível de brilho melhores que de AMOLEDs de celulares intermediários. O carregador ainda é ridículo, mas é provável que você só ligue o aparelho na tomada uma vez por dia, então não é como se fosse o fim do mundo. E a falta de uma lente com zoom óptico deve fazer pouca diferença na vida da maioria das pessoas.

São sacrifícios que, por dois, três ou quatro mil reais a menos, dá para encarar sem problemas. O iPhone 11 Pro Max é o iPhone que eu desejaria, mas o iPhone 11 é o que eu compraria.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.110 mAh;
  • Câmera frontal: 12 megapixels (f/2,2);
  • Câmeras traseiras:
    • Principal: 12 megapixels (f/1,8) com estabilização óptica de imagem;
    • Ultrawide: 12 megapixels (f/2,4)
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11a/b/g/n/ac/ax, GPS, Glonass, Galileo, QZSS, Bluetooth 5.0, Lightning, NFC (Apple Pay);
  • Dimensões: 151x76x8,3 mm;
  • Memória externa: sem suporte a cartão de memória;
  • Memória interna: 64, 128 ou 256 GB;
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 194 gramas;
  • Plataforma: iOS 13.2;
  • Processador: hexa-core Apple A13 Bionic com GPU quad-core;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, reconhecimento facial (Face ID), barômetro, bússola;
  • Tela: Liquid Retina IPS LCD de 6,1 polegadas com resolução de 1792×828 pixels.

iPhone 11

Prós

  • Bateria dura muito, apesar de não ter avançado tanto
  • Câmeras excelentes em qualquer condição
  • Desempenho de sobra, com o mesmo A13 Bionic dos mais caros

Contras

  • É mais rápido carregar na power bank que com o adaptador de tomada
  • LCD não é ruim, mas já é hora de mudar para o OLED
Nota Final 9.4
Bateria
9
Câmera
9
Conectividade
10
Desempenho
10
Design
9
Software
10
Tela
9

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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