Microsoft perde US$ 20 mensais a cada assinante da IA do GitHub

Desenvolvimento e processamento de IA são caríssimos. Preços mais altos e novas formas de cobrança estão entre as opções.

Giovanni Santa Rosa

Apresentada como grande inovação, a inteligência artificial generativa pode ser uma dor de cabeça para as empresas que desenvolvem ferramentas desse tipo devido aos altos custos. Uma reportagem do Wall Street Journal revelou que o GitHub Copilot dá prejuízo médio de US$ 20 mensais por usuário. Este valor é o dobro da assinatura, que custa US$ 10.

O GitHub Copilot ajuda programadores a criarem códigos sem precisar escrever cada linha — ele sugere trechos para complementar o trabalho humano. Além disso, a ferramenta aponta erros e faz traduções. A solução é bastante popular: mais de 1,5 milhão de pessoas já a utilizaram, e ela é responsável por metade do código de quem recorre a ela.

O problema para a Microsoft é que ela é cara. Além do já mencionado prejuízo médio de US$ 20 mensais, alguns programadores a usam tanto que as perdas chegam a US$ 80 mensais.

Como explica o WSJ, ferramentas de inteligência artificial são diferentes de softwares tradicionais.

Softwares tradicionais são escaláveis: cada usuário a mais não representa um grande aumento no custo; se o número de usuários cresce, isso dilui o custo de desenvolvimento.

Ferramentas de inteligência artificial, por outro lado, dependem de modelos treinados com quantidades enormes de dados. Depois, elas demandam muito processamento em servidores para rodar tarefas complexas, como escrever textos e gerar imagens.

Cobrar mais caro ou mudar modelo de negócios?

Os prejuízos estão alinhados com o que se vê em outros produtos. O ChatGPT, talvez a ferramenta de inteligência artificial mais famosa na mais recente onda, perde US$ 0,04 a cada pedido.

A ferramenta tem um plano gratuito, uma opção Plus de US$ 20 mensais e um pacote Enterprise para usuários corporativos, com preços flexíveis.

A Microsoft é uma das maiores investidoras da OpenAI, que criou o ChatGPT. Ela colocou as soluções de inteligência artificial em vários de seus produtos, como Bing, Edge, Windows e Office.

Neste último caso, o recurso não sairá de graça. A empresa começou a vender assinaturas do Microsoft 365 com a inteligência artificial Copilot por US$ 30 mensais. O Google cobra o mesmo preço por sua suíte de apps de escritório com IA.

Além de subir preços, novas formas de cobrança podem ajudar a resolver a questão para as empresas. O Wall Street Journal menciona dois exemplos.

A Adobe disponibiliza o gerador de imagens Firefly em um sistema de créditos. Assim, o cliente não usa mais do que pagou.

Já o Zoom, que tem uma IA para resumir reuniões, preferiu desenvolver os modelos “em casa”, a um custo mais baixo, e liberou a ferramenta para todos os usuários.

Investimento em hardware pode ser alternativa

Uma parte relevante dos custos relacionados à inteligência artificial tem a ver com o hardware. As tarefas são executadas com mais eficiência por GPUs, que eram originalmente destinadas a tarefas de games e vídeo.

A Nvidia é a principal fornecedora deste mercado. Nos últimos meses, ela entrou para o clubinho das empresas que valem mais de US$ 1 trilhão, devido ao aumento na demanda, impulsionada pela IA.

As empresas, porém, já se movimentam para encontrar soluções. Notícias da última sexta-feira (6) apontam que a OpenAI pode estar procurando formas para fabricar seus próprios chips, e a compra de uma empresa do setor está entre as opções.

Google e Amazon também estão trabalhando em GPUs próprias, e a Meta já fez uma primeira tentativa, que não teve sucesso.

Com informações: The Wall Street Journal

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.