Robô controlado por cogumelo é novo passo na criação de bio-robôs

Pesquisa publicada pela Universidade de Cornell fez um cogumelo controlar um robô. Biohíbridos podem ter aplicações na agricultura e na ecologia

Felipe Freitas
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• Atualizado ontem às 10:37
(Imagem: Reprodução/Cornell University)
Robô "polvo" é controlado por um cogumelo-ostra e pode ter aplicações na agricultura (Imagem: Reprodução/Cornell University)

Na semana passada, a Universidade de Cornell publicou um estudo no qual desenvolveu um robô controlado por um fungo. Esse bio-robô poderá ter aplicações na agricultura e ecologia, onde o fungo chega a ser mais preciso que eletrônicos para detectar elementos do solo. O estudo da Universidade de Cornell é mais um passo no desenvolvimento de equipamentos bio-híbridos.

Micélios dos fungos controlam robô

Os pesquisadores da Universidade de Cornell usaram o micélio do fungo da espécie cogumelo-ostra para o controle do robô. O micélio é a parte do fungo responsável por carregar nutrientes, realizar simbiose com plantas — ou parasitá-las, a depender da espécie. Ele forma uma rede de comunicação entre fungos e, assim como nossos neurônios, emite sinais elétricos para isso.

Fazendo um comparativo bem livre, o micélio acaba atuando como uma placa de circuito (PCB) no robô, gerando o impulso elétrico para movimentá-lo. A rede de micélios, que lembram as raízes das plantas, seriam as trilhas do PCB.

A movimentação dos robôs (um tipo polvo e outro com rodas) foi feita usando elementos externos. Em um dos três testes, os pesquisadores aplicaram uma luz ultravioleta para que o fungo se locomovesse. Dependendo da mudança no ambiente, o bio-robô reage, seja por estresse ou por identificar elementos — nocivos ou não.

Uso de bio-robôs na agricultura e ecologia

Como destaca o estudo, a capacidade sensorial dos fungos pode ser usada na agricultura, ecologia e outros campos que depende de análises química. Como esses seres vivos são muito sensíveis ao ambiente ao seu redor, os robôs controlados por fungos teriam uma reação mais precisa aos componentes do solo.

No uso da agricultura, por exemplo, o bio-robô poderia detectar se uma plantação já recebeu fertilizantes o suficiente. O uso exagerado de fertilizantes contribui para o crescimento exagerado de algas em rios e até mesmo em praias. Esses produtos são levados pela chuva até rios e, consequentemente, o mar.

Além dessa reação a químicos, os fungos são sensíveis a variações na temperatura, luz (veja no vídeo) e outros elementos não completamente conhecidos pela ciência. Assim, os bio-híbridos acabariam atuando como bioindicadores, seres vivos cuja presença em um determinado ecossistema indica a boa qualidade do ambiente.

Em 2017, cientistas do projeto OpenWorm conseguiram simular o sistema nervoso do nematelminto Caenorhabditis elegans em computador — o sistema nervoso é como “o cérebro” desses seres. Com isso, eles subiram o software do cérebro para um robô.

Com informações: Science Alert (1 e 2)

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Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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