Samsung divulga resultados financeiros e confirma queda de 96% nos lucros

Queda na demanda de chips de memória RAM e de armazenamento afundou lucro da Samsung; pelo “lado positivo”, linha Galaxy S23 está vendendo bem

Felipe Freitas

20 dias depois de preparar o mercado e acionistas para uma bomba, a Samsung divulgou o resultado financeiro do primeiro trimestre de 2023. A chamativa queda de 96% nos lucros era uma “tragédia anunciada”. A Samsung lucrou “apenas” 640 bilhões de wons (aproximadamente R$ 2,4 bilhões) — no Q1 de 2022, o lucro foi de 14,12 trilhões de wons (R$ 53 bilhões).

No início do mês, a Samsung comunicou que sofreria uma queda de 96% nos lucros, comparando ao mesmo período do ano anterior. O resultado financeiro é o pior da empresa desde 2009, meses depois da falência do banco Lehman Brothers — um dos momentos mais marcantes da crise financeira global de 2008. Dessa vez, a causa do desempenho é a baixa demanda nos chips de memória RAM e ROM.

Preços altos da pandemia agora saem caro para a Samsung

Durante o período mais grave da pandemia de Covid-19, os eletrônicos subiram para preços absurdos. As fabricantes de peças de computadores, notebooks e smartphones estocaram os componentes, como chips DRAM e flash NAND, evitando aumentos futuros e problemas na cadeia de produção.

Porém, os consumidores não estão comprando novos computadores ou memórias — em partes por medo de uma recessão global e da alta inflação. Assim, os estoques continuam cheios e os preços caíram. Com estoques cheios, as empresas não compram memórias da Samsung. Assim como Amazon, Meta e outra big techs, a sul-coreana está “pagando o preço” de um crescimento durante a pandemia.

Integração do Galaxy 3 Book Ultra com o S23 Ultra (imagem: divulgação/Samsung)
Mercado de memórias RAM e ROM, usados em PCs e smartphones, passa por crise (Imagem: divulgação/Samsung)

De acordo com a CNBC, a divisão de chips de memórias é a mais lucrativa da Samsung. Por isso, um baque tão forte no setor impacta significativa as finanças da sul-coreana. A empresa diminuirá a produção de memórias, mas não cortará nenhum centavo de won na infraestrutura e pesquisas da divisão.

Para acalmar os investidores, acionistas e o público em geral, a Samsung informou que prevê um aumento na demanda por chips de memórias no segundo semestre deste ano. O motivo, segundo a empresa, é que o estoque de suas clientes estará menor após os lançamentos de novos PCs, notebooks e smartphones.

Essa aposta da empresa faz sentido, visto que novos chips da Qualcoom para celulares chegarão no segundo semestre. Com isso, fabricantes de smartphones precisam de memórias RAM e ROM. E sobre PCs e notebooks, sempre há empresas lançando novos laptops, além de consumidores querendo atualizar seus computadores com a memória DDR5.

Divisão de celulares se beneficia do Galaxy S23 Ultra

Galaxy S23 Ultra (Imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Galaxy S23 Ultra puxou vendas da divisão de smartphones (Imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Se os clientes seguram a mão na hora de comprar memórias, o cenário muda nos smartphones. O setor DX (sigla para Device Experience), responsável pelos celulares da Samsung, registrou um aumento de 3% nos lucros, atingindo 3,94 trilhões de won (R$ 14,6 bilhões). O valor é comparado ao Q1 de 2022.

A Samsung aponta o Galaxy S23 Ultra como motivo do desempenho da divisão de smartphones. Todavia, ela afirma que toda a linha está vendendo bem. Aqui a Samsung pode até celebrar: enquanto a demanda por smartphones cai no mundo, os Galaxy S23 estão saindo bem.

Com informações: The Verge, Engadget e CNBC

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.