Ligas e TVs dizem que X/Twitter virou “casa da pirataria” no futebol

Grupo formado por campeonatos nacionais, federações e emissoras reclama que rede social de Elon Musk não combate transmissões ilegais

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 2 dias
Imagem de Elon Musk
Para grupo ligado ao futebol, Elon Musk piorou o combate à pirataria no X (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Campeonatos nacionais de futebol, federações internacionais e emissoras de TV se uniram para pressionar o X (antigo Twitter) contra transmissões piratas. O grupo enviou uma carta à CEO Linda Yaccarino, pedindo atenção imediata às falhas da plataforma nesta área. Eles também querem uma reunião para conversar sobre o assunto.

“A abordagem do X para derrubar conteúdo ilegal notificado é lamentavelmente insuficiente e inadequada”, diz o documento, que define o X como “casa da pirataria”. O grupo também critica a nova gestão da rede social. O bilionário Elon Musk comprou o Twitter em 2022 e, desde então, fez uma série de cortes, mencionados na carta.

“Desde que vocês adquiriram a plataforma, testemunhamos uma redução desmoralizante no suporte técnico, tornando ainda mais difícil entrar em contato com a empresa para qualquer tipo de discussão produtiva sobre este assunto”, escrevem as empresas e entidades.

Campo de futebol
Canal Bein diz que centenas de milhares viram jogos da Euro 2024 ilegalmente no X (Imagem: Emilio Garcia / Unsplash)

Elas ainda reclamam que o X cortou 20% dos recursos de moderação de conteúdo e que a rede social não tem as mesmas ferramentas usadas por outras plataformas no combate ao conteúdo pirata.

A carta tem 14 signatários e foi obtida com exclusividade pela agência de notícias Associated Press. Entre os nomes, estão os campeonatos nacionais de Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália; as empresas de mídia DAZN, Sky UK, Bein, DirecTV e Movistar Plus+; e as instituições de futebol Uefa e Conmebol, que representam a Europa e a América do Sul, respectivamente.

A LaLiga, responsável pelo campeonato espanhol, é muito engajada no combate à pirataria, agindo em parceria com autoridades e provedores. Em 2018, porém, ela passou do ponto nessa briga: o aplicativo com informações do torneio usava o microfone do celular para detectar transmissões ilegais, sem que o dono do aparelho soubesse disso.

Meta e YouTube são mais duros contra pirataria, diz TV

A carta não foi revelada na íntegra pela AP, mas, como observa o site Torrent Freak, um artigo recente ajuda a entender o posicionamento. Cameron Andrews, diretor jurídico da Bein, publicou um texto no site da BroadcastPro, publicação especializada em TV e rádio. A Bein é um canal de esporte e entretenimento sediado no Catar.

Andrews diz que a emissora identificou 1.198 transmissões ilegais de jogos da Euro 2024 no X, somando centenas de milhares de espectadores. O diretor afirma que Meta e YouTube vêm trabalhando com os detentores de direitos para combater a pirataria, enquanto o X tem feito muito menos nesse sentido.

As entidades esportivas não são as únicas insatisfeitas com as medidas do X (ou a falta delas) contra a pirataria. Em junho de 2023, gravadoras entraram na Justiça dos Estados Unidos contra a rede social, acusando a rede de não se importar com a pirataria musical.

Com informações: Associated Press, Torrent Freak

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.