Livro com artes feitas com ajuda de IA é desclassificado do Prêmio Jabuti
Ilustração de edição brasileira do livro Frankenstein foi criada por designer através do Midjourney, ferramenta de IA generativa para imagens
Ilustração de edição brasileira do livro Frankenstein foi criada por designer através do Midjourney, ferramenta de IA generativa para imagens
A Câmara Brasileira do Livro (CBL), instituição que organiza o Prêmio Jabuti, desclassificou uma edição de Frankenstein da categoria Ilustração por contar com arte feita por inteligência artificial. O livro, publicado pelo Clube de Literatura Clássica, teve suas ilustrações desenvolvidas pelo designer Vicente Pessôa utilizando o Midjourney, IA generativa de imagens.
O Prêmio Jabuti é a maior premiação de literatura do Brasil. A desclassificação dessa edição de Frankenstein acontece um dia após o anúncio dos semifinalistas do Jabuti. Na obra, disponível para os assinantes do Clube de Literatura Clássica, Vicente Pessôa e o programa Midjourney foram creditados como autores da ilustração. No entanto, na indicação, apenas Pêssoa aparece como autor.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o designer explica que não informou o uso da IA na inscrição porque não havia uma pergunta sobre isso. Na mesma entrevista, Pessôa explica que durante a divulgação do livro o assunto (o uso de IA para a arte) foi amplamente falado.
A organização do Prêmio Jabuti anunciou a desclassificação do indicado nesta sexta-feira (10). Como o regulamento do evento não previa casos que envolvessem o uso de inteligência artificial, coube à Curadoria da CBL avaliar o caso.
A instituição também informou que a utilização do uso de IAs nas obras será discutido para as próximas edições do Prêmio Jabuti. O cartunista André Dahmer, um dos três jurados da categoria, afirmou no Twitter que não sabia que as ilustrações foram feitas por IA, além de desconhecer que Midjourney é o nome de uma ferramenta do tipo.
Ele também comentou que se soubesse que a arte era híbrida (feita com IA), “veria e julgaria o livro com outros olhos”.
Parece chover no molhado, mas o debate sobre o uso de IAs para criações artísticas está só no começo. Há diversos processos acusando as inteligências de violarem os direitos autorais de artistas e autores para gerar seu conteúdo.
Com informações: O Globo