Brasil terá “consequências” ao permitir 5G da Huawei, diz embaixador dos EUA

Embaixador dos EUA, Todd Chapman diz que Brasil poderá enfrentar consequências negativas se aceitar equipamentos da Huawei para 5G

Paulo Higa
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• Atualizado há 5 meses
TIM 5G / Huawei Mate X (Foto: Paulo Higa)

O embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, deu o alerta em entrevista nesta quarta-feira (29): se o Brasil permitir que a Huawei forneça equipamentos de infraestrutura de 5G para as operadoras, poderá enfrentar “consequências”, como perda de investimentos de empresas americanas. Os Estados Unidos já baniram a Huawei e conseguiram apoio de aliados como Reino Unido e França.

Ao jornal O Globo, Chapman diz que a seleção de fornecedores de 5G não é uma questão comercial, mas de “segurança nacional”, porque não existem empresas americanas entre os competidores. As principais fabricantes da nova tecnologia, além da Huawei, são a sueca Ericsson, a finlandesa Nokia e a sul-coreana Samsung.

“Cada país é responsável por suas decisões. As consequências que estamos vendo no mundo é que há um receio de empresas que estão baseadas na propriedade intelectual de fazer investimentos em países onde essa propriedade intelectual não seja protegida”, afirma o embaixador.

Para o embaixador, a Huawei poderia ser obrigada a enviar informações para o governo chinês, o que desestimularia os investimentos de empresas do setor farmacêutico e de software, por exemplo, que lidam com inteligência e propriedade intelectual. Se o Brasil não seguir o mesmo caminho, “vai continuar exportando produtos primários, e não de alta tecnologia”.

Huawei já domina redes no Brasil

A Huawei já domina o mercado de infraestrutura de redes no Brasil. Estimativas da Anatel apontam que 70 mil das 86 mil torres de 2G, 3G e 4G existentes no país são fabricados pela empresa chinesa. O vice-presidente Hamilton Mourão disse ao UOL em junho que seria muito difícil banir a fabricante no país: “As nossas operadoras não podem da noite para o dia simplesmente retirar isso”.

O leilão de frequências de 5G está previsto para 2021, depois de sucessivos atrasos. As operadoras Claro e Vivo se anteciparam e estão lançando suas redes 5G com as faixas já utilizadas anteriormente por gerações passadas, com ajuda da tecnologia de compartilhamento dinâmico de espectro (DSS).

No Reino Unido, as operadoras não poderão mais comprar novos equipamentos da Huawei e as torres já existentes deverão ser completamente substituídas até 2027, uma mudança que poderá custar até 2 bilhões de libras esterlinas, o equivalente a R$ 13,2 bilhões. Enquanto isso, a França não deverá renovar as licenças de uso de equipamentos da fabricante chinesa.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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