Reino Unido parece desaprovar compra da Activision Blizzard pela Microsoft
Microsoft não está contente com posição de órgão inglês, embora uma decisão final deva ser divulgada apenas em 2023; Brasil aprovou compra sem restrições
Nesta quarta-feira (12), a Autoridade de Concorrência e Mercados da Inglaterra (CMA) detalhou suas preocupações com relação à compra da Activision Blizzard. Segundo o órgão, a negociação impactará a competitividade no mercado. Quem não gostou disso foi a Microsoft, que chamou as alegações da CMA de “injustificadas”.
Em um documento, a entidade disse estar preocupada que o acordo entre a Microsoft e a Activision Blizzard possa prejudicar a Sony, caso a dona do Xbox torne o conteúdo da holding exclusivo para sua plataforma.
O órgão também se diz preocupado que a empresa use desses conteúdos para competir com rivais de streaming de jogos, como o Amazon Luna e o GeForce Now.
Depois de examinar uma série de evidências, a CMA acredita que a fusão atende ao limite para referência […], dando origem a uma perspectiva realista de uma redução substancial da concorrência nos consoles de jogos, serviços de assinatura e de jogos na nuvem.
Em resposta, a Microsoft disse que a Sony “tem a capacidade de se adaptar e competir. Os jogadores acabarão se beneficiando dessa maior competição e escolha.”
A Microsoft não está feliz com o regulador CMA do Reino Unido sobre seus comentários de aquisição da Activision Blizzard. Descreve as preocupações do regulador como “injustificadas” e que “adota as reclamações da Sony sem considerar o potencial dano aos consumidores” 👀 🧵 1/3
A gigante de Redmond também fez menção à posição líder da japonesa no mercado de consoles, citando uma base de instalação de 150 milhões do PS contra 63,7 milhões do Xbox.
Além disso, a empresa observou as recentes negociações que a Sony fez, como a compra da Bungie e da Haven. E não apenas isso: segundo a Microsoft, em 2021, havia mais de 280 títulos exclusivos e de terceiros no PlayStation — quase cinco vezes mais do que no Xbox.
Por fim, a Microsoft reafirmou que manterá a franquia Call of Duty no PS, alegando que removê-los “mancharia as marcas Call of Duty e Xbox”. A empresa também argumentou que trazer os jogos da Activision Blizzard para o Game Pass ofereceria aos jogadores mais opções.
Investigação tramita em segunda fase
Em setembro passado, a CMA informou que investigaria mais de perto o acordo de US$ 68,7 bilhões entre a Microsoft e a Activision Blizzard. O trâmite teve uma primeira fase, mas foi expandido para uma segunda devido a uma série de preocupações.
Na verdade, a aquisição da holding está sendo analisada por reguladores do mundo inteiro justamente por causa de leis antitruste, que fazem o sinal vermelho acender.
Essa segunda fase da investigação da CMA examina o acordo com uma maior riqueza de detalhes e avalia se uma fusão entre duas ou mais empresas prejudica ou não concorrência.
Aqui no Brasil, há menos de uma semana, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou a compra sem restrições. De acordo com o órgão, a decisão foi tomada com base na “proteção da concorrência enquanto meio de promover o bem-estar do consumidor brasileiro”.
Embora o Reino Unido deva dar o veredito final em março de 2023, a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC), que também tem algumas preocupações, deverá se pronunciar no próximo mês.
Com informações: The Verge, Game Industry e Venture Beat