Livro com artes feitas com ajuda de IA é desclassificado do Prêmio Jabuti

Ilustração de edição brasileira do livro Frankenstein foi criada por designer através do Midjourney, ferramenta de IA generativa para imagens

Felipe Freitas

A Câmara Brasileira do Livro (CBL), instituição que organiza o Prêmio Jabuti, desclassificou uma edição de Frankenstein da categoria Ilustração por contar com arte feita por inteligência artificial. O livro, publicado pelo Clube de Literatura Clássica, teve suas ilustrações desenvolvidas pelo designer Vicente Pessôa utilizando o Midjourney, IA generativa de imagens.

O Prêmio Jabuti é a maior premiação de literatura do Brasil. A desclassificação dessa edição de Frankenstein acontece um dia após o anúncio dos semifinalistas do Jabuti. Na obra, disponível para os assinantes do Clube de Literatura Clássica, Vicente Pessôa e o programa Midjourney foram creditados como autores da ilustração. No entanto, na indicação, apenas Pêssoa aparece como autor.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o designer explica que não informou o uso da IA na inscrição porque não havia uma pergunta sobre isso. Na mesma entrevista, Pessôa explica que durante a divulgação do livro o assunto (o uso de IA para a arte) foi amplamente falado.

Prêmio Jabuti exclui indicação por usar IA

Capa do livro Frankenstein, edição publicada pelo Clube de Literatura Clássica, foi desenvolvida pelo Midjourney (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)
Capa do livro Frankenstein, edição publicada pelo Clube de Literatura Clássica, foi desenvolvida pelo Midjourney (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

A organização do Prêmio Jabuti anunciou a desclassificação do indicado nesta sexta-feira (10). Como o regulamento do evento não previa casos que envolvessem o uso de inteligência artificial, coube à Curadoria da CBL avaliar o caso.

A instituição também informou que a utilização do uso de IAs nas obras será discutido para as próximas edições do Prêmio Jabuti. O cartunista André Dahmer, um dos três jurados da categoria, afirmou no Twitter que não sabia que as ilustrações foram feitas por IA, além de desconhecer que Midjourney é o nome de uma ferramenta do tipo.

André Dahmer explica seu voto no X/Twitter (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)
André Dahmer explica seu voto no X/Twitter (Imagem: Reprodução/Tecnoblog)

Ele também comentou que se soubesse que a arte era híbrida (feita com IA), “veria e julgaria o livro com outros olhos”.

Parece chover no molhado, mas o debate sobre o uso de IAs para criações artísticas está só no começo. Há diversos processos acusando as inteligências de violarem os direitos autorais de artistas e autores para gerar seu conteúdo.

Com informações: O Globo

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Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.