Oi tem prejuízo de R$ 1,3 bilhão e planeja 4G com frequência de 2,1 GHz

Oi registra queda na receita de banda larga fixa e telefonia pré-paga; operadora vai usar frequência de 2,1 GHz para 4G e 4,5G

Lucas Braga
• Atualizado há 3 anos
Orelhão da Oi

A Oi divulgou os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2018 e continua sofrendo com os efeitos da recuperação judicial, registrando prejuízo líquido de R$ 1,3 bilhão e apresentando queda na receita. A operadora conseguiu crescer em TV por assinatura, mas teve perdas principalmente com banda larga fixa e telefonia móvel; ela espera que a expansão do 4G e fibra óptica possa evitar a queda no número de clientes.

A receita líquida total foi de R$ 5,5 bilhões, número que é 8,3% menor em relação ao mesmo período no ano anterior. A operadora diz que a culpa é da variação cambial sobre investimentos no exterior; ela também teve despesas maiores de atualização das contingências e juros sobre outros passivos.

Os investimentos (Capex) no período foram de R$ 1,5 bilhão, registrando aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado. A operadora antecipou o ciclo de investimentos para expandir a fibra óptica até a casa do cliente, e para ampliar a cobertura 4G e 4,5G.

Telefonia fixa, banda larga e TV paga

Quando se trata de serviços fixos, a Oi sofre principalmente com telefonia fixa e banda larga. A receita líquida de serviços residenciais foi de R$ 2,1 bilhão, um decréscimo de mais de 10% em relação ao ano anterior. Ela possui 15,1 milhões de unidades geradoras de receita, número 5,9% menor em relação ao ano anterior.

A operadora apresentou redução de 9,4% em clientes de telefone fixo; isso é normal, uma vez que o serviço está cada vez mais em desuso. No entanto, houve redução de 3,7% nos clientes de banda larga fixa: a Oi atribui isso à maior competição de provedores pequenos de internet que atuam em cidades menores, além das capitais.

Ela tenta frear as desconexões de duas formas. A primeira delas é estimulando o empacotamento de produtos, em que o cliente assina um combo com mais de um serviço com a mesma empresa. A segunda forma é expandindo o serviço de internet e TV por assinatura via fibra óptica, o que envolve grandes investimentos. A operadora pretende fechar o ano de 2018 com 1 milhão de residências home passed (cobertas por fibra).

O que segurou a receita de serviços fixos foi a TV por assinatura, que teve um crescimento anual de 9%. De acordo com a Anatel, a Oi é a única operadora entre as grandes que conseguiu crescer com TV. Ela não divulga o gasto médio individual para cada serviço, mas informa que a receita média com a Oi TV ficou estável em relação aos períodos anteriores.

O ARPU (gasto médio por usuário) de serviços residenciais foi de R$ 80,20, alta de 1% em relação ao trimestre passado impulsionada pela TV paga e planos convergentes. O número de clientes com mais de um produto da Oi em suas residências cresceu em 1,9%.

Telefonia móvel

Assim como nos serviços fixos, a Oi também registrou queda na telefonia móvel: a receita líquida caiu em 8,5% no ano, atingindo a cifra de R$ 1,8 bilhão. Ela atribui a redução aos cortes anuais das tarifas de interconexão (VU-M) e à menor receita de voz no pré-pago, que se correlaciona com a alta taxa de desemprego.

Ainda assim, houve crescimento no pós-pago de 7,8% em um ano. A operadora atribui a melhora à simplificação do portfólio e a maiores franquias de internet. No entanto, esse setor é impactado pela limitação de investimentos em redes 4G.

Ela fechou o trimestre com 38,5 milhões de unidades geradoras de receita, sendo 29 milhões de usuários do pré-pago e 7,5 milhões no pós. O ARPU de serviços móveis foi de R$ 16,10, mesmo valor que no ano passado.

Novas frequências no 4G

Das grandes operadoras, a Oi é quem tem a menor cobertura 4G: são apenas 839 municípios com o serviço, enquanto a líder (TIM) possui 3.196 cidades cobertas. Ela também não arrematou a licença para uso da frequência de 700 MHz, que possui maior penetração de sinal e é mais eficiente na hora de cobrir uma região.

No entanto, a Oi está lentamente trazendo novas frequências além dos tradicionais 2.600 MHz: ela já fez o refarming da faixa de 1,8 GHz em 22 cidades (a frequência é utilizada na rede 2G). Além disso, ela revelou que futuramente utilizará a faixa de 2,1 GHz, atualmente usada com 3G, para expansão de cobertura 4G e 4,5G.

Outra estratégia é firmar parceria de compartilhamento e roaming com operadoras concorrentes, que viabiliza a operação em cidades onde a Oi não possui cobertura sem altos investimentos. Ela vai compartilhar cobertura com a TIM em mais de 800 cidades.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.