Review iPhone 14: um filme em versão estendida
Tela, desempenho, câmeras: tudo funciona bem no iPhone 14, mas pouca coisa muda em relação à geração anterior
Tela, desempenho, câmeras: tudo funciona bem no iPhone 14, mas pouca coisa muda em relação à geração anterior
Toda nova versão do iPhone chega acompanhada de algumas perguntas. Vale a pena trocar meu iPhone antigo? Compro o modelo recém-lançado ou um de geração anterior? Será que o novo é tudo isso mesmo? Com o iPhone 14 não é diferente, por isso, o Tecnoblog tratou de testar o aparelho.
Eu sou Emerson Alecrim e, nos próximos instantes, vou contar tudo o que descobri sobre a novidade da Apple.
Aviso de ética
Este iPhone 14 foi cedido pela Apple por empréstimo. Os reviews do Tecnoblog não têm intenção publicitária. Para conhecer nossa política editorial, acesse tecnoblog.net/etica.
Se você colocar o iPhone 13 ao lado do iPhone 14, vai ser difícil descobrir qual é qual. No visual, os dois modelos são praticamente iguais. O vidro na traseira está lá, bem como a estrutura em alumínio aeroespacial e as câmeras com alinhamento na diagonal.
Para não dizer que não há diferenças, o iPhone 14 tem uma espessura de 7,8 mm contra os 7,65 mm do iPhone 13. Por causa disso e também porque os botões laterais mudaram discretamente de altura na nova geração, as capas do iPhone 13 não servem no iPhone 14 e vice-versa, pelo menos os modelos oficiais.
Falando nisso, é válido ressaltar que o iPhone 14 é compatível com capas, carregadores e outros acessórios com tecnologia MagSafe. O aparelho também continua trazendo resistência a água em profundidades de 6 m por até 30 minutos.
Ah, sim, há diferenças nas opções de cores. A unidade que o Tecnoblog testou é de um azul claro que não existe na geração anterior. Essa é uma cor bem legal para quem prefere tons sóbrios.
A tela do iPhone 14 tem 6,1 polegadas, um painel OLED que a Apple chama de Super Retina XDR e tecnologia Ceramic Shield — um tipo de vidro resistente.
A resolução é de 2532×1170 pixels. O nível de brilho chega a 1.200 nits em HDR ou, em condições de uso normal, 800 nits. São números tão interessantes que eu não fiquei chateado em saber que esse é o mesmo painel que equipa o iPhone 13.
Mas o que esses números significam no dia a dia? Vamos lá. Para começar, assistir a vídeos ou visualizar fotos é uma experiência bem legal aqui porque as cores são realistas, o nível de detalhamento é alto e o preto é profundo. Não é aqui que uma tela OLED vai decepcionar.
Se você for para a rua em um dia ensolarado, não vai ter dificuldade para enxergar o conteúdo da tela porque o brilho é realmente intenso. Além disso, a visualização sob ângulos variados é notável. Olhe para a tela de qualquer ponto lateral e você vai enxergar bem o que aparece ali.
Recursos como HDR10+, Dolby Vision e True Tone também fazem parte do conjunto. Este último ajusta o brilho da tela de acordo com a luz ambiente e, sem nenhuma surpresa, funciona bem.
A minha ressalva com relação à tela é o fato de ela manter a taxa de atualização em 60 Hz. Pelo menos nesse aspecto, a tela do iPhone 14 poderia ter evoluído em relação ao iPhone 13, né? Mas, se você quiser mais hertz, vai ter que ir para a linha iPhone 14 Pro.
Só para evitar confusão, a Apple também reservou somente aos iPhones 14 Pro o entalhe com tecnologia Dynamic Island. O iPhone 14 mantém o notch anterior, reduzido somente em relação ao iPhone 12.
O iPhone 14 vem de fábrica com o iOS 16, que também está disponível para os modelos lançados desde 2017. Essa versão traz recursos interessantes, mas nenhum deles irá mudar a sua vida.
Um exemplo vem da tela de bloqueio, que foi redesenhada para permitir escolha de fonte e cor para o relógio, uma diversidade maior de widgets e exibição de notificações na área inferior da tela.
Existe também um novo modo Foco, que permite selecionar não só momentos para o recebimento de notificações, mas também quais aplicativos podem exibi-las.
Outras funções inéditas incluem a opção de extrair objetos de fotos para usá-los como figuras em mensagens instantâneas ou redes sociais, e o compartilhamento facilitado de abas do Safari.
O iPhone 14 continua com duas câmeras de 12 megapixels na traseira. Mas há uma pequena evolução aqui. A câmera principal tem abertura f/1,5 e um tamanho de pixel maior, combinação que tende a gerar fotos com mais qualidade em ambientes com pouca luz.
Além disso, a tecnologia Photonic Engine está aqui. Ela tira fotos com diferentes ajustes e compara todas elas para gerar uma imagem tão nítida e fiel nas cores quanto possível.
Funciona bem. Em ambientes claros, o nível de definição é altíssimo e é difícil encontrar ruídos. A exposição é equilibrada, o alcance dinâmico é ótimo e as cores são realistas. Mas, para quem prefere tons mais vibrantes, a coloração pode parecer um pouco “lavada”.
Se você se preocupa com isso, é só escolher o modo “vibrante” no app de câmera para as cores ficarem mais intensas. Também dá para escolher modos para tons quentes, tons frios e contraste aprimorado.
A câmera grande angular, com a sua lente de 120 graus, também faz um trabalho notável em todos esses parâmetros. Mas é possível notar uma ligeira queda de nitidez em relação à câmera principal. Em compensação, as distorções nas extremidades das fotos me pareceram mais bem controladas.
O modo noturno, que é ativado automaticamente, faz o iPhone 14 gerar fotos à noite com bom controle de ruído e detalhamento decente. Decente, não excelente. Em alguns pontos, aquele efeito de textura lavada é perceptível, principalmente nas fotos feitas com a grande angular.
Nas gravações, o iPhone 14 continua permitindo vídeos em 4K e até 60 fps. Mas há pequenas diferenças em relação ao iPhone 13. Agora, o modo Cinema, que funciona como um modo retrato para filmagens, suporta 4K (e não só 1080p). Além disso, a nova geração vem como o modo Ação, que melhora a estabilidade em cenas muito movimentadas.
O modo Cinema em 4K também aparece na câmera frontal, que mantém o sensor em 12 megapixels, mas agora traz uma abertura f/1,9.
Nas fotos frontais, os resultados são tão ou mais interessantes. As imagens têm ótimo nível de nitidez, cores equilibradas e contornos muito precisos no modo retrato. Esta continua sendo uma ótima câmera para selfies. Só que, na prática, é difícil perceber diferenças em relação ao iPhone 13.
O iPhone 14 tem praticamente o mesmo processador A15 Bionic que comanda o iPhone 13. A única diferença é que encontramos cinco núcleos de GPU aqui, contra quatro na geração anterior. Falamos de um chip bastante poderoso, que dá conta de todas as tarefas com fluidez.
Se o núcleo adicional de GPU faz diferença ou não, o fato é que jogos como Asphalt 9 e Genshin Impact rodaram sem nenhum travamento. Sequer houve aquecimento excessivo. O celular até esquenta durante as tarefas mais pesadas, mas sem exageros.
Também coloquei o aparelho para rodar o Geekbench 5 e o 3D Mark. No primeiro, foram 1.743 pontos em single-core (núcleo único) e 4.818 em multi-core. No segundo, foram 2.899 pontos. Em ambas as ferramentas, são números de respeito.
Com base nisso, não acho que a Apple errou ao manter o chip do ano passado aqui. O A15 continua dando conta do recado, com sobra.
Se existe diferença de desempenho em relação ao iPhone 13, ela é pequena, pelo menos com os aplicativos mais rotineiros. De todo modo, o iPhone 14 traz mais RAM. A Apple não revela a quantidade exata, mas descobrimos com o Geekbench 5 que o modelo tem 6 GB de memória contra 4 GB na geração anterior.
Só para complementar, a unidade testada pelo Tecnoblog tem 512 GB de armazenamento, mas o modelo também pode ser encontrado nas versões com 128 GB e 256 GB.
Se o fator bateria pesa na sua decisão de compra, anime-se: o iPhone 14 não decepciona nesse quesito. Bom, não muito.
A Apple fala em até 16 horas de duração em streaming de vídeo. Não é exagero. Após dez horas de reprodução de vídeo na Netflix, com Wi-Fi e brilho máximo na tela, vi a carga da bateria cair de 100% para 58%. Isso significa que a bateria pode superar as 16 horas estimadas pela Apple e ainda ter bastante carga.
O que importa é saber que o iPhone 14 consegue passar um dia inteiro longe da tomada, que é o mínimo que a gente espera de um celular. Em um dia típico, que incluiu acesso ao Gmail, uso do WhatsApp, uma hora de YouTube, duas horas de Spotify e pouco mais de trinta minutos de redes sociais, vi a bateria terminar o dia com 42% de carga.
Mas é tudo muito relativo. Para exemplificar, deixei o aparelho gravando um vídeo durante dez minutos. Essa atividade fez a carga cair de 45% para 40%. Jogando Genshin Impact por 20 minutos, a carga caiu na mesma proporção.
Só não posso afirmar que a autonomia melhorou em relação ao iPhone 13. Até porque o MacRumors descobriu que o iPhone 14 tem uma bateria de 3.279 mAh, número pouca coisa maior que os 3.227 mAh de seu antecessor.
O iPhone 14 tem muitas qualidades. A tela é uma das melhores que eu já vi em um celular, o desempenho é consistente, as câmeras geram fotos ou vídeos excelentes e a bateria tem autonomia aceitável.
Só que pouca coisa mudou de uma geração para a outra. A Apple só melhorou um detalhe aqui, outro ali. Daria até para chamar o iPhone 14 de “iPhone 13s”.
Então, se você já tem um iPhone 13, continue com ele. O iPhone 14 até pode oferecer uma experiência um pouco melhor com fotos, mas, para a maioria das pessoas, esse incremento é pouco relevante.
Se você tem um iPhone 12 ou um modelo mais antigo que está bem usado, partir para o iPhone 14 pode valer a pena, desde que você consiga um bom desconto ou uma promoção. Digo o mesmo para quem está vindo do Android.
Isso porque, no site da Apple, o iPhone 14 custava a partir de R$ 7.599 quando esta análise foi publicada. Já o iPhone 13 começava em R$ 6.499. Como ambos os modelos são muito parecidos entre si, o iPhone 13 acaba levando vantagem na relação custo-benefício.
Uma tela com 90 Hz ou mais e um incremento maior de bateria somariam pontos importantes para o iPhone 14. Mas, ao não ter nenhuma grande inovação em relação à geração anterior, o modelo chega como um filme em versão estendida: é legal, mas você já sabe o final.
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