Uber é acusada de banir 15 mil motoristas por cancelamento excessivo
Apesar da denúncia feita por associação de motoristas, a Uber afirma que número foi bem menor e que a prática está de acordo com as políticas da empresa
Apesar da denúncia feita por associação de motoristas, a Uber afirma que número foi bem menor e que a prática está de acordo com as políticas da empresa
A Uber foi acusada de “demitir” mais de 15 mil motoristas por cancelamento excessivo de corridas. Segundo uma reportagem publicada na última sexta-feira (24) pelo g1, a empresa estaria excluindo condutores parceiros da plataforma sem aviso prévio — o número foi reportado pela Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), mas a Uber contesta a informação.
Em agosto, Eduardo Lima de Souza (Duda), presidente da Amasp, confirmou em entrevista ao Tecnoblog que motoristas de apps estão selecionando as corridas, e por isso passageiros têm encontrado dificuldades em iniciar uma viagem. Segundo a associação, aproximadamente 25% dos motoristas de São Paulo desistiram de trabalhar com corridas por aplicativo durante a pandemia.
Em grande parte, o cenário é devido à alta no preço de combustíveis, mas há outros fatores, como problemas com segurança e o baixo retorno financeiro em categorias promocionais.
Ao g1, Duda afirmou que os profissionais passaram por uma “exclusão sumária”, isto é, sem direito de defesa — ele também comenta que quase mil motoristas excluídos o procuraram, surpresos com a suspensão da conta.
Um dos motoristas ouvidos pela reportagem afirmou que trabalhava há quase 4 anos pela plataforma da Uber e nunca havia tido problemas por cancelamento de corridas até agora.
Apesar das críticas, a Uber afirma, em nota, que o número de motoristas que tiveram suas contas desativadas por cancelamento excessivo é bem menor. A empresa diz que “são cerca de um milhão de motoristas e entregadores parceiros cadastrados na plataforma da Uber no Brasil, e apenas uma minoria, cerca de 0,16% do total, apresenta comportamentos que prejudicam intencionalmente o funcionamento da plataforma”.
Ainda de acordo com a companhia, “cancelamentos excessivos ou para fins de fraude representam abuso do recurso e configuram mau uso da plataforma, pois atrapalham o seu funcionamento e prejudicam intencionalmente a experiência dos demais usuários e motoristas”. Apesar disso, a Uber diz que cancelar uma corrida é diferente de recusá-la.
“O abuso no cancelamento de viagens não tem nada a ver com a liberdade do motorista parceiro de recusar solicitações. Na Uber, o motorista é totalmente livre para decidir quais solicitações de viagem aceitar e quais recusar.
A conexão entre parceiro e usuário – quando nome, modelo e placa do carro são compartilhados e o usuário recebe a confirmação de que o motorista está a caminho – só ocorre depois do motorista ter conferido as informações da solicitação (tempo, distância, destino etc.) e decidido aceitar a realização da viagem.”
A Uber enfrenta problemas no Reino Unido, onde usuários também relatam dificuldades para conseguir corridas. Uma reportagem da CNBC publicada nesta segunda-feira (27) mostra que os britânicos estão sofrendo com a escassez de motoristas não somente na Uber, como também em outros apps de carro por aplicativo.
Mas o cenário é um pouco diferente: muitos motoristas migraram para entrega de comida durante a pandemia, em vez de continuarem levando passageiros. Segundo o especialistas em apps de carona, Harry Campbell, muitos motoristas descobriram que, por lá, o pagamento é equiparável no setor de delivery, com um fator decisivo: “eles não precisam lidar com pessoas”.
A diminuição na disponibilidade de condutores resulta em um aumento “exorbitante” no preço em determinados horários, devido à alta demanda por viagens.
“Estamos encorajando 20.000 novos motoristas a se inscreverem para atender à demanda de passageiros conforme as cidades voltam a se mover”, disse um porta-voz da Uber no Reino Unido à CNBC.
Outras grandes cidades do mundo também lidam com a escassez de motoristas, como Lisboa, Paris, Varsóvia e Melbourne.
Apesar dos impasses em relação a motoristas e passageiros, a Uber vem surfando uma onda positiva com a recuperação gradual do setor de mobilidade à medida que a pandemia vai mostrando sinais de regressão em algumas partes do mundo.
Na semana passada, a empresa anunciou a previsão de seu primeiro lucro trimestral ajustado da história — isto é, o que a empresa consegue lucrar após retirar reservas financeiras legais e de contingência. A notícia fez as ações da Uber Technologies registrarem alta de mais de 12% na bolsa de Nova York na terça-feira (21).
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