Depois de um tempinho sem mexer no portfólio de planos, a Vivo está remodelando todos os planos SmartVivo 4G, que estarão disponíveis para novos e antigos clientes a partir desta sexta-feira (14). A novidade pode agradar alguns e desagradar outros: a maioria dos planos está mais barata, mas traz franquia de internet fixa e sem redução de velocidade após o consumo integral.

Os planos pós-pagos antigos da Vivo eram pouco competitivos. Quando comparada com as principais três concorrentes, a Vivo normalmente era a operadora mais cara. Os novos devem amenizar um pouco essa discrepância: com franquias a partir de 50 minutos, os planos com acesso à rede 4G começam em R$ 99,99. Quem quiser mais dados e não usa tanto o telefone, no entanto, não será beneficiado: a opção com 4 GB teve um salto de R$ 52 e a de 6 GB, R$ 57.

A mudança não é ruim para o cliente que extrapola seus minutos de voz, uma vez que as franquias de minutos aumentam consideravelmente dos planos antigos para os novos. A história ficou boa para quem tinha o plano mais básico (60 minutos e 2 GB) e precisa de mais minutos: pagando mais R$ 14, o cliente terá 90 minutos a mais que o plano antigo.

Clientes dos planos superiores a 400 minutos têm mais vantagens do que desvantagens: quem está no plano de 400 minutos salta para o novo de 500 minutos pagando R$ 15 a menos e mantém a mesma franquia de internet. Já quem possui o plano de 650 minutos pode economizar R$ 28 no novo plano de 1000 minutos, levando ainda 2 GB extras de internet.

A Vivo ainda lançará um plano mais exagerado: pela bagatela de R$ 999,99, o cliente leva ligações locais ilimitadas para celulares e fixos de qualquer operadora, mensagens ilimitadas, roaming e DDD ilimitado para Vivo e 20 GB de franquia de dados (!). Apesar de ser um plano extremamente caro, ele pode ser compartilhado com até 10 linhas adicionais, ao custo de R$ 39,90 para cada linha extra. Não consigo visualizar nenhum tipo de cliente para esse plano – os executivos que falam bastante já utilizam planos corporativos, com tarifas melhores do que essa.

Fim da internet ilimitada

Por mais que a operadora tenha reajustado alguns preços, é importante notar que a Vivo está cada vez mais próxima de acabar com a internet ilimitada em seus planos. No regulamento dos novos planos existe o seguinte item:

Após atingir o limite de dados do plano contratado a internet é bloqueada e, automaticamente, será contratado um pacote adicional em sua linha com um limite de 4 contratações por ciclo, a qual poderá ser cancelada antes do término da franquia do plano contratado. Promocionalmente, até 31/12/2014, depois de atingido o limite de dados do plano, o cliente poderá optar pela contratação desse pacote ou pela redução de velocidade de conexão disponível para até 64 Kbps, tanto para download quanto para upload.

Isso significa que até 31 de dezembro os clientes que extrapolarem a franquia de dados poderão continuar utilizando a internet em velocidade reduzida. Após essa data, quem estourar o limite de internet deverá contratar um pacote de dados extra para continuar online. Esse pacote custa R$ 9,90 e tem 300 MB de franquia.

Apesar de ser horrível navegar a 64 kb/s, é possível se manter conectado no WhatsApp e Telegram, que é a primeira necessidade de internet móvel para muita gente. O diretor geral da Telefônica chegou a dizer que oferecer pacotes com redução de velocidade foi um erro, uma vez que a experiência para o usuário não é boa e impacta na rentabilidade do serviço de internet.

Alguns executivos de telecomunicações dizem que é “tendência natural” que as conexões deixem de ser ilimitadas com redução de velocidade. Sinceramente, não sei até que ponto isso é tendência: enquanto é de praxe nos Estados Unidos que as empresas ofereçam planos com corte de internet pós-franquia, operadoras como a T-Mobile têm revirado o mercado oferecendo serviços com redução de velocidade pós-franquia e com uso liberado de serviços de streaming de músicas e vídeo.

A única certeza sobre tendências é de que a Vivo está no caminho inverso do resto do mundo: é notável a obsessão da operadora pelo foco em voz enquanto a cada dia que passa as pessoas deixam de fazer ligações para utilizar internet. Isso é visível até mesmo dentro da própria operadora, uma vez que o faturamento de internet móvel da empresa cresceu 33% em um ano. Torna-se impossível que um cliente com baixa quantidade de minutos contrate um pacote de internet de 4 GB ou mais.

Além da Vivo, a Oi já deu o seu passo para o corte de internet pós-franquia: ainda este ano, clientes dos planos pré-pagos da operadora terão acesso à internet interrompido após o esgotamento da franquia de pacotes mensais e semanais. Por enquanto, Claro e TIM não anunciaram nenhuma medida quanto a isso, mas se a Folha de S.Paulo estiver certa, a padronização ocorrerá em breve nas quatro principais operadoras do Brasil.

Obrigado ao Luiz Henrique pela sugestão de matéria!

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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