Cientistas mostram como um simples exame de vista poderá detectar Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer não tem cura, mas quanto mais cedo for diagnosticada, mais favorável tende a ser o seu tratamento. O problema é que ainda não há um método simples e barato de identificar a doença. Mas este cenário pode mudar em poucos anos: pesquisadores australianos estão desenvolvendo um tipo de exame de vista que poderá diagnosticar a enfermidade rapidamente, antes mesmo de suas primeiras manifestações.
Neuro-degenerativa e potencialmente incapacitante, a Doença de Alzheimer afete cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo estimativas atuais. Trata-se de um dos tipos de demência mais comuns, portanto (convém destacar que, na medicina, demência indica a perda permanente e progressiva de funções cerebrais, não “loucura”).
Diagnosticar a condição não é tarefa fácil. Para fazê-lo, os médicos executam uma análise cuidadosa do histórico do paciente e recorrem a exames para afastar a possibilidade de sintomas ou sinais estarem associados a outras doenças. Não raramente, estes exames são complexos e relativamente caros, como é o caso da ressonância magnética.
Ainda não se sabe a causa exata do Alzheimer, mas acredita-se que a doença esteja fortemente associada ao acúmulo excessivo no cérebro de uma proteína chamada beta-amiloide. Este é o ponto de partida dos pesquisadores da agência australiana de ciência CSIRO: eles propuseram um exame ocular para identificar a presença destas moléculas.
De acordo com o doutor Shaun Frost, um dos cientistas responsáveis pela pesquisa, as concentrações de beta-amiloide encontradas nas retinas podem refletir os níveis da proteína no cérebro, tornando, a princípio, o teste bastante confiável.
Para o exame, o paciente deve ingerir uma substância de contraste que faz as placas de beta-amiloide “brilharem” à análise do equipamento de imagem. Os resultados preliminares mostram que até blocos bastante pequenos da proteína podem ser identificados, alimentando a possibilidade de o exame ser capaz de ajudar no diagnóstico de Alzheimer de maneira bastante precoce, até 20 anos antes dos primeiros sintomas, segundo os pesquisadores.
Esta é um aspecto deveras importante: como a Doença de Alzheimer ainda não tem cura, o tratamento nos estágios iniciais pode retardar a evolução da enfermidade e amenizar os transtornos ao portador quando os primeiros sintomas começarem a se manifestar: perda de memória, confusão mental e desorientação estão entre eles.
Não é a primeira vez que um exame dos olhos é proposto para auxiliar no diagnóstico da Doença de Alzheimer: no final do ano passado, cientistas norte-americanos apresentaram uma ideia parecida partindo da hipótese de que, na existência da enfermidade, determinadas células da retina também são destruídas.
O exame para avaliar os níveis de beta-amiloide parece mais precisos, no entanto, mas conclusões só poderão ser tiradas com mais estudos, incluindo a análise dos testes feitos pelos mais de 200 voluntários que aceitaram colaborar com a pesquisa.
Com informações: CNET