Dormindo mal? Este pequeno radar promete ajudar a descobrir a causa
A Organização Mundial da Saúde estima que 40% da população mundial não dorme bem. Em muitos casos os motivos são facilmente detectáveis. Mas outros são tão complexos que a pessoa precisa ser avaliada em um laboratório do sono. Mas um exame mais simples pode estar a caminho graças a um pequeno radar chamado DoppleSleep.
Os laboratórios especializados no assunto realizam a chamada polissonografia. Nesse teste, vários eletrodos e sensores são posicionados na cabeça e em outras partes do corpo para avaliar atividade cerebral, batimentos cardíacos, esforço respiratório, saturação do oxigênio, movimentos dos olhos, entre outros aspectos.
Esse não é um exame invasivo. Basicamente, você só precisa passar a noite no laboratório para ter seu sono avaliado. O problema é que, com tantos fios conectados ao corpo e o ambiente diferente (até dá para fazer o exame em casa, mas essa é uma opção menos frequente), pegar no sono pode ser difícil, principalmente para os mais ansiosos.
É aí que o DoppleSleep pode fazer a diferença. O equipamento foi criado por pesquisadores da Universidade de Cornell, da Universidade de Washington e da Universidade do Estado de Michigan para substituir os sensores conectados diretamente ao corpo, tanto quanto possível.
O funcionamento lembra os radares móveis que a gente encontra nas rodovias. Esses dispositivos emitem sinais de rádio na direção dos veículos. O intervalo entre cada emissão é constante, mas os reflexos consequentes diferem. A frequência da onda rebatida é que determina a velocidade do veículo.
No DoppleSleep, os sinais de rádio refletem a pessoa que está dormindo para detectar os seus movimentos. Esses dados são então submetidos a um algoritmo que avalia parâmetros como frequência cardíaca, respiração e mudanças de posição que determinam se o indivíduo está em estágio REM de sono (mais profundo).
Aí vem a pergunta mais importante: funciona? Para descobrir, os pesquisadores testaram o DoppleSleep com oito pessoas. Cada uma deixou o aparelho a alguns metros de distância durante duas sessões de sono. Para comparação dos resultados, os participantes também usaram dispositivos seguramente precisos na avaliação do sono, como camisa biométrica, faixa para a cabeça e pulseira com sensores.
Com o cruzamento dos resultados de ambos os métodos, os cientistas descobriram, por exemplo, que o DoppleSleep teve quase 90% de acerto na identificação do estágio REM e aproximadamente 80% em relação às fases mais leves do sono.
Para a primeira etapa de testes, são resultados interessantes. Tanzeem Choudhury, pesquisadora que integra a equipe do projeto, acredita que o DoppleSleep poderá mesmo ser usado no lugar de dispositivos conectados ao corpo.
Não em todos os casos. A polissonografia continua sendo um exame mais completo e preciso. Mas, além dos estágios de sono, o DoppleSleep é capaz de indicar quanto tempo a pessoa leva para dormir e quantas vezes acordou durante a noite, por exemplo. Os parâmetros analisados devem ser suficientes para tratamento de casos mais simples ou como avaliação preliminar.
Eventualmente, o paciente poderá usar o equipamento em casa e levá-lo para o laboratório no dia seguinte, embora os pesquisadores não saibam ainda como o DoppleSleep se comporta quando há mais de uma pessoa dormindo no mesmo ambiente.
O seu smartphone como um aliado
Convém procurar ajuda médica se você ronca bastante, tem apneia do sono ou enfrenta insônia frequentemente, por exemplo. Se você quer apenas avaliar o seu sono ou identificar o que pode ser feito para melhorá-lo, não precisa ir tão longe: apps como Sleep Cycle e Sleep Better podem ser de grande ajuda.
Basta ativá-los e deixar o smartphone ao seu lado na cama durante a noite. Os aplicativos usarão os sensores do aparelho para monitorar o seu sono. Os resultados não são muito precisos, mas dão uma boa noção sobre como você tem dormido.
Discutimos o uso desses apps (no meu caso, a experiência com o Sleep Better) e como a tecnologia pode ajudar — e prejudicar — o sono no Tecnocast 022. Confere lá. Foi um papo bem interessante.
Com informações: MIT Technology Review