Justiça manda suspender Telegram por não entregar dados à Polícia Federal

Telegram não compartilhou números de telefone de integrantes de grupo neonazista; multa é de R$ 1 milhão por dia de descumprimento

Giovanni Santa Rosa

O Telegram teve problemas com autoridades brasileiras mais uma vez e corre o risco de ser suspenso. Segundo a Polícia Federal, o app de mensagens não entregou dados solicitados em uma investigação sobre neonazistas. A Justiça Federal do Espírito Santo determinou a retirada da plataforma do ar e das lojas de apps.

O Telegram entregou parte dos dados solicitados pela PF na sexta-feira (21), após um pedido judicial. Os investigadores receberam informações parciais do administrador de um grupo neonazista.

No entanto, as autoridades querem dados e contatos dos integrantes desse grupo. O aplicativo de mensagens também não incluiu os números de telefone nas informações compartilhadas.

Segundo a Diretoria de Inteligência da PF, Vivo, Claro, Tim e Oi receberão ofícios ainda nesta quarta-feira (26) para cortar o acesso ao Telegram. Google e Apple deverão remover o app de suas lojas de aplicativos.

A Justiça também aumentou a multa a ser aplicada ao Telegram em caso de descumprimento. Agora, a empresa deverá pagar R$ 1 milhão por dia caso se recuse a fornecer os dados.

Para a 1ª Vara Federal de Linhares (ES), o Telegram tem “evidente propósito de não cooperar com a investigação em curso”. Segundo o juiz Wellington Lopes da Silva, a plataforma alegou que o grupo já foi deletado. O magistrado considerou que esta desculpa é “genérica”.

O Tecnoblog entrou em contato com a equipe de imprensa do Telegram e atualizará este post se tiver uma resposta.

PF investiga ligação de ataque a escolas com grupo neonazista

A investigação da Polícia Federal é sobre o ataque a duas escolas em Aracruz (ES), que deixou quatro mortos. Segundo as autoridades, o assassino, de 16 anos, interagia com conteúdos antissemitas no Telegram. A PF quer saber se os participantes do grupo tiveram influência no crime.

Segundo o pedido de quebra de sigilo telemático enviado pela Polícia Federal à Justiça, os grupos acessados pelo menor infrator tinham tutoriais de assassinato e de fabricação de artefatos explosivos, vídeos de mortes violentas, promoção de ódio a minorias e ideais neonazistas.

Desde o ataque contra uma creche em Blumenau (SC), o Ministério da Justiça vem investigando a ligação entre grupos extremistas e ações violentas desse tipo. Por meio das redes sociais e de grupos neonazistas, a PF chegou a adolescentes nos estados de São Paulo, Piauí e Rio Grande do Sul.

Com informações: G1, Folha de S.Paulo, UOL

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.