Artistas inundam ArtStation com protestos contra imagens geradas por IA

Protestos de artistas contra espaço dado a imagens criadas por inteligência artificial também ganham as redes sociais

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 9 meses
Protesto contra imagens por IA na ArtStation (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Protesto contra imagens por IA na ArtStation (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

O que antes não passava de reclamações em fóruns e redes sociais, agora é uma manifestação. Na terça-feira (13), artistas que divulgam suas obras na ArtStation iniciaram uma campanha contra a abertura que a plataforma tem dado para artes geradas por inteligência artificial (IA). O resultado é uma sequência de imagens de protesto ocupando a página inicial da comunidade.

Criada originalmente por Alexander Nanitchkov, a imagem da campanha tem os seguintes dizeres: “no to AI generated images” (“não às imagens geradas por IA”).

De acordo com o Kotaku, a manifestação foi iniciada pelos artistas Nicholas Kole e Imogen Chayes, e ganhou força em questão de horas. Pudera: a ArtStation é uma das maiores comunidades da internet para desenhistas, ilustradores e afins.

A web ficou repleta de imagens geradas artificialmente depois do surgimento de ferramentas como Dall-E 2, Stable Diffusion e Midjourney. Todas são baseadas em mecanismos de inteligência artificial que, treinados com milhões de imagens, podem gerar artes em poucos segundos.

Tudo o que o usuário precisa fazer é digitar uma frase ou uma combinação de palavras para que a IA gere imagens correspondentes. Muitas delas não fazem sentido — é isso o que torna essas ferramentas divertidas para muita gente. No entanto, é possível gerar artes impressionantes com os ajustes certos.

Imagens geradas por IA (mosaico extraído do Midjourney)
Imagens geradas por IA (mosaico extraído do Midjourney)

A ArtStation responde

Como a imagem de protesto foi replicada em larga escala, a ArtStation criou uma página de ajuda para dar o seu posicionamento sobre artes geradas por IA. Mas a explicação não agradou aos artistas incomodados com essa “moda”.

Basicamente, a plataforma diz que o usuário deve publicar trabalhos de sua propriedade ou autorizados pelo autor original. Mas as suas diretrizes não impedem que a IA seja usada como ferramenta para isso.

Também há artistas preocupados sobre o uso indiscriminado de seus acervos para treinamento das ferramentas de inteligência artificial. Sobre isso, a ArtStation anunciou o plano de adicionar tags (etiquetas) à plataforma para o artista indicar se a sua obra pode ser usada por IAs.

Se positivo, o artista poderá decidir se a definição vale para ferramentas de IA comerciais ou somente não comerciais. Se negativo, a política de uso da plataforma terá termos específicos para validar a proibição.

A ArtStation também reforçou que não tem acordos com empresas que fazem extração de imagens e que não licencia o conteúdo de seus usuários a terceiros.

Novela longe do fim

Artistas criticam espaço dado pela ArtStation à IA (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Artistas criticam espaço dado pela ArtStation à IA (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

O assunto ainda vai render muitas discussões. Enquanto algumas plataformas já baniram ou restringiram imagens geradas por IA, outras tentam evitar decisões radicais, a exemplo da própria ArtStation.

Para os artistas, um dos aspectos em jogo é a perda de espaço de suas obras para artes que, por serem geradas via computação, são criadas rapidamente e em grandes volumes.

Mas, sim, o cenário em que a IA “rouba” empregos de artistas também vem sendo considerado. Essa possibilidade já preocupa até profissionais de animes e mangás.

Enquanto isso, o movimento “no to AI generated images” ganha força. Além da ArtStation, artistas têm protestado contra imagens geradas por IA nas redes sociais com hashtags como #notoaiart e #saynotoaiart.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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