Review Samsung Galaxy Z Fold 3: restrito, mas que belo trabalho
Ainda limitado para os early adopters, Galaxy Z Fold 3 é o melhor celular dobrável atualmente e revela uma Samsung muito madura
Ainda limitado para os early adopters, Galaxy Z Fold 3 é o melhor celular dobrável atualmente e revela uma Samsung muito madura
Aconteceu. A Samsung optou por deixar a linha Note na geladeira para fazer a sua linha de dobráveis brilhar. O Z Fold é um deles: a primeira geração que, convenhamos, estava mais para um protótipo, não obteve nota alta como o Z Fold 2 devido aos problemas na tela e no design. Muita coisa foi resolvida na versão anterior, mas o modelo de 2021 chega com um display 80% mais resistente, traz suporte à S Pen, um design sofisticado e com certificação IPX8 (sim, não sei como, mas a Samsung conseguiu).
Ele ainda tem um processador de última geração, o Snapdragon 888, da Qualcomm, com suporte à rede 5G, 12 GB de RAM, tela externa Dynamic AMOLED de 6,2 polegadas e interna de 7,6 polegadas com taxa de atualização de 120 Hz. Para os fotógrafos de plantão, a Samsung entrega cinco câmeras, sendo uma escondida sob o display. Afinal, qual é a proposta deste produto? O Tecnoblog teve a oportunidade de avaliar o Galaxy Z Fold 3 antes do lançamento e você pode ficar por dentro do aparelho nos próximos minutos.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto. Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo.
O Galaxy Z Fold 3 foi fornecido pela Samsung por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
Analisando o ponto alto do aparelho, que é o design, eu posso dizer que a Samsung não fez nenhuma modificação radical na parte física — o Galaxy Fold 3 ainda nos faz lembrar do Fold 1 e do Fold 2. Apesar disso, há boas novidades por aqui, como irei comentar logo adiante. Antes inspirado no relevo imponente do Galaxy Note 20 Ultra, o módulo das câmeras agora está mais discreto e, mesmo assim, a Samsung não deixou de destacar as três lentes ali alocadas, é claro.
O time de design da sul-coreana fez algumas alterações curiosas na cartela de cores. O icônico bronze que marcou a geração passada foi extinto e o Z Fold 3 chegou em três opções que casaram muito bem com o formato do aparelho: verde-escuro, prata e preto. O Tecnoblog avaliou a versão escurecida que me cativou logo de início por ser discreta e o material fosco empregado na traseira ajuda a dar um ar de sofisticação ao produto.
As reduções na estrutura também contribuíram no visual e promoveram uma excelente pegada. O Galaxy Z Fold 3 está 11 gramas mais leve e também mais fino. Quando fechado, a espessura de 16 mm não chega a sacrificar a usabilidade e o que eu mais senti, mesmo, foi o peso, fazendo com que o celular canse as mãos quando você fica muito tempo mexendo nessa configuração. Diz a empresa que o modelo é “super-resistente e 10% mais durável”; o Z Fold 3 é construído em alumínio que ainda tem a missão de conservar as dobradiças.
Agora, o auge do design é, sem dúvidas, a certificação IPX8 que o dispositivo ganhou. Eu não tive a coragem de colocar o primeiro smartphone dobrável resistente à água do mundo em testes radicais, mas resolvi jogar um pouco de água ao longo da estrutura algumas vezes — felizmente, o celular permaneceu funcionando até o final deste review.
A tela externa que “transforma” o Z Fold 3 em “celular normal” tem 6,2 polegadas. Ela é Dynamic AMOLED, tem 2268 x 832 pixels, proporção 24,5:9 e taxa de atualização adaptativa de 120 Hz. Felizmente, esse display não está ali apenas para exibir notificações e permite ao usuário acionar o device com mais rapidez. Por não ser tão larga, a usabilidade, no início, pode ser estranha, mas a interface One UI está muito bem otimizada, o que facilita bastante as coisas por aqui. Nela, você pode acessar normalmente a Netflix, navegar pelas redes sociais, acessar as configurações do dispositivo e muito mais.
Como era de se esperar num topo de linha, o painel externo continua decente. O brilho forte ajuda a deixar tudo mais vivo e nítido, a definição dos ícones e texto é satisfatória e o preto profundo do AMOLED, que se junta às bordas escurecidas do aparelho, cria uma experiência imersiva. É, de fato, um grande avanço em relação ao primeiro Fold.
A tela dobrável impressiona positivamente pela qualidade e por outras soluções por trás. A minha análise é que a Samsung quis aprimorar a imersão que já era abrangente e, no fim das contas, parece que deu muito certo. O painel continua sendo o excelente Dynamic AMOLED de 7,6 polegadas com resolução 2208 x 1768 pixels com taxa de atualização de até 120 Hz. Ainda que nem todos os aplicativos estejam otimizados para um display com essa configuração, a exemplo do Instagram, eu vejo as 7,6 polegadas são um deleite para quem consome muito conteúdo em vídeo, eu me incluo aqui por gostar de assistir a conteúdos em tablets.
Existe um vinco na tela? Existe, mas confesso que no primeiro dia de uso eu já estava acostumado com ele ali. A Samsung diz que o display interno é 80% mais resistente, informação que dá um alívio para os futuros donos que terão que desembolsar muito dinheiro para adquirir o produto. Outro destaque desta geração é a câmera frontal escondida sob o display: foi uma sacada inteligente para favorecer a exibição plena de fotos e vídeos, mas ela só impressiona por isso, mesmo. Ao acessar a tela de ajustes, por exemplo, sem o modo escuro, é possível visualizar alguns pixels na região da lente. Eu não vou dizer que esses pontinhos incomodam a usabilidade, mas ignorá-los é inevitável.
No review do Galaxy Z Fold 2, o Higa comentou sobre a película barata que a Samsung aplicou no foldable. O Z Fold 3 também veio com a mesma aplicação simples; a proteção engordura tão rápido que acaba por estragar a definição do display; por isso eu resolvi remover a película neste teste (mas, atenção: eu recomendo você a deixar essa película até encontrar outra melhor no mercado). Isso ainda me faz lembrar que o smartphone ganhou suporte à caneta S Pen, mas infelizmente a fabricante não concedeu o acessório ao Tecnoblog. É bom reforçar que o item é vendido separadamente e não existe nenhum compartimento no Z Fold 3 para guardá-la, portanto você vai precisar de uma capinha compatível.
Em resumo, falar da qualidade dos painéis da Samsung é chover no molhado e o que eu quero destacar sobre a tela dobrável é a experiência de uso imersiva, que foi aprimorada. Os diferentes ângulos, a alta taxa de atualização que assegura navegações mais fluidas e a câmera escondida fazem com que o modelo seja um dobrável muito competente. O Galaxy Z Fold 3 é um dos melhores smartphones para quem consome muito conteúdo em vídeo e devo registrar que é o melhor do mercado para executar Asphalt 9.
No software, o Galaxy Z Fold 3 sai de fábrica rodando o Android 11 acompanhado da One UI 3.1. Na prática, a interface não tem grandes alterações e traz um layout semelhante ao de outros aparelhos da marca. Mas eu devo parabenizar a Samsung pela otimização impecável: a One UI se adapta bem à tela grande e dobrável, e consumidores já imersos no ecossistema da marca podem se acostumar com o sistema logo nas primeiras horas de uso. A gaveta de aplicativos é bonita e bem ajustada, a tela de configurações tem uma pegada simples e fácil de navegar, enquanto a central de notificações permanece organizada.
A grande vantagem da tela dobrável são as diversas possibilidades de uso que beneficiam a multitarefa. Por exemplo, com o modo tela dividida, eu consigo abrir dois aplicativos diferentes na mesma tela; a interface ainda permite alterar a proporção e a orientação. Ainda há a exibição pop-up, que deixa o aplicativo flutuando na página inicial. Por fim, quando selecionar um vídeo no YouTube, ao dobrar a tela, fazendo com que o celular vire um “notebook”, é possível assistir em uma metade e ler os comentários na outra metade; algo parecido acontece com o Samsung Notes, que divide bloco de notas e teclado.
E já que estamos falando de multitarefa, é claro que o DeX não poderia faltar aqui. O recurso que cria uma experiência de desktop na TV até que funcionou bem no meu televisor da mesma marca que tem aproximadamente 7 anos de vida. O DeX ajusta a interface e deixa as telas de aplicativos flutuando, como num desktop de verdade. Você também pode fazer essa comunicação com um cabo HDMI, mas aqui funcionou sem dor de cabeça pelo Miracast.
O Galaxy Z Fold 3 tem tanta câmera que é capaz de você se perder nos primeiros dias de uso. O trio traseiro é formado por principal, ultrawide e teleobjetiva — todas com 12 megapixels de resolução. Sensação de déjà vu, não é? Pois bem, é a mesma configuração do ano passado e nada de resoluções absurdas como 108 megapixels, por exemplo. As demais lentes são dedicadas para selfies: a tela externa abriga uma câmera de 10 megapixels, enquanto no display dobrável o componente escondido produz fotografias de 4 megapixels.
A principal vai bem em qualquer situação, entregando fotografias com brilho forte, exposição controlada e saturação elevada que já estamos acostumados a ver nos aparelhos da marca. A definição e o alcance dinâmico são excelentes; eu não tive problemas de ruídos em excesso e os detalhes estavam presentes tanto em ambientes abertos quanto em locais fechados.
A teleobjetiva, que consegue capturar objetos distantes, também pode atuar como macro, e apresentou qualidade um pouco inferior em relação à principal: a definição é reduzida e, dependendo do ambiente, o foco pode falhar. Ainda assim, dá para obter resultados incríveis através dessa lente. A ultrawide, que tem ângulo de visão de 123 graus, tem um bom desempenho, capturando bem os detalhes. O brilho e a nitidez até agradam, porém as bordas ficam levemente distorcidas. Além disso, as aberrações cromáticas podem dar as caras, como você pode ver nestes testes.
À noite, o modo escuro melhora radicalmente os registros e pontos onde há iluminação artificial, o Z Fold 3 não cria fantasma e deixa tudo muito bem equilibrado. O ponto fraco fica para regiões muito escuras; nesse cenário, a nitidez é prejudicada. Mas o que mais me incomodou foram as fotos tremidas que o aparelho entregava mesmo sem você se mexer muito. É algo que eu não presenciei em outros smartphones topo de linha, como o iPhone 12.
A Samsung conseguiu prejudicar a qualidade da câmera interna da tela dobrável e a engenharia para “esconder” a lente pode explicar isso. Ao fazer uma selfie, fica aquela impressão de a foto ter sido tirada com um aparelho intermediário: a nitidez é baixa e há muitos ruídos visíveis. A externa, por sua vez, é excelente. O pós-processamento não suaviza excessivamente a pele, as cores permanecem vivas e o nível de detalhamento agrada.
No hardware, o Galaxy Z Fold 3 vem com o potente Snapdragon 888 5G, da Qualcomm, e que também equipa outros celulares topo de linha. No dia a dia, o dobrável entregou uma excelente performance, seja nas redes sociais ou executando Asphalt 9 com os detalhes no máximo. Aliás, eu já falei que o Z Fold 3 é o melhor smartphone para jogar Asphalt 9? Além desse, outros títulos leves e pesados da Play Store rodaram sem gargalos.
O bom desempenho também é fruto da RAM de 12 GB e, mesmo com muitos apps abertos, o aparelho não soluçou. A nossa unidade de teste ainda tinha 256 GB de armazenamento interno, que deve ser suficiente para a maioria das pessoas; a Samsung também anunciou uma versão com 512 GB. E, seguindo os passos da Apple, não espere expandir o espaço interno, pois o Z Fold 3 não tem slot para microSD.
Ainda que o 5G esteja caminhando a passos lentos por aqui, é bom saber que o Galaxy Z Fold 3 está pronto para a tecnologia, ainda mais levando em conta a quantidade de dinheiro que a Samsung deve cobrar. Para você do futuro, a sul-coreana não revelou o preço do device enquanto eu produzia este review (antes do lançamento).
Com duas telas, ambas AMOLED e com taxa de 120 Hz, como será que fica a autonomia deste dispositivo? Para começo de conversa, o Z Fold 3 teve um downgrade, já que a bateria passou de 4.500 mAh para 4.400 mAh, o que é estranho já que o modelo atual tende a ser mais gastão. De qualquer forma, esses números são aceitáveis e acompanham a tendência do mercado, que tem ficado entre 4.000 mAh e 5.000 mAh. Na prática, o resultado é só ok.
Conectado ao Wi-Fi de 5 GHz, com o brilho da tela no máximo e no modo adaptável, eu consumi 3 horas de Netflix, 1 horas de YouTube, 1 navegando pelas redes sociais e encerrei com 15 minutos de Asphalt 9. Conclusão: a bateria foi de 100% para 39%.
Para alimentar as duas baterias aqui dentro, você terá que adquirir um carregador por fora, pois a Samsung não envia. Totalmente descarregado, eu fiz um teste com um adaptador de tomada de 20 watts e o acessório fez as células chegarem aos 100% depois de 1h54min, um tempo interessante. Diz a Samsung que o aparelho suporta carregamento rápido de 25 watts, sem fio também rápido de 10 watts e reverso de 4,5 watts.
Eu passei uma semana usando o Galaxy Z Fold 3 como o meu celular principal e posso dizer que, durante esse curto período, a usabilidade, por completa, foi excelente. Eu, que sempre gosto de analisar a imersão de tela em smartphones, tive a sensação de que a Samsung alcançou o ponto alto dessa experiência. Se você me perguntar se vale a pena ter um Z Fold 3, eu vou dizer que sim, isso porque este é o melhor smartphone dobrável do mercado e não há concorrentes. Ainda assim, a minha confirmação não significa que este é um aparelho para todo mundo, pelo contrário.
Infelizmente, ainda não sabemos quanto a Samsung vai cobrar por essa brincadeira, mas não espere pagar menos de R$ 14 mil (o Galaxy Z Fold 2 foi lançado custando isso). Mas se você gosta do ecossistema da Samsung, é apaixonado pelos produtos inovadores dela e, claro, se tiver condições de pagar tranquilamente o que eles devem pedir, então vá em frente, pois a sul-coreana fez muito bem a lição de casa.
O Z Fold 3 é um dispositivo híbrido (celular e tablet) que atenderá eficientemente você que busca produtividade e entretenimento. As telas, mesmo com o vinco, são de qualidade, trazendo suporte à S Pen e taxa de 120 Hz; a performance com o Snapdragon 888 é decente — tudo aqui funciona sem dificuldades.
A fabricante ainda merece ser reconhecida pela One UI que trabalha à vontade num device com essas características, sem gambiarras visíveis e muitos apps já estão otimizados. Melhor ainda é saber que um produto tão caro não vai morrer se pegar água acidentalmente. Entre os pontos negativos, eu destaco a câmera de 4 MP, que eu não recomendo para selfie e deve ser mais útil em videochamadas; e a autonomia ainda não convence. Quem sabe na próxima geração, não é? De qualquer forma, o Galaxy Z Fold 3 tem mais prós do que contras e coloca a Samsung na vanguarda dos dobráveis. Imagina o que ela pode aprontar com o Z Fold 4?
Atualizado às 21h24
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