Review TV 8K LG Nano96: muitos pixels, pouco apelo
LG Nano96 tem resolução 8K e excelente ângulo de visão, mas não é perfeita
LG Nano96 tem resolução 8K e excelente ângulo de visão, mas não é perfeita
Conteúdos nativos em 8K ainda são raros, mas a LG é mais uma fabricante de TVs a apostar na altíssima definição no Brasil. O modelo mais completo da marca com painel LCD, batizado de Nano96, tem os 33 milhões de pixels e promete as cores puras do NanoCell, um preto mais profundo e um processador mais avançado para melhorar os conteúdos com resoluções menores.
Com preços em torno dos R$ 9 mil no varejo na versão de 65 polegadas, a Nano96 também é uma das TVs mais baratas (ou menos caras) com essa resolução. Mas será que já vale a pena partir para o 8K? Para quem faz sentido ter tanta definição? Eu testei a Nano96 nas últimas semanas e conto minhas impressões a seguir.
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A Nano96 foi fornecida pela LG por doação e não será devolvida à empresa. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
O design da Nano96 é o que eu menos gosto na linha de TVs da LG. Ela traz uma base em formato de arco que já foi adotada em modelos anteriores, como a B9. Além de concentrar todo o peso da tela de 65 polegadas no centro, de um jeito que não passa tanta segurança, o acessório ocupa um espaço considerável no móvel, deixando menos respiro para uma soundbar. Ainda assim, as bordas minimalistas e o corpo fino contam pontos a favor e equilibram o conjunto visual.
As conexões estão bem localizadas do lado esquerdo e seguem o padrão das TVs mais caras: são três portas USB, uma saída de áudio óptica, uma entrada de antena de TV, uma conexão Ethernet e quatro portas HDMI, uma delas com retorno de áudio (ARC). Todos os testes foram realizados no Wi-Fi, em uma rede 802.11ac de 5 GHz, sem surpresas.
Já o controle remoto é o Smart Magic, o mesmo que acompanha a maioria das TVs da marca. Ele funciona como mouse e tem atalhos para abrir rapidamente a Netflix e o Amazon Prime Video, sendo que este último também pode acionar a Alexa. Apesar da tecla dedicada de microfone, você não precisa apertá-la, porque a Nano96 tem o recurso hands-free, que entende o comando de ativação para chamar o assistente pessoal sem usar as mãos, como detalho adiante.
A qualidade de imagem da Nano96 é boa, mas não surpreende. Como esperado para um painel IPS, o ângulo de visão é excelente, o que garante uma ótima experiência mesmo para quem estiver sentado mais de lado, a 45 graus do centro da TV. O preto, que costuma ser um ponto fraco desse tipo de tela, não consegue atingir níveis muito profundos, mas é mais consistente que o da Nano90 que testei há alguns meses, sem grandes desvios nos cantos.
No entanto, o escurecimento local da Nano96, que a LG chama de NanoBlack, é péssimo e não resolve a limitação de contraste. Mesmo com a configuração Full LED no baixo, a TV reduz demais o backlight, o que apaga os detalhes em cenas mais escuras. Nem adianta se perder nas opções: o efeito piora com o ajuste no máximo e, se for desligado, todo o quadro é invadido pelo preto cinzento do IPS. Em testes sintéticos, o atraso na iluminação das zonas é muito notável.
Olhando pelo lado positivo, a Nano96 não chega a mostrar nuvens em torno de objetos em zonas de alto contraste como em algumas TVs mais caras da Samsung que exageram na dose, mas isso só acontece porque o pico de brilho da LG fica baixo nesse cenário, o que também prejudica a exibição de conteúdos com HDR. Aliás, não espere nada muito brilhante aqui: ela é melhor que qualquer TV de entrada, mas o contraste pouco convincente faz a tela lutar bastante em ambientes mais iluminados.
O volume de cores é amplo, como se esperaria de uma NanoCell, sem color banding em conteúdos reais e exibindo com qualidade as cenas com céus, mares e dunas. Também gostei do upscaling, que melhora a definição de imagens em 4K e convence se você assistir à TV mais de perto, quando é possível notar uma nitidez impressionante em rostos de pessoas. Fontes de boa qualidade em Full HD também são aprimoradas na tela 8K da Nano96; só não espere um algoritmo milagroso para a TV aberta.
Como esta é a TV LCD mais completa da LG no Brasil, sinto que alguns pontos negativos da Nano96 são uma oportunidade perdida. Um painel VA com preto mais profundo e brilho mais forte seria muito mais interessante em um modelo 8K, cuja principal vantagem só é percebida ao assistir à TV a uma distância menor. É ilusão pensar que alguém escolheria esse modelo só por causa do ângulo de visão amplo.
A limitação dos 60 Hz em uma telona dessas também deixa um gosto ruim, especialmente para os gamers. Um painel de 120 Hz seria mais versátil por permitir jogar em 2K ou 4K com maior fluidez no PC e nos consoles da nova geração. A LG tem uma TV 8K com painel de 120 Hz, a Nano99, mas ela não chegou a ser lançada no Brasil.
O som que sai dos alto-falantes integrados da Nano96 é bom por atingir volumes altos sem distorcer, sendo capaz de preencher ambientes maiores sem muita dificuldade. Assim como na maioria das TVs, os médios são claros e favorecem os diálogos. É claro que você não vai escutar a última gota de definição em um alto-falante integrado de TV, mas muitas pessoas não vão sentir necessidade de uma soundbar.
Para um som integrado, até que os graves dão conta do recado. A Nano96 consegue botar a pontinha do pé em frequências mais baixas, começando a gerar aquela sensação boa das batidas dos sub-graves. A LG tem feito um bom trabalho nos alto-falantes nas TVs premium, como na OLED CX, e não deixou sua melhor NanoCell para trás.
Por dentro, a Nano96 roda o sistema operacional webOS 5.1, que se destaca pelas telas coloridas cheias de animações para ressaltar a fluidez da interface e pela excelente oferta de aplicativos. Na loja de conteúdo da LG, é possível encontrar Netflix, Amazon Prime Video, Disney+, YouTube, Apple TV+, Spotify, Globoplay, Telecine, Plex, HBO Go e mais.
Assim como em outras TVs de 2020 da LG, você tem acesso ao Painel de Controle, que permite comandar dispositivos de casa inteligente compatíveis. É possível ainda ligar o recurso Compartilhamento de Som, que transforma os alto-falantes da Nano96 em uma espécie de caixona de som Bluetooth. O suporte ao espelhamento de conteúdos do smartphone com Miracast e Apple AirPlay está disponível, assim como os comandos remotos via Apple HomeKit.
Um recurso exclusivo da Nano96 e outras TVs caras da LG é o hands-free, que permite acionar o assistente de voz só falando “Hi, LG”, sem apertar nenhum botão no controle remoto. Ele é bom por retornar resultados rapidamente, mas não é perfeito: o comando de ativação nem sempre é entendido, em especial quando o volume da TV está mais alto, e o reconhecimento de voz é bem inferior ao Google Assistente que acompanha as Android TVs.
Para a maioria das pessoas, não. A Nano96 é uma 8K que não convence devido às várias decisões controversas da LG nesse modelo. Sim, o upscaling de conteúdos em Full HD ou 4K funciona bem. Sim, o ângulo de visão é excelente. Sim, a tela faz jus ao nome NanoCell e oferece amplo volume de cores. Mas logo entram os pontos negativos.
A taxa de atualização de 60 Hz, sendo que há TVs da própria LG com 4K a 120 Hz por preços menores, é ruim para gamers que não podem aproveitar todo o potencial do PlayStation 5, Xbox Series X ou PC. Pensar em ângulo de visão em detrimento de um contraste realmente bom em uma TV 8K, que nasceu para ser vista de perto, não faz sentido. E o full-array local dimming precisa melhorar muito para uma TV que é a LCD mais completa da marca no país.
Entre as concorrentes com resolução 8K, a Samsung Q800T é a que mais chega perto da Nano96 e vence em praticamente todos os quesitos, com 120 Hz, preto mais profundo, pico de brilho maior e áudio integrado superior, mas ela também é mais cara, com preços em torno dos R$ 12 mil no varejo na versão de 65 polegadas, contra R$ 9 mil da LG.
Mas há uma solução potencialmente mais interessante dentro de casa, que se chama LG CX: pelos mesmos R$ 9 mil na versão de 65 polegadas, se você aceitar o risco do burn-in do OLED e uma resolução menor, pode ganhar uma imagem muito superior.
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