Esta é a primeira usina elétrica com emissão negativa de dióxido de carbono

Usina geotérmica na Islândia captura o CO2 da atmosfera e o transforma em pedras

Paulo Higa
• Atualizado há 3 meses

Pouca gente discorda dos efeitos da emissão desenfreada de dióxido de carbono na atmosfera. Há quem diga que devemos reduzir a emissão de CO2, enquanto outros defendem uma ação mais rígida: temos que remover o CO2 que já foi emitido. Uma usina elétrica na Islândia promete fazer exatamente isso: trata-se da primeira com emissão negativa de gases de efeito estufa.

Por “emissão negativa”, entenda que a usina remove mais dióxido de carbono da atmosfera do que emite. Localizada no sudoeste da Islândia, a usina geotérmica possui um módulo que coleta o CO2 diretamente do ar por meio de filtros, liga as partículas à água e as envia para o subsolo, onde se mineralizam, tornando-se pedras inofensivas. Olha só:

Falando assim, parece até fácil: essa usina geotérmica é basicamente uma árvore, só que milhares de vezes mais poderosa na tarefa de sugar o dióxido de carbono da atmosfera. E com a vantagem de gerar energia elétrica com a ajuda do calor natural das atividades vulcânicas da região.

Então por que não instalam essa usina em todos os lugares do mundo? Primeiro, obviamente, entra o fator custo. É possível coletar uma tonelada de dióxido de carbono por US$ 100. No futuro, a expectativa é que esse valor caia para US$ 50. Ainda assim, se precisarmos capturar 10 bilhões de toneladas de CO2 em 2050, gastaríamos US$ 500 bilhões por ano, como nota a Quartz. Quem vai pagar tudo isso?

Além disso, a usina islandesa ainda é um projeto em fase experimental: por enquanto, ela só consegue capturar 50 toneladas de CO2 por ano, o que é longe de ser suficiente para recuperar o estrago que já foi feito. Como a tecnologia é modular, é possível escalá-la para coletar mais dióxido de carbono em uma usina maior (o que, mais uma vez, respinga no fator custo).

De qualquer forma, já é um primeiro passo. O custo de coletar uma tonelada de CO2 em 2011 era de várias centenas de dólares e caiu drasticamente em pouco tempo, tornando-se mais, ahn, “realista” — a prova disso é o funcionamento dessa usina. Esperamos ver a tecnologia sendo mais adotada em um futuro não muito distante.

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Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.