Uber não reduziu o número de corridas de táxis, diz Cade

Os resultados não fornecem nenhuma evidência de que o número de corridas de táxis diminuiu com o Uber

Lucas Braga
• Atualizado há 2 meses
File illustration picture showing the logo of car-sharing service app Uber on a smartphone next to the picture of an official German taxi sign

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) liberou um estudo que analisa o impacto do Uber sobre as corridas de táxis tradicionais. O órgão, pertencente ao Ministério da Justiça, afirma que o uso do aplicativo de transporte privado individual não provoca alterações no volume de corridas de táxis convencionais.

O estudo foi feito entre os meses de outubro de 2014 e maio de 2015. A análise considerou dois grupos: o primeiro, que compreende as cidades onde o Uber já oferece serviço (Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo) e o segundo nas cidades onde não havia operação do serviço, como Porto Alegre e Recife.

A principal estratégia de pesquisa foi comparar os números de pedidos de chamadas do Uber com os aplicativos 99Taxis e Easy Táxi. O objetivo era verificar se as corridas do Uber apresentaram algum grau de substituição ou mesmo exercido algum tipo de rivalidade. O resultado da análise é bem claro:

“[…] A análise do período examinado, que constitui a fase de entrada e sedimentação do Uber em algumas capitais, demonstrou que o aplicativo, ao contrário de absorver uma parcela relevante das corridas feitas por taxis, na verdade conquistou majoritariamente novos clientes, que não utilizavam serviços de táxi. Significa, em suma, que até o momento o Uber não “usurpou” parte considerável dos clientes dos taxis nem comprometeu significativamente o negócio dos taxistas, mas sim gerou uma nova demanda.”

Isso contraria o argumento dos taxistas de que seus serviços estariam sendo canibalizados pelo Uber: o aplicativo passou a atender uma demanda reprimida, de usuários que não faziam uso do táxi. É fato que ambos os serviços acabam sendo concorrentes, mas na prática a diferença não é significativa o bastante para que os motoristas de táxi se preocupem tanto.

O estudo completo, detalhando todas as metodologias de pesquisas e resultados obtidos está disponível na íntegra.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.