Quando da privatização, o governo brasileiro determinou a criação de agências específicas que fiscalizariam (em tese, veja bem) os serviços antes fornecidos por empresas estatais, que passavam para mãos particulares. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) teria todo o poder para resguardar o interesse dos assinantes de telefonia, banda larga e televisão por assinatura. O que a gente vê não é bem isso.
Nos Estados Unidos a conversa é outra. A FCC (comissão federal de comunicações) não só trabalha de forma mais intensa, como prova que tem o interesse do consumidor em primeiro lugar. Eles até dizem quais são os serviços de banda larga que realmente cumprem suas promessas.
Depois de um ano, os técnicos da FCC encerraram os trabalhos e publicaram um grande estudo sobre a banda larga de lá. Uma firma de pesquisa realizou testes de conexão em 6.800 residências espalhadas pelo país, a fim de montar uma amostragem que permita determinar onde a banda larga presta e onde ela deixa a desejar.
Pelos resultados divulgados pelo site Msnbc.com, o download nos Estados Unidos não está muito melhor que o feito pelo brasileiro. Das 13 empresas de banda larga pesquisadas, só quatro oferecem a taxa de download prometida em seus materiais publicitários. Mas a maioria fica nos 80% — cabe lembrar que muita empresa de banda larga do Brasil se compromete com o mínimo de 10%.
Em upload 90% das empresas cumprem o que promete. Mas isso é assim mesmo: os internautas normalmente estão mais interessados em consumir conteúdo do que em publicá-lo. Existem estudos que comprovam isso.
O estudo da FCC com todos os detalhes, informações sobre metodologia e conclusões pode ser baixado gratuitamente. Foi publicado como PDF.
Aí eu te pergunto: o que impede a Anatel de realizar procedimento similar? A internet nesse país continua sendo um gargalo para o crescimento que nós tanto queremos. Seria interessante até mesmo para traçar um comparativo entre a situação antes e depois do Plano Nacional de Banda Larga (que já está atrasado). Não, eles estão mais interessados em emplacar reportagem no “Fantástico”.
Imagem: Flickr – Jonathan A. Kit