O que é uma imagem RAW? Entenda as vantagens de fotografar nesse formato

Fotos em RAW eliminam o processamento de imagem da câmera em troca de maior controle na edição; descubra vantagens e desvantagens desse tipo de arquivo

Emerson Alecrim Paulo Higa
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Configuração de RAW em uma câmera Canon (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Configuração de RAW em uma câmera Canon (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

RAW é um tipo cru de imagem, ou seja, que não foi tratado nem teve dados reduzidos ao ser gerado por uma câmera digital. O padrão é muito usado para quem quer ter mais controle na edição de uma foto. Arquivos RAW têm extensões como .DNG, .ARW e .CRW.

Quem inventou o RAW?

O uso profissional de imagens RAW começou em 2004, quando a Adobe lançou a primeira versão do formato de arquivos DNG, sigla para “negativo digital”. Baseado na especificação de imagem TIFF-EP, o padrão DNG foi o primeiro a registrar o conteúdo diretamente do sensor da câmera, sem processamento prévio.

Quando não há pós-processamento ou compressão com perdas em uma foto, os dados originais são preservados. Com isso, a imagem fica com um tamanho em bytes maior, mas permite edições mais precisas. É por isso que o DNG encontrou espaço em câmeras de fabricantes como Hasselblad, Leica e Pentax.

Outros tipos de imagens RAW foram criados nos anos seguintes para atender a outras marcas de câmeras.

Como um arquivo RAW é gerado?

Arquivos RAW são gerados quando o sensor da câmera recebe a luz capturada pela lente e envia essa informação ao processador de imagem. As fotos resultantes são salvas sem passar por nenhum tratamento automático.

Em formatos como JPEG, a câmera faz ajustes automáticos para otimizar parâmetros como brilho e nitidez. Nesse processo, a imagem é significativamente comprimida para ocupar menos espaço de armazenamento.

Da mesma forma que os filmes de câmeras analógicas (ou seja, os negativos) registram todas as informações de uma foto, um arquivo RAW guarda tudo o que o sensor da câmera registrou, pixel por pixel. Por isso, fotos RAW são consideradas um negativo digital.

Como não há nenhum tipo de otimização automática, o fotógrafo tem que ajustar saturação de cores, brilho, contraste e outros parâmetros em um editor de imagens. Esse não é um aspecto ruim, pois a preservação dos dados originais permite que todos os ajustes sejam feitos minuciosamente.

Modo ProRAW no iPhone 14 Pro; a foto tem extensão .DNG (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Modo ProRAW no iPhone 14 Pro; a foto tem extensão .DNG (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Quais são os tipos de fotos em RAW?

Fotos em RAW podem ter diferentes extensões de arquivo dependendo da fabricante da câmera, já que não existe um padrão único. Os tipos de RAW mais comuns são:

  • DNG: introduzido pela Adobe em 2004, é um tipo de RAW bastante popular, sendo compatível com numerosos softwares de edição e câmeras. Têm extensão .DNG;
  • Canon RAW: está presente nas câmeras da marca e têm extensões como .CR2 (baseado no padrão TIFF), .CR3 (baseado no padrão CIFF) e CRW (também baseado em CIFF). Existe também o formato C-RAW, que aplica compressão;
  • Sony Alpha RAW: é um formato de arquivo RAW existente nas câmeras digitais da linha Sony Alpha. Tem extensão .ARW e substitui os padrões SRF (Sony Raw Format) e SR2 (Sony RAW Format 2);
  • Lumix RAW: introduzido em 2008, está presentes nas câmeras Panasonic Lumix. Tem extensão .RW2;
  • Nikon Electronic Format: com extensão .NEF, é o padrão de RAW das câmeras Nikon. Pode ser editado no programa NX Studio, da própria empresa, mas é compatível com outros softwares. A Nikon tem ainda o formato .NRW;
  • Sigma X3F: arquivos .X3F consistem no formato RAW das câmeras da Sigma com sensor Foveon X3;
  • Fujifilm RAF: fotos .RAF são geradas em determinadas câmeras da Fujifilm. Por padrão, o formato não aplica compressão, mas algumas câmeras da marca conseguem compactar arquivos RAF para facilitar o armazenamento;
  • Samsung Expert RAW: é um recurso que permite que os celulares mais avançados da Samsung tirem fotos RAW. Como esse modo, o usuário também tem a opção de fazer vários ajustes manuais. Salva em formato DNG;
  • Apple ProRAW: disponível nos iPhones Pro, combina os dados brutos de imagens RAW com técnicas de fotografia computacional, como o Photonic Engine, o Deep Fusion e o Smart HDR. O Apple ProRAW salva em DNG.
Modo Samsung Expert RAW em um Galaxy Z Fold 4 (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Modo Samsung Expert RAW em um Galaxy Z Fold 4 (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Como abrir um arquivo RAW?

No iPhone e iPad, arquivos RAW com extensão .DNG podem ser abertos no aplicativo Fotos. Para edições, há uma grande diversidade de aplicativos compatíveis, como o Snapseed e o Adobe Lightroom, também disponíveis no Android.

Para Windows, a Microsoft desenvolveu uma extensão que permite que ferramentas como Explorador de Arquivos e Fotos abram diversos formatos de arquivos RAW. No macOS, o aplicativo Fotos consegue abrir arquivos como .DNG e .CR2.

Tanto no Windows quanto no macOS, uma dica é usar o gratuito RawTherapee para editar imagens RAW. O software também está disponível para Linux.

RawTherapee para Windows (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
RawTherapee para Windows (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Quais são as vantagens do RAW?

Muitos profissionais e entusiastas de fotografia gostam de trabalhar com arquivos RAW por causa de vantagens como:

  • Maior controle de edição: arquivos RAW incluem todas as informações capturadas pelo sensor de imagem da câmera, oferecendo mais controle sobre parâmetros como balanço de branco, ISO e exposição;
  • Sem perda de qualidade: como formatos RAW mantêm todos os dados da imagem, não há perda de detalhes que afetam a nitidez, ao contrário de formatos como JPEG, que suportam níveis altos de compressão;
  • Edição não destrutiva: imagens RAW podem ser usadas em editores que permitem fazer alterações na imagem sem sobrescrever os dados originais, possibilitando a reversão do procedimento;
  • Imagens com subexposição: formatos RAW ajudam no tratamento de fotos com subexposição (com menor captura de luz), ideais para velocidades de obturador rápidas ou para evitar “estouros” por luzes fortes;
  • Tratamento de superexposição: o RAW permite fazer correções mais precisas em fotos que ficaram claras demais por causa de uma exposição excessiva;
  • Maior alcance dinâmico: por não ter perdas de informação, imagens RAW podem ter alcance dinâmico maior do que em fotos JPEG ou HEIC, favorecendo trabalhos que precisam de HDR;
  • Ideal para impressão: imagens RAW possibilitam impressões muito precisas, inclusive de imagens em alta resolução.

Quais são as desvantagens do RAW?

Há fatores que fazem formatos RAW não serem adequados para algumas situações, como:

  • Tamanhos de arquivo maiores: uma foto em RAW tem dezenas ou centenas de megabytes, exigindo bastante espaço de armazenamento;
  • Compatibilidade limitada: a falta de padronização para imagens RAW faz alguns formatos do tipo não serem compatíveis com determinados softwares de imagens;
  • Não é ideal para redes sociais: plataformas como Facebook e Instagram até suportam imagens RAW, mas a publicação delas nesses serviços pode resultar em perda de qualidade;
  • Processamento mais pesado: editar ou registrar imagens RAW costuma exigir hardware potente, já que os arquivos são grandes;
  • Maior fluxo de trabalho: a necessidade de conversão ou de tratamento mais detalhado de imagens RAW torna o fluxo de trabalho com elas mais longo.
Foto DNG com 50 MB em um Galaxy Z Fold 4 (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Foto DNG com 50 MB em um Galaxy Z Fold 4 (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Como converter RAW em JPG?

Arquivos RAW podem ser convertidos para JPEG e outros formatos a partir de editores como RawTherapee, GIMP, Darktable e Adobe Lightroom. Nos iPhones Pro, imagens em ProRAW podem ser convertidas a partir da opção Ações Rápidas do aplicativo Arquivos.

É possível converter JPG em RAW?

Sim, é possível converter imagens JPEG em formatos RAW. Contudo, a foto perdeu informações quando foi salva em JPEG, e elas não são recuperadas quando há conversão para RAW. Portanto, esse é um procedimento que não oferece benefícios.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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