Microsoft em 2023: teve a compra da Blizzard e a chegada do Bing com IA

Satya Nadella se mostrou ressentido com o fim do Windows Phone. Confira os principais destaques da big tech na retrospectiva.

Felipe Freitas

O ano de 2023 foi positivo para a Microsoft. A big tech finalmente concluiu a compra da Activision Blizzard, que a transformou na terceira maior empresa de games do mundo. Ela também deixou o Google para trás ao lançar uma ferramenta própria de inteligência artificial (integrada ao Bing).

Que tal aproveitar esta semana mais parada para relembrar os principais acontecimentos da Microsoft? Confira abaixo os destaques dos últimos 12 meses.

Conclusão da compra da Activision Blizzard

A conclusão da aquisição da Activision Blizzard foi o fato mais importante de 2023. Para fechar todo o processo de compra, anunciado lá janeiro de 2022, a Microsoft teve até que aceitar que perdeu a guerra dos consoles (palavras dela, não minhas). A big tech mostrou que os usuários ativos de Xbox representam 21% do mercado, contra 34% da Sony e 50% da Nintendo.

A Microsoft justificou que a aquisição da Activision Blizzard é parte da sua estratégia para ganhar mais fatia no universo gamer ao vender os jogos.

Após quase dois anos, Microsoft conclui a compra da Activision Blizzard (Imagem: Divulgação/Microsoft)
Após quase dois anos, Microsoft conclui a compra da Activision Blizzard (Imagem: Divulgação/Microsoft)

A novela da compra não foi nada fácil. O órgão dos Estados Unidos similar ao nosso Cade quase bloqueou a aquisição. A FTC pediu mais tempo para analisar o caso, mas a Justiça americana negou o pedido, alegando que a Microsoft já tinha entregado material suficiente.

Depois, a outra pedra no sapato foi a CMA, o Cade do Reino Unido. Primeiro a entidade rejeitou a compra, afirmando que o negócio prejudicaria a competição no serviço de cloud gaming. A Microsoft entrou com recurso e a decisão favorável saiu no dia 13 de outubro. Horas depois, a big tech publicou um comunicado sobre o fim do processo de aquisição. Com isso, ela se torna a terceira maior companhia de games do mundo, atrás da Tencent e da Sony.

Call of Duty: Vanguard (Imagem: Divulgação/Activision)
Microsoft firmou acordo para manter a franquia Call of Duty no PlayStation e levá-lo para o Switch (Imagem: Divulgação/Activision)

Em 2024, os jogos da Activision Blizzard vão entrar para o Game Pass, serviço de jogos por assinatura da Microsoft. Nas negociações para finalizar o negócio, a empresa concordou em levar o Call of Duty para o Nintendo Switch e em manter a saga no PlayStation 5 por pelo menos 10 anos. Houve, é claro, outros acordos, como lançar os jogos no GeForce Now, serviço de jogos em nuvem da Nvidia.

Microsoft sai na frente na IA e ganha espaço com o Bing

Provavelmente um dos assuntos mais comentados deste ano (e dos últimos meses de 2022), a inteligência artificial também esteve em alta na Microsoft. E analisando melhor, ela é uma das responsáveis pela popularização do tema.

A Microsoft tem 49% da OpenAI, empresa criadora do ChatGPT e do Dall-E. Meses depois do ChatGPT ser lançado, a big tech apresentou o Bing Chat (agora batizado de Microsoft Copilot), uma IA generativa integrada ao buscador Bing.

Bing (Imagem: Divulgação/Microsoft)
Bing ganhou uma IA generativa para fazer buscas, o Microsoft Copilot (Imagem: Divulgação/Microsoft)

De acordo com dados da própria Microsoft, o Bing chegou a 100 milhões de usuários ativos por dia — marca atingida um mês depois do lançamento do Microsoft Copilot. Desse total, um terço era de novos usuários. A big tech disse que o Edge também ajudou a bater o recorde.

Mesmo com os grandes números, a Microsoft segue longe dos 3,5 bilhões de pesquisas feitos por dia no Google. Na verdade, com a desaceleração do hype sobre as IAs, o Bing viu o seu tráfego diminuir. Ao menos o Microsoft Copilot voltou a bombar durante a trend das imagens versão Pixar.

Com a evolução das inteligências artificiais, enganou-se quem achou que a Cortana ganharia um salto de desempenho. A Microsoft optou por descontinuar a assistente virtual e lançar o Windows Copilot – espécie de Bing com IA integrado ao sistema operacional. Ele é capaz até mesmo de mexer em algumas configurações do PC. Ou seja, a Cortana andou para que o Copilot pudesse correr.

Saída de Panos Panay

Panos Panay, da Microsoft, e Windows 11 (Imagem: Divulgação)
Panos Panay liderou o desenvolvimento do Windows 11 (Imagem: Divulgação)

Apesar das conquistas, a Microsoft também viu a saída de Panos Panay, diretor das divisões responsáveis pelo Surface e Windows. Ele esteve na big tech por 19 anos e liderou a equipe que lançou os tablets e notebooks da Microsoft. Panay esteve à frente do Windows 11 e também tomou decisões sobre os rumos do Windows 12, que promete ser o SO mais inteligente do mercado.

O ex-diretor agora está na Amazon. Será bem divertido ver o que a empresa planeja lançar no segmento de dispositivos (Kindle, Echo) e de serviços (Alexa). Amazon e Microsoft, briguem!

Satya Nadella reconhece erros

Homem de óculos sorrindo
Satya Nadella considera que a Microsoft errou ao abandonar o Windows Phone (Imagem: Divulgação/Microsoft)

A Microsoft não se abriu apenas para reconhecer a vitória da Sony e da Nintendo no mercado de consoles. Satya Nadella, o já citado CEO, deu duas declarações reconhecendo alguns “problemas” da big tech. Vamos pela ordem cronológica dos fatos.

No início de outubro, durante o processo aberto pelo governo americano contra o Google, Nadella reconheceu que o Bing é pior que o rival. No entanto, a declaração não foi autodepreciativa, e sim uma maneira (até didática) de explicar a diferença entre os dois buscadores e a dominância do Google.

Por ser menos usado, o Bing não possui dados de usuários que permitem aprimorar os resultados de busca. Alguém entra no Bing pela primeira vez, acha ruim, desiste e volta para o Google. Pronto, temos um ciclo difícil de ser quebrado.

Outro momento de Nadella envolveu o Windows Phone. Ele é o terceiro da Microsoft a mostrar algum arrependimento com a maneira como o sistema operacional para telefones foi gerenciado. Para Nadella, a empresa errou em desistir sem buscar outras alternativas para os tablets e celulares.

O Windows Phone foi lançado em 2010 e descontinuado em 2017. Apesar do “fracasso”, você pode encontrar menções a ele nos fóruns de fãs de tecnologia e em outros cantos da internet. Para a esperança desse público, vez ou outra surge algum (fraco) rumor da Microsoft trabalhando em algo que poderia trazê-lo de volta.

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.