Microsoft tenta (de novo) liberar compra da Activision no Reino Unido

Microsoft apresenta novo documento a autoridades britânicas; acordos feitos com concorrentes e sentença da Justiça dos EUA são argumentos para aprovar aquisição

Giovanni Santa Rosa

A Microsoft está muito perto de concluir a compra da Activision Blizzard. O último grande obstáculo é o Reino Unido: autoridades do país vetaram a aquisição. Agora, a gigante de Redmond tenta convencer os órgãos reguladores que está tudo certo com o negócio.

A Microsoft enviou à Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA, na sigla em inglês) um documento de mudança de circunstâncias. O CMA é o equivalente britânico ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica do Brasil (Cade).

Nele, a empresa pede para que a entidade considere os novos acordos de cloud gaming feitos com Nvidia, Boosteroid e Ubitus, o monitoramento da União Europeia sobre eles, e o acordo com a Sony para disponibilizar Call of Duty no PlayStation por mais dez anos.

A Microsoft também incluiu trechos da decisão judicial que liberou a aquisição da Activision Blizzard nos EUA. No caso, a companhia considera que a sentença enfraquece os argumentos apresentados no relatório final da CMA.

Além disso, a empresa está trabalhando para apresentar uma nova proposta de aquisição da Activision Blizzard, para resolver as questões levantadas pelas autoridades de modo mais direto. Isso pode incluir vender seus direitos de cloud gaming no Reino Unido.

Em resposta ao novo documento apresentado, a CMA fez um chamado público por comentários sobre os documentos enviados pela Microsoft. Isso significa que concorrentes podem apresentar suas queixas nesta fase. O prazo para se manifestarem vai até 4 de agosto. A decisão final deve sair até o dia 29 de agosto.

Os papéis apresentados pela Microsoft têm grande parte de seu conteúdo censurado, então não surgiram novas informações sobre os acordos firmados com concorrentes, como Sony e Nvidia.

Reino Unido questiona domínio da Microsoft em cloud gaming

A CMA vetou a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft em abril de 2023. Enquanto autoridades de outros países se preocuparam com as consequências da compra para o mercado de consoles, o órgão britânico apontou que o negócio afetaria o mercado de cloud gaming, dando à Microsoft uma larga vantagem em um setor que ainda dá seus primeiros passos.

Logo após a vitória nas cortes americanas, a Microsoft e a CMA anunciaram uma espécie de “cessar-fogo”: a empresa concordou em suspender o recurso apresentado à Justiça do país, e o órgão topou avaliar um acordo com mudanças estruturais.

Microsoft e Activision Blizzard tinham 18 de julho de 2023 como prazo para fechar o negócio, e a empresa do Xbox precisaria pagar uma multa bilionária caso isso não se concretizasse. Porém, como falta apenas o sinal verde do Reino Unido, as partes concordaram em empurrar o prazo até 18 de outubro de 2023.

Com informações: Reuters, The Verge

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.