Review Motorola Edge 30: muita potência e alguns equívocos
Mais interessante que a versão Pro, Motorola Edge 30 tem performance excelente, tela de qualidade, mas os erros dos antecessores continuam aqui
Mais interessante que a versão Pro, Motorola Edge 30 tem performance excelente, tela de qualidade, mas os erros dos antecessores continuam aqui
A Motorola iniciou 2022 com o polêmico Edge 30 Pro para rivalizar com a linha Galaxy S22. Quatro meses depois do lançamento do flagship, agora é a vez de concentrar esforços no Edge 30, um aparelho de gama média e que pode ser uma alternativa para quem não pôde investir no modelo Pro. A empresa ainda entrega uma ficha técnica equilibrada que tende a agradar quem exige muito do telefone.
Na frente, o painel é OLED de 6,5 polegadas. Atrás, há um conjunto fotográfico triplo com a principal de 50 megapixels, enquanto no interior o processador que o equipa é o Snapdragon 778G+ 5G. Será que o Motorola Edge 30 é um bom investimento? Eu testei o produto por alguns dias e compartilho a minha avaliação nos próximos minutos.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto. Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo.
O Edge 30 foi fornecido pela Motorola por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
Particularmente, eu acho a linguagem visual da linha Edge 30 muito curiosa. Quando eu peguei o 30 Pro pela primeira vez, o seu acabamento imediatamente me remeteu à linha Moto G. Isso devido à construção muito simples para um produto que se posiciona como topo de linha, custando quase R$ 6 mil.
Mas, então, chegamos no Edge 30, aparelho que está abaixo do modelo Pro e que tem design muito mais bonito e refinado. A Motorola realmente deu uma atenção especial nessa área. Um bom exemplo disso é que eles reforçam constantemente que este é o smartphone 5G mais fino do mundo; são apenas 6,79 mm de espessura.
O telefone não só é fino, como também é muito leve, registrando 155 gramas. Isso, claro, acende um alerta importante para a autonomia, porque finura nem sempre combina com bateria potente, em virtude de limitações físicas, mas exploraremos melhor isso adiante.
De volta ao design, o Edge 30 promove conforto, ele é ergonômico e cabe tranquilamente no bolso da calça, sem gerar peso. A construção é inteiramente em plástico, porém o material empregado passa uma sensação premium, o que é muito positivo.
Entretanto, novamente a Motorola erra ao ignorar a proteção contra água e à poeira, inexistente por aqui. O Galaxy A53 5G, que é mais barato, já oferece IP67.
A tela deste smartphone é muito parecida com a do 30 Pro e a principal diferença está no tamanho. Enquanto o irmão mais caro tem 6,7 polegadas, o Edge 30 tem 6,5″ com os mesmos pontos fortes do high-end. Eu estou falando de painel OLED, resolução Full HD+ (2400 x 1080 pixels), e não 120 Hz, mas sim de 144 Hz para maior fluidez durante a navegação.
É realmente um display excelente, mas a empresa deixa a desejar no brilho, um ponto negativo que eu também identifiquei no Pro. Mesmo em um local fechado, sem incidência de luz solar direta, é muito difícil enxergar o conteúdo com o brilho entre 50% e 60%. Durante todo o período de avaliação, eu preferi deixar próximo de 100%.
Apesar disso, a experiência de leitura, assistir a filmes e séries, e jogar no Edge 30 é satisfatória. A definição é impecável, os belos contrastes do OLED são bem visíveis e a fluidez promovida pelos 144 Hz é muito generosa. Sob o display, a Motorola incluiu o leitor de digital, que é ágil, mesmo com a tela desligada.
A empresa enfim entendeu que seus consumidores querem som estéreo. Por isso, há falantes duplos neste aparelho, porém com um bônus: suporte ao Dolby Atmos, com um app dedicado que permite alterar configurações de áudio.
Como era de se esperar, os alto-falantes integrados são altos, porém o som não é definido e fica estridente com facilidade. De qualquer forma, o fone de ouvido (USB-C) está presente na embalagem do produto. A Motorola é uma das poucas marcas que ainda enviam o acessório; talvez a única, atualmente.
A My UX, interface do Edge 30, baseada no Android 12, me agrada pelo visual clean e harmônico. Isso faz com que o usuário tenha a sensação de estar com um Google Pixel nas mãos. Assim como outras interfaces que operam no Android, a personalização é um destaque neste Motorola, uma vez que é viável mexer no layout, trocar fonte, formato de ícone, entre outros.
Ele tem suporte ao Google Pay, para compra de apps e pagamentos por aproximação (NFC), além de Google Assistente, e Moto Ações que, entre outras funcionalidades, permite acionar a lanterna com um golpe de karatê e tirar print de uma página deslizando três dedos na tela.
O Ready For conecta o smartphone a telas maiores, como TVs e monitores, para uma experiência de desktop. É um recurso similar ao DeX, da Samsung. Em poucos segundos, a funcionalidade transforma o sistema do dispositivo, adaptando-o para uma interface de laptop, permitindo abrir várias janelas de apps simultaneamente; e o próprio celular “vira” um trackpad.
Em atualização de sistema, a Motorola confirmou ao Tecnoblog que o Edge 30 tem dois anos de updates de Android garantidos. Isso significa que o produto será atualizado até o Android 14. Você, como consumidor, acha suficiente, considerando que a Samsung oferece mais que isso? Conta para a gente nos comentários.
A empresa pode cortar recursos importantes, mas abandonar a lente macro está fora de cogitação. Você vai entender agora: o Edge 30 tem três câmeras, sendo duas realmente úteis. A principal tem 50 megapixels de resolução, assim como a ultrawide, que é híbrida — e também faz macrofotografia. A última, na verdade, é um sensor de profundidade, para auxiliar a principal na hora de realizar o modo retrato.
O sensor primário tira boas fotos durante o dia e também à noite. Você nota que o Motorola não carrega a saturação como a concorrência e tudo parece natural. Não é uma lente que tende a conquistar aquelas pessoas apaixonadas por fotografia mobile, mas o componente deve satisfazer usuários médios, que só querem registrar imagens para as redes sociais; o brilho e a definição dessa lente são consistentes.
O sensor de profundidade cumpre o seu papel de gerar desfoque quando o usuário ativa o modo retrato. Há uma certa artificialidade, sobretudo nos cantos da imagem e a falha no recorte é muito perceptível. Ao menos os pontos fortes da câmera de 50 MP são mantidos.
Apesar das aberrações cromáticas e da definição um pouco sacrificada, a grande angular tem um resultado que me agrada. O alcance dinâmico não é tão preciso como na principal, mas as cores são vívidas e as sombras ficam naturais. Usando a macro, eu esperava por registros melhores. Mas o desempenho é aquém do esperado, uma vez que a nitidez permanece baixa.
O modo Noite, conhecido como Night Vision, parece estar melhor no Edge 30, isso porque as fotos ficam com cores e nitidez equilibradas. Também vale notar como os ruídos estão bem controlados nestes registros produzidos. Essa qualidade cai radicalmente na ultrawide, mas ainda é ok para um intermediário.
As selfies de 32 MP são muito parecidas com aquelas tiradas pelo Edge 30 Pro. Há bastante naturalidade, algo que a Samsung também vem fazendo atualmente em seus aparelhos. A Motorola ainda acerta no desfoque e no controle da granulação.
Em gravação de vídeo, ele é mais limitado em relação a outros aparelhos dessa faixa de preço. Isso porque o dispositivo só grava a até 4K a 30 fps, enquanto alguns rivais podem produzir a 60 fps.
Eu não tenho reclamações com relação ao desempenho deste smartphone. O Motorola Edge 30 se comportou muito bem no dia a dia, abrindo aplicativos rapidamente e rodando jogos pesados sem lentidão. A boa performance vem do processador escolhido, o Snapdragon 778G+ 5G. Ele opera ao lado de 8 GB de RAM e 256 GB de espaço interno na versão analisada.
Para fins de comparação, o Edge 30 é ligeiramente mais rápido e estável do que o Galaxy A53, como você pode ver na avaliação dele já disponível aqui no Tecnoblog. Em relação ao S21 FE, que também testamos por aqui, o Motorola se mostra mais desenvolto, ao menos quando comparado com a versão equipada com Exynos. Não podemos deixar de considerar que os 144 Hz da tela dá um empurrãozinho nesse bom resultado.
Em relação ao Edge 20, o Edge 30 avançou timidamente na autonomia. Enquanto boa parte da concorrência adota 5.000 mAh para cima, o intermediário da Motorola passou de 4.000 mAh para 4.020 mAh. Realmente, pouca coisa.
Pelo menos o carregador é enviado na caixa; a fonte pulou de 30 para 33 watts de potência. Totalmente descarregado, o acessório faz o telefone alcançar a sua capacidade máxima (100%) em 1 hora; um tempo muito bom.
Falando de consumo de energia, os nossos testes foram feitos da seguinte forma: pela manhã, totalmente carregado, eu consumi duas horas de streaming, reservei 15 minutos para produzir fotos, depois joguei 30 minutos de Asphalt 9 e encerrei o teste com 1h de navegação na web. Depois disso, ainda sobraram 56%, um bom tempo considerando que ele estava no modo de 144 Hz e com brilho no máximo.
O Motorola Edge 30 é um bom intermediário premium. Não é ótimo porque a fabricante insiste em cometer erros que muitas pessoas já apontaram em aparelhos anteriores. A desanimadora política de atualizações, a ausência de resistência contra água e as decisões esquisitas com relação ao agrupamento fotográfico são alguns desses pontos.
O preço de lançamento de R$ 3.999 a prazo também não é muito generoso, mas, é compreensível, levando em conta a proposta e a sua ficha técnica mais potente. Isso, porém, não significa que vale a pena por esse valor. Afinal, o Galaxy A73 5G, que tem câmeras melhores e que receberá o Android 16, sai por menos de R$ 3 mil no varejo. O problema é que você perde o carregador rápido e a taxa de 144 Hz, então vale analisar.
Se o seu objetivo é ter potência suficiente para jogar títulos pesados, outras opções seriam o Poco M3 Pro 5G que tem o MediaTek Dimensity 700, um processador que eu gosto muito; e, principalmente, o Poco X3 Pro, equipado com o Snapdragon 860.
Para quem não abre mão da Motorola, apesar dos pesares, eu vejo o Edge 30 como uma boa opção. Ele é rápido, tem uma tela bem legal para a categoria e um design que não é feio. Eu tenho que admitir que acho este aparelho até mais interessante que o Edge 30 Pro. Para quem busca potência acima de tudo, o Edge 30 é um bom negócio.
Motorola Edge 30 | |
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Tela | OLED de 6,5 polegadas com resolução Full HD+ (2400 x 1080 pixels) e taxa de atualização de 144 Hz |
Processador | Qualcomm Snapdragon 778G+ 5G |
RAM | 8 GB |
Armazenamento | 256 GB |
Câmera traseira | – principal: 50 megapixels – ultrawide e macro: 50 megapixels – profundidade de campo: 2 megapixels |
Câmera frontal | 32 megapixels |
Bateria | 4.020 mAh, com recarga de 33 watts (carregador na caixa) |
Sistema operacional | Android 12 |
Conectividade | porta USB-C, 5G, 4G, 3G, 2G, Wi-Fi 6E, Bluetooth 5.2, GPS e NFC |
Mais | som estéreo, leitor de impressões digitais, reconhecimento facial e certificação IP52 |
Dimensões | 159,38 x 74,236 x 6,79 mm |
Peso | 155 gramas |