Esses são os motivos pelos quais a Apple não fez uma demissão em massa
Gigante de Cupertino é a única Big Tech que não realizou uma enorme leva de demissões nos últimos meses; filosofia de Tim Cook pode ser uma das chaves para isso
Gigante de Cupertino é a única Big Tech que não realizou uma enorme leva de demissões nos últimos meses; filosofia de Tim Cook pode ser uma das chaves para isso
Nos últimos meses, cada vez que uma Big Tech anunciava demissões em massa, surgia a pergunta: quem será a próxima? Depois de meses de milhares de funcionários cortados, só resta a Apple. Mesmo com a redução global na compra de smartphones, problemas de produção na China e expectativa de trimestre ruim, Tim Cook parece ser o único CEO imune aos problemas econômicos do cenário global.
Na semana passada, Microsoft e Google anunciaram os seus layoffs com dois dias de diferença. Na quarta-feira, quando veio o anúncio de Satya Nadella sobre as 10 mil demissões na Microsoft, brinquei “só falta Google e Apple”. Na sexta, Sundar Pichai divulgou um comunicado dizendo que 12 mil funcionários seriam desligados. Três dias depois e a Apple segue com o quadro de funcionários pouco alterado.
A Apple só realizou um layoff na sua história: no longínquo ano de 1997, poucos meses antes de Steve Jobs substituir Gil Amelio como CEO. 4.100 empregados da empresa foram para o olho da rua, seguido de alguns projetos cancelados. Desde então, a Apple virou a Apple.
Por mais que a empresa tenha “criado os smartphones” como conhecemos hoje, as novidades em seus produtos costumam ser pontuais e graduais. A ideia nos últimos é lançar sempre produtos “padrão Apple”, não apresentar algo só porque a concorrência mostrou — sim, estou falando do “iPhone dobrável”. Mas temos outros exemplos.
A câmera principal do iPhone 14 Pro e Pro Max foi atualizada depois de quase oito anos — saiu um sensor de 12 MP e entrou um de 48 MP. Nos próximos meses, a Apple deve apresentar o seu headset de realidade mista. Ela poderia ter lançado isso anos atrás, mas foi cautelosa — assim como ela está com o Apple Car. Só não entendemos a cautela com o USB-C, mas tudo bem.
Essa gestão cautelosa é reflexo do papel de Tim Cook como CEO da empresa. Time que está ganhando se mexe, mas não de qualquer jeito.
Enquanto todas as concorrentes aproveitaram o crescimento de 2020-2021 para contratar loucamente, o quadro de funcionários da Apple aumentou 20%. De acordo com dados da consultora Macrotrends, a empresa de Cupertino contratou 17 mil pessoas nesse período.
Já a concorrência, como informa o The Wall Street Journal, foi mais agressiva. A Amazon dobrou o quadro de empregados, enquanto a Microsoft e Google cresceram 53% e 57%, respectivamente.
Outro ponto de cautela da Apple foi não investir pesado em metaverso projetos de longo prazo, como a Meta faz com a Reality Labs. Mesmo que o iPhone 14 Plus esteja com vendas baixas, ainda é um problema da área em que a Apple tem muito sucesso. Não é como se eles tivessem desenvolvido um celular do zero por anos — é um 14 Pro com um chip e notch antigo.
A frase acima foi dita por Julius Rock, pai de Chris Rock na série Todo Mundo Odeia o Chris. Todavia, combina com algumas políticas da Apple.
Primeiro, os lanches realizados na “cantina” do Apple Park são pagos pelos funcionários: nada de open food. Google e Meta pagam os almoços nas suas sedes.
Em agosto do ano passado, a Apple demitiu 100 funcionários — de um quadro 164 mil empregados. Claro, ainda estamos falando de várias pessoas, mas não chega ao número absurdo de demissões das concorrentes.
O motivo desses cortes é que a empresa congelou as contratações. Logo, por que manter 100 tech recruiters, profissionais responsáveis contratar pessoas da área de tecnologia, se você não contratará ninguém? Aqui é outro ponto no qual a Apple parece ter mantido a cautela.
Ela pode estar “imune” das demissões em massa neste momento, mas absolutamente nada impede que a Apple entre na lista de Big Techs que realizaram layoffs. A diferença é que ela só segurou por mais tempo por ser cautelosa. Fique atento aos próximos capítulos, principalmente no dia 3 de fevereiro — quando a gigante de Cupertino mostrará os próximos resultados trimestrais.
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