Caso iMessage: Google se une a operadoras contra a Apple na Europa

Gigante das buscas se une a operadoras para que União Europeia classifique iMessage como serviço essencial e obrigue-o a "conversar" com outros apps

Giovanni Santa Rosa
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iMessage (imagem: Rodnae Productions/Pexels)
iMessage (imagem: Rodnae Productions/Pexels)

Em mais um capítulo de sua guerra contra o iMessage, o Google se aliou a operadoras de telefonia para pressionar a União Europeia. O grupo quer que o serviço de mensagens da Apple seja considerado uma plataforma essencial — obrigando-o a “conversar” com outros aplicativos concorrentes.

A iniciativa do Google teve apoio de Vodafone, Deutsche Telekom, Telefónica e Orange. Em uma carta enviada para a Comissão Europeia, as empresas pedem que o iMessage seja incluído na regulação de serviços de plataforma essenciais.

Caso isso aconteça, o iMessage terá que adotar a interoperabilidade e trocar mensagens com outros apps, como o WhatsApp.

Apple é “gatekeeper”, mas iMessage não é essencial

Essa classificação é parte do Regulamento de Mercados Digitais (ou DMA, na sigla em inglês), que deve entrar em vigor em 2024. O texto tem como objetivo impedir que gigantes da tecnologia favoreçam seus próprios produtos, prejudicando consumidores e concorrentes.

Atualmente, a Apple é considerada um “gatekeeper” ou “controlador de acesso”, isto é, uma empresa com impacto considerável no mercado interno, que serve para conectar empresas e consumidores e que tem uma posição consolidada.

No entanto, nem todos os seus produtos estão sujeitos a regulações. Atualmente, apenas a loja App Store, o navegador Safari e o sistema operacional iOS, do iPhone, foram classificados como serviços de plataforma essenciais.

O iMessage ainda está sob investigação. A Apple argumenta que os usuários não pagam pelo iMessage e é possível usar os aparelhos da marca sem recorrer ao app.

Já a União Europeia questiona se o mensageiro não traz contribuições indiretas para a empresa, por vir pré-instalado e só funcionar com produtos Apple. Isso, na avaliação do bloco, o tornaria “um importante elemento para a expansão do ecossistema” da companhia.

Para o Google e as empresas de telefonia, classificar o iMessage como serviço essencial seria melhor para os consumidores, já que os recursos de mensagens do app só estão disponíveis para usuários da Apple.

Google faz campanha pelo RCS

A briga do Google contra o iMessage já vem de alguns anos. A empresa tem apostado em iniciativas para pressionar a Apple a adotar o padrão RCS. Este padrão é uma espécie de sucessor do SMS e do MMS, e traz vários dos recursos presentes no mensageiro da maçã.

Até agora, o Google já usou músicas, hashtags e apoio de outras empresas, como a Samsung, mas não obteve muito sucesso. Recorrer à regulamentação da União Europeia é mais uma parte dessa campanha.

Enquanto isso, no Brasil, o assunto deve ter pouco ou nenhum efeito prático. A Apple tem uma fatia de mercado bem menor que na Europa e nos EUA, o que torna o iMessage bem menos relevante.

O principal fator, porém, é mesmo a “onipresença” do WhatsApp. Como disse Will Cathcart, presidente do mensageiro da Meta, em uma entrevista recente à Folha de S.Paulo, o Brasil é o país com o uso mais intenso de WhatsApp no mundo.

Qualquer que seja o resultado da campanha do Google, nem iMessage, nem RCS devem conseguir muito espaço por aqui.

Com informações: Financial Times, Engadget

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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