Pagamento via QR Code, por favor!
Modalidade de pagamento via QR Code apresenta tendência de crescimento em 2020, ano marcado pela pandemia de COVID-19
Modalidade de pagamento via QR Code apresenta tendência de crescimento em 2020, ano marcado pela pandemia de COVID-19
Sempre que possível, pago minhas compras com o celular. Especialmente depois que a Organização Mundial de Saúde (OMS) sugeriu esse tipo de transação devido à pandemia de COVID-19. 2020, porém, me trouxe mais uma surpresa: ao informar que pagaria por aproximação (NFC) em um supermercado no interior do Rio de Janeiro, fui surpreendido diversas vezes com a maquininha preparada para o pagamento via QR Code. E, ao questionar, eu sempre ouvia a mesma pergunta: “não é PicPay?”.
Este comportamento, porém, não é tão inesperado assim. É o que mostra a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre o comércio móvel: entre março e agosto de 2020, o percentual de pessoas que já fizeram pagamentos via QR Code cresceu de 35% para 48%.
A cifra chega até a superar as transações por aproximação, que seguiu o mesmo crescimento. Ainda de acordo com o estudo, 33% dos entrevistados afirmaram que já tinham feito pagamentos com a modalidade, que engloba tanto o NFC quanto o MST, tecnologia que foi removida da linha Samsung Galaxy S21. Em março, era 23%.
A tendência é observada, também, pelas empresas de maquininhas de cartões. Ao Tecnoblog, o diretor da Rede, Eduardo Amorin, conta que as transações com o código começaram a apresentar mais relevância em junho do ano passado. Segundo o executivo, cerca de 3,9 milhões de transações foram aprovadas apenas em dezembro.
“Basicamente, existem dois fatores que contribuíram para esse crescimento. O primeiro deles foi o crescimento da utilização de carteiras digitais, cada vez mais presentes no dia a dia dos consumidores”, explicou. “O segundo fator – e, com certeza, o mais impactante –, foi o auxílio emergencial oferecido pelo governo federal, via aplicativo Caixa Tem”.
A Cielo acompanha a percepção. A empresa conta que, em 2020, registrou 36 vezes mais transações com o código do que em 2019. Para a empresa, o auxílio emergencial e o Caixa Tem, que possui uma opção para realizar pagamentos com o código, contribuíram para tornar a modalidade mais popular entre os brasileiros. “O período tornou o QR Code ainda mais conhecido”, disseram.
Para o fundador e vice-presidente de produtos e tecnologia do PicPay, Anderson Chamon, além da questão do auxílio emergencial, as possibilidades oferecidas pela tecnologia “são diferenciais que ganharam força no contexto da pandemia”. Mas ele observa que o cenário do isolamento não pode ser creditado como o único fator de crescimento acelerado desse meio de pagamento.
“Vale reforçar, no entanto, que o uso das carteiras digitais já era uma realidade global antes da pandemia”, afirmou. “Trata-se de uma construção e fortalecimento do mercado, no qual, cada vez mais, a população em geral – principalmente os desbancarizados – compreende os benefícios oferecidos pelas carteiras digitais”.
Não há muito mistério para utilizar a modalidade. Basicamente, o usuário só precisa de um celular com uma câmera. Outro requisito é o aplicativo de algum banco ou carteira digital com suporte ao recurso, como o PicPay, que oferece esta opção desde 2012.
“O pagamento é realizado por meio da leitura do QR Code com a câmera do celular, diretamente do aplicativo”, explica Chamon. “O código pode estar exposto no caixa, ou ser exibido na tela de maquininhas, podendo, ainda, estar disponível para leitura na seção ‘Pix’, dentro de nossa plataforma”.
Além disso, Chamon lembra que o usuário ainda pode receber cashback durante a transação. É o caso de uma grande rede de supermercados no Rio de Janeiro que, em fevereiro, ofereceu 10% do valor de volta em compras de até R$ 200. Para obter o benefício, o consumidor só precisava pagar as compras via QR Code pelo PicPay.
O Iti, a carteira digital do Itaú, é outra plataforma que oferece praticidade ao utilizar a tecnologia. Da mesma maneira, basta abrir o aplicativo e acessar a opção correspondente. Depois, é só ler o código com a câmera do celular para dar prosseguimento à transação.
“Essa transação pode ser feita de Iti para Iti, com códigos impressos, nas maquininhas da Rede, Cielo e GetNet, ou lendo qualquer QR Code Pix”, afirma o diretor do Iti, João Araújo. “Vale ressaltar que desde o lançamento do Iti também disponibilizamos a opção de receber dinheiro via QR Code”.
A modalidade para transações com o código também está disponível em aplicativos de outros bancos e carteiras digitais. Entre eles, estão a Ame Digital, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Tem, Itaú e Mercado Pago. Mas vale lembrar que a compatibilidade com as soluções de pagamentos e transferências e os procedimentos podem variar de serviço para serviço.
Existem diversas maneiras para fazer transações com o recurso. O Nubank, por exemplo, permite que o usuário gere um QR Code para realizar cobranças. Depois, é só pedir para a outra pessoa ler o código emitido na tela do celular para concluir a transferência com o Pix.
Os códigos também estão disponíveis em estabelecimentos comerciais através de maquininhas de cartão. Segundo Amorin, diretor da Rede, a maioria dos dispositivos em operação já está habilitada para gerar o QR Code. Além disso, se estiver desativada, o executivo explica que o vendedor só precisa fazer uma atualização de software para habilitar a função.
“A transação é bem simples”, disse. “Para efetuar o pagamento via QR Code, basta que o lojista selecione a opção de pagamento e gere o código no equipamento para que o cliente possa apontar o celular, capturando o código, e finalize o pagamento”.
Ao Tecnoblog, a Cielo afirma que todas as suas máquinas têm suporte ao pagamento via QR Code. Além disso, a simplicidade também é encontrada por aqui: “após a inserção do valor e a escolha do produto na tela de inserir o cartão, o vendedor aperta a tecla verde e o QR Code é gerado”, afirmam.
A empresa ainda lembra que seus terminais já estão prontos para pagamentos com o recurso via Pix.
Outra corrente que pode dar ainda mais força ao QR Code é o Pix, lançado em novembro de 2020. Entre os recursos da plataforma, por exemplo, está o Pix Cobrança, previsto para ser lançado em março de 2021. Trata-se de uma espécie de alternativa ao tradicional boleto bancário que utiliza o código para realizar as transações.
Algumas companhias já levaram a novidade aos seus clientes, como a Vivo, que passou a aceitar o Pix para pagamento de recarga. A Claro e a TIM, por sua vez, disponibilizaram uma forma de realizar o pagamento da fatura com o código QR através da nova plataforma de pagamentos do Banco Central.
Anderson Chamon acredita que a chegada do Pix pode impulsionar os pagamentos com a modalidade através do PicPay. “Por ter uma tecnologia muito similar da que apresentamos em nossa plataforma, o Pix vai acelerar o uso da modalidade de pagamento por QR Code”, disse o executivo ao Tecnoblog.
João Araújo, do Iti, também é otimista quanto à novidade. “Acreditamos que o Pix veio para impulsionar ainda mais a inclusão financeira e o uso de soluções digitais para operações bancárias no dia a dia”, afirmou. “Esse contexto, inclusive, agrega ainda mais valor a tudo aquilo que o Iti sempre acreditou sobre como deve ser a relação das pessoas com o dinheiro: democrática, simples e acessível para todos”.
Eduardo Amorin, da Rede, observa que o Pix não somente pode ocupar gradativamente o lugar do DOC e TED, como também do dinheiro em espécie. Mas lembra que, mesmo que exista um crescimento diário no uso da modalidade, este ainda não é o meio de pagamento mais procurado pelo consumidores.
“O fato é que a pandemia tem acelerado a busca de consumidores e lojistas por operações que não exijam o contato direto com maquininhas ou dinheiro”, conclui. “E, desde que os consumidores passem por boas experiências nesse tipo de transação, o mais provável é que a adesão ao Pix siga cada vez mais crescente”.