Adblock: YouTube é acusado de espionagem e de violar leis europeias

Especialista em privacidade digital acusa o Google de usar script de espionagem para bloquear adblocks; profissional também denunciou a Meta

Felipe Freitas
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Ilustração com as marcas do YouTube e de aplicativo de adblock
YouTube é acusado de espionagem por script que impede o uso de adblocks (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O YouTube e a Meta são acusados de utilizar scripts de espionagem. O autor das acusações, Alexander Hanff, profissional especializado em privacidade de digital, abriu uma ocorrência na polícia nacional da Irlanda. Em suas denúncias, Hanff afirma que o script usado pelo Google para impedir ferramentas de adblock se enquadra como spyware, nome dado a programas de espionagem, porque monitora os dispositivos dos usuários.

Ao denunciar os casos para a Garda, polícia nacional da Irlanda (órgão similar à nossa Polícia Federal), o profissional espera que o caso vá para os tribunais. Em uma publicação no LinkedIn, Hanff explica que está abrindo as queixas para as duas empresas com base nas seções 2 e 5 da lei crimes relacionados a sistemas da informação, sancionada em 2017 na Irlanda.

O especialista também abriu uma queixa na Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, um órgão cuja função é fiscalizar o cumprimento da legislação da União Europeia (UE) no país. No entanto, em entrevista para o The Register, Hanff relata que a UE e os órgãos nacionais de proteção de dados são falhos em proteger os interesses dos usuários.

Autor de denúncias contra Meta e YouTube explica suas acusações no LinkedIn (Imagem: Reprodução/LinkedIn)
Autor de denúncias contra Meta e YouTube explica suas acusações no LinkedIn (Imagem: Reprodução/LinkedIn)

YouTube usa “espionagem” para bloquear adblocks

Não é de hoje que todo mundo sabe que as redes sociais nos espionam (por exemplo, eu só falei no WhatsApp sobre minha mudança e o YouTube começou a me jogar anúncios de lojas de móveis). Todavia, a acusação de Alexander Hanff usa o recém-lançado script para detectar o uso de uma extensão de bloqueador de anúncios.

Desde que o YouTube começou a impedir a execução de vídeos para quem usa adblock, uma parte dos usuários estão tentando novos meios de seguir sem anúncios no YouTube. O caso de Hanff é, pelo que foi apurado, o primeiro a tentar judicializar a política anti-adblock da plataforma de vídeos.

Na entrevista para o The Register, Hanff explica que o código do Google é espionagem porque é lançado sem o conhecimento e autorização do usuário em seu dispositivo, com único objetivo de monitorar o seu comportamento durante a navegação.

Print de mensagem que diz que “bloqueados de anúncios são proibidos no YouTube”
Script do Google responsável por bloquear adblocks é chamado de “spyware” por especialista que denunciou a empresa (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

Essa justificativa também é usada na acusação contra a Meta e seu monitoramento de dados para enviar anúncios direcionados. O especialista em privacidade reforça, nas duas situações, que as empresas tem acesso ao que acontece no seu dispositivo. No caso da Meta, ele ainda afirma que desde 2018, quase um ano após a sanção da lei de crimes ligados a sistemas da informação, a empresa não tem uma base legal para justificar o processamento de dados dos usuários.

Em seu LinkedIn, Alexander Hanff, que tem mestrado no tema de cibersegurança e privacidade informou que irá prestar um depoimento em Dublin, onde fica a sede da Garda, “em um futuro próximo”.

Com informações: AndroidAuthority e The Register (1 e 2)

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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