Ministério da Ciência vai debater investimento em tecnologias quânticas

MCTI cria grupo de trabalho para discutir propostas, como centros regionais e acordos com outros países. Governos e empresas já investem em tecnologias quânticas.

Giovanni Santa Rosa
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Fachada do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Grupo de trabalho criado pelo MCTI terá um ano para apresentar propostas de políticas públicas para tecnologias quânticas (Imagem : Jefferson Rudy / Agência Senado)

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) criou um grupo de trabalho visando propor uma iniciativa nacional para tecnologias quânticas. Entidades ligadas à pesquisa científica participarão dos debates. A portaria que cria o grupo de trabalho foi publicada no Diário Oficial da União na última terça-feira (21) e entra em vigor no próximo dia 3 de junho.

Segundo o texto, a prioridade das atividades será a independência tecnológica no setor, tendo em vista, além disso, a segurança cibernética e os campos de semicondutores e nanotecnologia, entre outros. Entre as atribuições, está esboçar as políticas públicas para o país competir no campo de tecnologias quânticas, levantando parceiros, lacunas e oportunidades.

Wafer de silício para chips quânticos (imagem: divulgação/Intel)
Wafer de silício para chips quânticos (Imagem: Divulgação / Intel)

O grupo de trabalho será coordenado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital, ligada ao MCTI. Outros órgãos também participarão das discussões:

  • Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos
  • Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)
  • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
  • Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii)
  • Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)
  • Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM)
  • Laboratório Nacional de Computação Científica.

O prazo para apresentar a minuta com as propostas é de um ano. Centros regionais de competência e acordos bilaterais com países estão entre as ideias. Além disso, o grupo de trabalho terá que ouvir outros ministérios e propor fontes de recursos para financiar suas propostas.

O Brasil já tem alguns projetos nesta área. Em 2021, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e professores de instituições como Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) criaram a Quantum Information Technologies (Quintec). O objetivo é conectar a pesquisa acadêmica a empresas e fomentar a criação de startups.

Em 2023, o MCTI e a Embrapii anunciaram investimentos de R$ 60 milhões no centro de tecnologia quântica do Senai Cimatec, de Salvador (BA).

Empresas e governos investem em tecnologias quânticas

Como observa o TeleSíntese, as tecnologias quânticas despertam interesse de empresas (como Alibaba, IBM, Intel, Google e Microsoft, por exemplo) e governos (China, Estados Unidos, Reino Unido e Coreia do Sul, para citar apenas alguns).

A expectativa é que essas tecnologias possam levar adiante a miniaturização de componentes e a busca por eficiência energética.

Google computador quantico Sycamore (Google/Divulgação)
Computador quântico Sycamore, do Google (Imagem: Divulgação / Google)

Em 2019, o Google anunciou que havia atingido a chamada supremacia quântica com seu computador quântico Sycamore. Isso significa que ele conseguiu resolver um problema que jamais seria solucionado por um computador tradicional em um tempo razoável.

Desde então, a Universidade de Ciência e Tecnologia da China e a empresa canadense Xanadu declararam ter alcançado feitos superiores ao Sycamore.

Mesmo com o avanço tecnológico, a computação quântica ainda não encontrou muitas utilidades práticas. O Google criou até mesmo um concurso para premiar quem der ideias de algoritmos para resolver problemas do mundo real usando estas máquinas — e as propostas nem precisam funcionar.

Com informações: TeleSíntese, Sociedade Brasileira de Física

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