Mark Zuckerberg se encaixa nestas três categorias de chefe ruim, diz especialista

Bill George, especialista da Harvard Business School, classifica cinco tipos de falhas de liderança — Zuckerberg comete três delas

Giovanni Santa Rosa
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Mark Zuckerberg (imagem: Reprodução/Facebook)

Se você não vai muito com a cara de Mark Zuckerberg, tem mais motivos para não gostar dele. Segundo um especialista da Universidade de Harvard, o CEO da Meta está em três tipos de má liderança em negócios — e isso pode colocar a empresa em risco.

O especialista em questão é Bill George, da Harvard Business School. George também tem experiência prática: ele foi CEO da empresa médica Medtronic.

Ao longo de 20 anos, o professor estudou falhas de liderança e catalogou cinco tipos de chefes ruins: impostores, racionalizadores, que buscam glória, solitários e meteóricos. Zuckerberg consegue reunir características de três deles.

Ele conversou com a CNBC e explicou o que ele vê de tão problemático com Zuckerberg.

Bota a culpa nos outros

Um dos tipos descritos por George é o chefe que tenta racionalizar tudo. Isso pode parecer bom, mas na verdade não é: ele busca explicações para não admitir seus próprios erros e colocar a culpa em outros.

O professor dá um exemplo disso: Zuckerberg atribuiu os maus resultados financeiros da Meta às mudanças de privacidade do iOS, que afetaram o direcionamento de anúncios, e à competição mais acirrada, principalmente do TikTok.

Nada disso é mentira, mas é só parte da verdade. A Meta queimou US$ 10 bilhões em 2021 na divisão de realidade virtual, para construir o tão falado metaverso. O CEO não levou isso em consideração na hora de explicar o quadro financeiro da companhia.

Não ouve ninguém

Zuckerberg é o CEO e principal acionista da Meta — e parece fazer questão de comandar tudo sozinho.

George considera que Zuckerberg evita desenvolver relacionamentos próximos e afasta as outras pessoas.

Nem sempre foi assim. O criador do Facebook aceitou conselhos do investidor Roger McNamee em dois momentos-chave para a empresa.

Em 2006, ele recusou uma proposta de US$ 1 bilhão pelo Facebook. Depois, ele aceitou a recomendação para contratar Sheryl Sandberg como chefe de operações — ela foi crucial para o crescimento da empresa.

Mas parou por aí. Em 2016, McNamee tentou alertar Zuckerberg sobre a campanha russa para interferir nas eleições americanas, mas o CEO da Meta ignorou. O episódio se tornou um dos mais problemáticos da trajetória da companhia.

Quer glória e riqueza a qualquer preço

George também considera que Zuckerberg busca o sucesso e a riqueza acima de tudo, e nunca está satisfeito com o que tem.

Uma prova disso são os problemas envolvendo a privacidade e a saúde dos bilhões de usuários dos produtos da Meta.

O Facebook já esteve envolvido no escândalo da Cambridge Analytica, empresa que usou dados pessoais obtidos na rede para fazer microdirecionamento de anúncios políticos.

Já o Instagram ignorou que a plataforma trazia problemas de saúde mental e autoimagem para seus usuários, em especial garotas adolescentes, para não prejudicar os números de crescimento e engajamento.

Para Bill George, porém, Zuckerberg não precisa deixar o cargo nem vender sua participação na empresa.

“Ele precisa se afastar, tirar um ano sabático para botar os pés no chão e se conectar com seus valores e missões”, comenta o especialista. “Então, reunir sua equipe e o conselho para recriar o Facebook, com uma nova missão e novos valores.”

Com informações: CNBC.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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